Relações sociais

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“RELAÇÕES SOCIAIS E SERVIÇO SOCIAL NO BRASIL” – ESBOÇO DE UMA INTERPRETAÇAO HISTORICO-METODOLOGICA Autora: IAMAMOTTO, Marilda Vilella. São Paulo, Ed. Cortez/Celats Parte – Proposta de Interpretação histórico metodológica Cap. 1 – O Serviço Social no processo de Reprodução das relações sociais parte II – Aspectos d Capítulo 1. A questã para a implantação d ial no Brasil 0 e 30 e as bases ocl or32 to view Cap. 2 cap. 3 Cap. 4 parte I _ Protoformas – Instituições assistenciais e serviço social – Em busca de atualização. roposta de interpretação histórico-metodológica. Capítulo 1 – O Serviço Social no processo de reprodução das relações Sociais. A autora ressalta que o Serviço Social é um tipo de especialização do trabalho coletivo, situado no interior da divisão sócio-técnica do trabalho. É portanto, um elemento que participa da reprodução das relações sociais (relações de classe) E do relacionamento contraditório entre as classes fundamentais expressando-se tanto no trabalho, na família, no lazer, na escola, no poder, como também na profissão.

A profissão Serviço Social é constituída a partir de dois ângulos que estão imbricados entre si, formando uma unidade ontraditória: como realidade vivida e representada na/e pela consciência de seus agentes profissionais, expressa pelo discurso teórico- ideológico sobre o exercício profissional; a atuação profissional como atividade socialmente determinada pelas circunstâncias sociais objetivas que conferem uma direção social à mesma e que condiciona e mesmo ultrapassa a vontade elou consciência de seus agentes individuais.

Ao ressaltamos apenas um ou outro desses ângulos, a autora afirma que estaremos acentuando de modo excludente, um pólo do movimento contraditório do concreto, sendo nesse sentido, nálises unilaterais (Serviço Social Conservador/Serviço Social Transformador são afirmativas mecanicistas e voluntaristas).

SERVIÇO SOCIAL TRANSFORMADOR AO superestimar a eficácia politica da atividade profissional, subestimamos o lugar das organizaçóes pol[ticas das classes sociais no processo de transformação da sociedade, enquanto sujeitos da história; por outro lado parece desconhecermos a realidade do mercado de trabalho e os objetivos do mandato institucional. O Serviço Soclal é necessariamente polarizado pelos interesses de tais classes, tendendo a ser cooptado por aqueles que tem uma aposição dominante.

Reproduza também, pela mesma atividade, interesses contrapostos que convivem em tensão responde tanto as demandas do capital como do trabalho e só pode fortalecer um o ela mediação de seu PAGF 32 lamamotto chama nossa atenção para um aspecto da realidade social que é a CONTRADIÇÃO; esta é o motor da história e é através da consideração de que as relações sociais se caracterizam pela contraditoriedade, que podemos apontar que os mecanismo de dominação e as necessidades da classe trabalhadora são duas faces de uma mesma moeda. ? a partir dessa compreensão que se pode estabelecer uma stratégia profissional e política, para fortalecer as metas do capital ou do trabalho, mas não se pode exclui-las do contexto da prática profissional, visto que as classes so existem inter relacionadas. É isso inclusive, que viabiliza a possibilidade de o profissional colocar-se no horizonte dos interesses das classes trabalhadoras.

O modo pelo qual a clientela do Serviço Social compreende o mundo e as relações a sua volta, é condicionado pelo lugar social que ocupam no processo de produção. A individualidade é tida como expressão/manifestação do seu ser social, de sua vida em sociedade. Por que surgiu essa profissão? O desenvolvimento das forças produtivas e as relações sociais engendradas nesse processo determinam novas necessidades sociais e novos Impasses que passam a exigir profissionais qualificados para o seu atendimento.

A intervenção profissional deveria estar pautada nos parâmetros de “racionalidade” e “eficiência” inerentes à sociedade capitalista. É portanto, no contexto do desenvolvimento do capitalismo industrial e da expansão urbana, que se coloca a necessidade do Serviço Social, enquanto mediador das classes fundamentais de então; burguesia industrial e proletariado fabril.

A questão social — enquanto manifestação no cotidiano da vida social, da contradição entre essas classes – servirá como base de justificação p PAGF 39 social, da contradição entre essas classes – servirá como base de Justificação para a ação do assistente social, para além da caridade da repressão. A pauperização absoluta ou relativa gera o fenômeno do lumpen-proletariado, que não será mais absorvido pelo mercado de trabalho.

A socialização dos custos de reprodução desta força de trabalho exige a presença do Estado no que se refere a constituição de políticas sociais. A autora volta a sinalizar que o Serviço Social não tem um caráter de autonomia: não se pode pensar à profissão no processo de reprodução das relações sociais independente das organizações institucionais a que se vincula, como se a atividade profissional se encerra em SI mesma e seus efeitos soclais derivassem, exclusivamente, da atuação profissional.

No processo de constituição de sua hegemonia, o Estado não pode desconsiderar por completo as necessidades/interesses das classes dominadas, como condição mesma de sua legitimação; a incorporação destas necessidades se dá de forma subordinada, ão afetando os interesses da classe captalista como um todo. No ingresso do Serviço Social como profissão, uma das pré- condições é a transformação de sua força de trabalho em mercadoria e de seu trabalho em atividade subordinada à classe capitalista. A mesma lógica que preside o trabalho da classe trabalhadora, também preside a intervenção do Serviço Social.

O Serviço Social não se afirma no mercado como profissional liberal por não dispor de condições objetivas para esta realização, ele necessita das pol[ticas sociais, de cunho público ou privado para o exercício profissional se concretizar. A autora sublinha que o Serviço Social não é função diretamente produtiva, ele participa, ao lado de outras profissões, da 2 Serviço Social não é função diretamente produtiva, ele participa, ao lado de outras profissões, da tarefa de implementação de condições necessárias ao processo de reprodução no seu conjunto, integrada como está a divisão sócio-técnica do trabalho.

A produção e reprodução capitalista inclui, também, uma gama de atividades, que não sendo diretamente produtivas, são indispensáveis ou facilitadoras do movimento do capital. Embora não sejam geradoras de valor, tornam mais eficiente o trabalho rodutivo, reduzem o limite negativo colocado à valorização do capital, não deixando de ser para ele uma fonte de lucro. Marilda situa o Assistente Social na sua condição de intelectual; para tanto se utiliza de Gramsci para subsidiar sua análise.

Cada classe possui seus próprios intelectuais, que tem o papel de contribuir na luta pela direção sócio-cultural destas classes na sociedade. O intelectual é o organizador, dirigente e técnico que coloca sua capacidade a serviço da criação de condições favoráveis à organização da própria classe a que se encontra vinculado. O Assistente Social na sua qualidade de intelectual, tem como instrumento de trabalho a linguagem; historicamente, não constitui atividade proeminente para essa categoria profissional a produção de conhecimento científico.

O Serviço Social emerge e se afirma em sua evolução como uma categoria voltada para a intervenção na sociedade. Marilda sublinha que a cisão entre trabalho intelectual e manual, que se desenvolve à medida que se aprofunda o capitalismo. O SIGNIFICADO DOS SERVIÇOS SOCIAIS A expansão dos Serviços Soclais, no século XX. está ligada ao desenvolvimento da noção de CIDADANIA; a uta pelos direitos ociais e perpassada pela luta contra o estigma do assistenciali PAGF s 9 CIDADANIA; a luta pelos direitos sociais é perpassada pela luta contra o estigma do assistencialismo, presente até os nossos dias.

Os Serviços Sociais nada mais são na sua realidade substancial, do que uma forma transfigurada de parcela do valor criado pelos trabalhadores e apropriado pelos capitalistas e pelo Estado, que é desenvolvido a toda a sociedade sob a forma de serviços sociais; assim, aparecem como BENEFÍCIO, expressão humanitária do Estado elou da empresa privada.

A generalização dos Serviços Sociais é expressão da vitória da lasse operária na luta pelo reconhecimento de sua cidadania na sociedade burguesa. O que é direito do trabalhador, reconhecido pelo próprio capital, é manipulado de tal forma, que se retorna um meio de esforço de visão paternalista do Estado, que recupera nesse processo o coronelismo presente na história política brasileira, agora instaurado no próprio aparelho do Estado.

RELAÇÕES SOCIAIS E O SERVIÇO SOCIAL Considerando a contraditoriedade presente nas relações sociais, Marilda ressalta a necessidade de uma reflexão sobre o caráter politico da prática profissional; essa reflexão é condição ara o estabelecimento de uma estratégia teórico-prática que possibilite, dentro de uma perspectiva histórica, a alteração do caráter de classe da legitimidade desse exercício profissional.

Os múltiplos e complexos problemas com as quais se depara a classe trabalhadora – fome, desemprego, miséria, doença – são expressão de questão social que por seu turno, corresponde as desigualdades oriundas de lógica capitalista de produção/ reprodução das mercadorias. No entanto, as pollticas sociais são constituídas a partir de dimensões particulares e particularizadas da situação de vida dos rabalhad PAGF 6 39 partir de dimensões particulares e particularizadas da situação de vida dos trabalhadores: saúde, educação, habitação, alimentação, etc.

Dessa forma, a fragmentação não permite ao trabalhador a aquisição de uma consciência mais coletiva sobre seus problemas. Na linguagem do poder, os “benefícios” sociais são algumas vezes denominado “salário indireto”, já que são encarados como uma “complementação salarial” preferível (para os patrões, é claro! ) à elevação real dos salários, à proporção que podem ser descontados total ou parcialmente dos “beneficiários” ou e impostos governamentais. Os Serviços Sociais tornam-se, portanto, um meio de reduzir os custos de reprodução da força de trabalho.

A rede de Serviços Sociais viabiliza ao capital uma ampliação de seu campo de investimentos, subordinando a satisfação das necessidades humanas às necessidades de reprodução ampliada do capital. A pauperização acentuada determina um ambiente fértil à demergência de utopias, de inconformismos que são potencialmente ameaçadores à ordem vigente. Controlar e prever as ameaças têm sido uma estratégia política do poder. (como o empobrecimento generalizado não tem solução nos arcos do capitalismo, o que o Estado faz é administrar e controlar a situação de descontentamento).

Os Serviços Sociais têm significados diferentes a partir da lógica de constituição das classes; para os capitalistas, representa um caráter complementar à reprodução da força de trabalho a menor custo; do ponto de vista dos representantes do trabalho, os Serviços Sociais respondem às necessidades legítimas, à medida que são, muitas vezes, temas de lutas político-reinvindicatórias da classe trabalhadora, no empenho de terem seus direitos sociais reconhecidos, como estratégia de

PAGF 7 9 trabalhadora, no empenho de terem seus direitos sociais reconhecidos, como estratégia de defesa de sua própria sobrevivência. SERVIÇO SOCIAL E REPRODUÇÃO DE CONTROLE E DA IDEOLOGIA DOMINANTE A autora sublinha que não é para subestimarmos a importância e a força desta profissão, pois ela é um instrumento auxiliar e subsidiário, ao lado de outros de maior eficácia pol[tica e mais ampla abrangência, na concretização do objeto sinalizado acima.

Utilizando-se da reflexão tecida por José de Souza Martins, a autora sublinha que, o modo capitalista de produzir supõe um odo capitalista de pensar, ou seja, não é a forma como pensa o capitalista, mas antes de tudo, a forma necessária de toda a sociedade pensar e agir, fundamental à reelaboração das bases de sustentação — ideológicas e sociais – do capitalismo.

Portanto, o controle social não se reduz ao controle governamental e institucional; é exercido, também, através de relações diretas, expressando o poder de influência de determinados agentes sociais sobre o cotidiano de vida dos indivíduos, reforçando a internalização de normas e comportamentos legitimados socialmente. Entre esses agentes nstitucionais encontra-se o profissional do Serviço Social. Importante ressaltar que a ideologia dominante é um meio de obtenção do consentimento dos dominados e oprimidos socialmente, adaptando os à ordem vigente.

Em outros termos: a difusão e reprodução da ideologia dominante é uma das formas de exercício do controle social. Há possibilidades de, no espaço da prática profissional, construir-se outras formas de pensar e agir? Marilda ressalta que a linguagem é o meio privilegiado através do qual se efetiva a peculiar ação persuasiva ou de controle por esse profissional. Trata-se de uma açã qual se efetiva a peculiar ação persuasiva ou de controle por esse profissional.

Trata-se de uma ação global de cunho sócio- educativo ou socializadora, voltada para mudanças na maneira de ser, de sentir, de ver e agir dos indivíduos, que busca a adesão dos sujeitos não sendo, no interior da categoria profissional, uniforme e unlVoco o direcionamento dessa ação, ele tem sido orientado, predominantemente, por uma perspectiva de integração à sociedade. A autora nos alerta que a compreensão do cotidiano não se reduz aos aspectos mais aparentes, triviais e rotineiros; se eles ão parte da vida em sociedade, não a esgotam.

O cotidiano é expressão de um modo de vida, historicamente circunscrito, onde se verifica não só a reprodução de suas bases, mas onde são, também gestados, os fundamentos de uma prática inovadora. Assim, o cotidiano não está apenas mergulhado no falso, mas referido ao possível. A descoberta do cotidiano é descoberta das possibilidades de transformação da realidade. Por isso, a reflexão sobre o cotidiano acaba sendo crítica e comprometida com o possível. O cotidiano é o “solo” da produção e reprodução das relações sociais.

O acesso que temos as histórias de vida dos sujeitos, muitas vezes se caracteriza por ser uma “invasão” de privacidade da “clientela”; situa-se aqui, a importância do compromisso social do profissional, orientado no sentido de solidarizar-se como o projeto de vida do trabalhador ou de usar esse acesso para objetivos que lhes são estranhos. Importante considerar que os organismos institucionais dependem da adesão, pelo menos passiva, de seus agentes, para a consecução das metas e estratégias de classe que implementam.

Se o Assistente social, enquanto trabalhador assalariado, dever responder às e ue implementam. Se o Assistente social, enquanto trabalhador assalariado, dever responder às exigências básicas da entidade que contrata seus serviços, ele dispõe de uma RELATIVA AUTONOMIA no exercicio de suas funções Institucionais; ele é co- responsável pelo rumo imprimido às suas atividades pelas formas de conduzi-las. A imprecisão quanto à delimitação das atribuições desse profissional pode ser um fator de ampliação da margem de possibilidade de redefinição de suas estratégias de trabalho.

A nova qualidade de preocupação com a prática profissional stá dirigida ainda a resgatar, sistematizar e fortalecer o potencial inovador contido na vivência cotidiana dos trabalhadores, na criação de alternativas concretas de resistência ao processo de dominação. Esse projeto traduz-se na confiança que move uma prática, na possibilidade histórica de criação de novas bases de vida em sociedade, assumido e subvertido em direção a um novo tempo.

Parte II – Aspectos da história do Serviço Social no Brasil Capítulos 1, 2, 3, 4 e considerações finais Um dos aspectos principais dessa obra que deve ser salientado é a preocupação em resgatar as fontes do pensamento marxiano, bjetivando apontar os alicerces da sociedade capitalista, sua lógica de ordenamento e seu viés de superação, bem como as estratégias do estado no que se refere ao gerenciamento/ administração de suas crises.

A profissão é pensada pela primeira vez em sua história a partir de sua insuprimível relação com a sociedade/realidade, num movimento sempre constante de verificação de seus conteúdos internos, seus compromissos político-ideológicos. É desse imbncamento com a realidade social que o Serviço Social retira sua dinamicidade e contabiliza as possibilidades e limites para s

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