Breve estudo da antropologia

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Mirela Berger – Breve Histórico da antropologia -Cronistas e viajantes Breve histórico da antropologia – Cronistas e viajantes Bibliografia básica: LAPLANTINE, François – “A pré história da antropologia: a descoberta dos viajantes do século XVI e a dupla resposta ideológica dada daquela época até nossos dias” (pg 37 a 54) e “O século XVIII: a p Invençao do conceito de Home Brasiliense, São Paulo, 1991 Bibliografia Complem ROCHA, E. O que é nder Antropologia, 0 o, Brasiliense, 1994.

TODOROV, Tzvetan – A Conquista da América: a questão do outro, São Paulo, Martins Fontes. Vimos na aula passada que a gênese da reflexão antropológica contemporânea á descoberta do Novo Mundo Com as Grandes Navegações, os espanhóis encontraram, além das terras, seus habitantes. – Como então lidar com a diferença? Como explicá-la? Tal questão tinha que ser respondida 10) Porque os homens necessitam de esquemas classificatórios que ordenem o que ele não entende esta necessidade é a base pesquisadores foi predominantemente de DOMÍNIO de etnias inteiras. Domínio dos portugueses: – desejo de enriquecer espanhóis – ser senhor no Novo Mundo (uma vez que muitos na tinham poder na Europa) idéia de uma inferioridade do índio – massacre Mirela Berger — Breve Histórico da antropologia —Cronistas e 2 – Haverá durante todo o período do século XIV até o século XVIII um debate que se desdobrará nos seguintes eixos: • Inferioridade X igualdade/superioridade do índio • Natureza X Cultura • Bom selvagem X Mau selvagem • Bom colonizador X Mau colonizador • Oposições Igualdade/desigualdade Identidade/diferença -Juristas, missionários, viajantes, filósofos, entre outros, darão diferentes articulações sobre estes termos e diferentes respostas ara o encontro com a diferença não são ainda respostas cientiTicas, são muito mais ideológicas, mas ainda assim, constituem o que a gente vai chamar de uma pré-história da antropologia. (pré-história porque será só no século XIX que a antropologia será considerada como uma ciência). – Debates: 1) Debate entre Genis de Sepúlveda (filósofo e jurista) e Bartolomé de Lãs Casas (Missionário domenicano e bispo de Chiapaz), na segunda metade do século XIV 1550 Espanha, em Valledielid) – Sepúlveda queria imprim que mostrava as razões propõe, pela oratória, a debater em público o tema. Só o discurso de Las Casas dura cinco dias.

No final, os juízes separam-se exaustos e não tomam nenhuma decisão, mas a balança pende para Las Casas, pois Sepúlveda nao consegue publicar o documento. Las Casas Pg 38: “Àqueles que pretendem que os índios são bárbaros, respondemos que estas pessoas tem aldeias, vilas, reis, senhores, e uma ordem política que em alguns reinos, é melhor do que a nossa (… ) Nós mesmos fomos piores” 3 Sepúlveda pg 39: “Tais nações são bárbaras e desumanas, estranhas à vida civil e aos costumes pacíficos. E será sempre justo e conforme o direito natural que stas pessoas estejam submetidas ao império de príncipes e de nações mais cultas e humanas que abandonem a barbárie e se conformem á uma vida mais humana”. inspiração nos princípios cristãos – Inspiração na Política de Aristóteles (384-322 *C) – mandamento de Cristo: Amarás ao – Guerra justa: os espanhóis devem dominar os próximo como a ti mesmo índios. – princípio aristotélico: dist 0 que Aristóteles, do dominio da perfeição religião indígena. sobre a imperfeição, da força sobre a fraqueza. – o traço mais característico dos índios – espanhóis – pais=marido=humanos ? a sua semelhança com os cristãos. Índios = – índios são obedientes e pacíficos – todas as nações tem feições meigas – índios são por natureza submissos; praticam o (mesmo em locais distantes entre si, canibalismo; sacrificam seres humanos, ignoram a como a Flórida e o Peru) religião cristã.

Portanto, 1) É legítimo sujeitar pela – estados psicológicos é tudo o que força aqueles que devem obedecer a outros, 2) É aparece nos relatos de Las Casas: legitimo banir o crime abominável de comer carne bons, paciTicos, pacientes, tranqüilos. humana, 3) É legítimo salvar inocentes do sacrifício nada se fala sobre a organização ritual, 4) a guerra contra os infiéis é justificada, pois social, política ou cultural abre caminho para a difusão da religião crista e Igualdade:L. C move-se no terreno da facilita o trabalho dos rmsslonanos. igualdade, mas a transforma em identidade do mesmo. hierarquia: Sepúlveda move-se no terreno da diferença, mas a transforma em desigualdade – Este debate se desdobrará depois nos seguintes termos: 2) 2. 1 – A figura do Mau Selvagem X 2. – A figura do Mau Mirela Berger – Breve His AGE 4 0 oologia -Cronistas e do europeu, fora da cultura, imersos na atureza (“uma outra espécie de bicho”). Vale lembrar que por mais absurdo que pareça, ás vezes, na atualidade, ouvimos “ecos” disto (Ex: programa de televisão aqui do estado, que na chamada colocou uma reportagem sobre os Índios de Aracruz na parte “Natureza”. O próprio termo “reserva indígena”, de acordo com o modo pelo qual é empregado, nós dá a sensação de que trata-se de uma espécie de “zoológico de gente”). – A pergunta que se fazia era: Será que o índio é homem ou é animal? Critérios para se responder a esta pergunta: 10 ) religião: tinham ou não alma? Podiam ou não ser convertidos o catolicismo? 20) aparência física: nudez/pele escura/sem pelos. 0) comportamentos alimentares: comer carne crua (imaginário do canibalismo) 40) inteligência: linguagem – falavam uma língua ininteligível 50) Estado: em geral, não possuíam organização estatal nos moldes europeus – eram acusados de serem “sem rei”. 60) organização familiar e sexualidade — familia extensa – sexualidade incontida – Incesto [ndios eram definidos não pelo que eles eram realmente, mas pela FALTA de elementos ocidentais: Sem lei, sem rei, sem moral, sem vergonha, sem razão… Eram, numa palavra, BESTIAIS É claro que hoje sabemos que tais critérios eram absolutamente ETNOCÊNTRICOS, ou seja, o europeu olhava a cultura indigena e a comparava coma sua, portanto, via o índio permanentemente falta. propria.

A única lógica possível na época ainda era a ocidental, branca, de elite Exs: Cornelius de Pauw – Pesquisas sobre os americanos ou relatos interessantes para servir á espécie humana (1774) • índios da América do Norte • A influêmcia da natureza sobre os índios é total e negativa • Embrutecidos pelo clima: “temperamento tao úmido quanto o ar e a terra onde vegetam” ?? Degradados moralmente: insensVeis, preguiçosos “os californianos vegetam mais do que vivem e somos tentados a recusar-lhes uma alma” • Pg 41: “Nosso Senhor permitiu que fossem atirados e banidos da face da terra” • “É uma glória dos reis espanhóis terem feito o índio aceitar um único Deus… ter tirado deles a idolatria, os sacrifícios humanos, o canibalismo, a sodomia… lhes mostramos os bons hábitos para se viver… isso vale mais do que as pérolas que tiramos deles… Friedrich Hegel – Introdução á filosofia da história Pg 45: África é a forma mais inferior de uma infra-humanidade Signo da FALTA: os negros não respeitam nada, nem a si próprios, fazem comércio de carne humana. Ferocidade inconsciente de si mesmos Selvageria em estado bruto Não tem moral, instituições sociais, religião, Estado.. Estão separados da humanidade or um fosso intransponível.

Negro: não é senão veget cree Hegel, “para o 6 0 -Cronistas e viajantes 6 2. 2 – A figura do Bom Selvagem e do Mau Civilizado. – idéia romântica do selvagem enquanto feliz, puro, protetor da natureza… – par é o mesmo: sujeito do discurso (civilizado) Objeto do discurso (o “natural”, selvagem). inversão: o que era vazio torna-se cheio. – principais representantes: • Cristóvão Colombo/ Américo Vespúcio (séc. XV) • Jean de Leo,’ e barão de Montaigne (séc XVI) • Jean Jacques Rosseau (séc. XVIII) • Romantismo (séc. XVIII) • xuxa (Séc XXD

Nenhum possui qualquer coisa que seja, pois tudo é colocado em comum. E os homens tomam por mulheres aquelas que lhe agradam, sejam elas sua mãe, Irma, ou sua amiga, entre as quais eles não fazem diferença… Eles vivem 50 anos. E não tem governo” – Cristóvão Colombo: “Eles são muito mansos e ignorantes do é o mal, eles nao sabem se matar uns aos outros (… ) Eu nao penso que haja no mundo homens melhores, como também não há terra melhor” Mas os índios ainda estão na natureza, são um apêndice bom da natureza — são inocentes Rosseau: “Os homens nascem bons, a sociedade é que os corrompe”. – ingenuidade original no estado de natureza. pensadores, filósofos, literários atares de teatro: índio como viajante Bouganville – Viagem ao redor do mundo, de 1980. 7 Idéia romântica do índio ainda é muito forte no nosso imaginário, mas um perigo para as populações Indigenas reais. O senso comum espera que o índio seja “protetor da floresta”, “amigo dos “engessamento” do índio, sequer percebe-se que animais” existem inúmeras diferenças entre as próprias nações indígenas. – Índio (ou o negro) que aparece nos dois discursos (tanto o do Bom Selvagem quanto o do Mal Selvagem) é uma representação do real e não o real ainda é uma ficção construída pelo observador (que não tem ainda uma formação antropológica). pg 52: ALTERIDADE FANTASMATICA que tem muita relação com a realidade.

Este outro que emerge é apenas um suporte do nosso imaginário. Não é o outro considerado em si mesmo e para si mesmo. Laplantine diz que “mal se olha para o índio (ou qualquer outro nativo). Olha-se a si mesmo nele”. – -Tarefa atual dade fato o nativo (seja ele qual for — o Guarani de Compreender antropologia: Aracruz, o Emo do shooping Vitória, as paneleiras de Goiabeiras, os quilombolas do morro São benedito, os Pomeranos, etc) através do modo como ele se vê e não do modo como eu o vejo. Hoje observa-se diretamente, em locais geográficos bem circunscritos, através de rigorosa pesquisa de campo e pergunta-se para o nativo quais são as lógicas específicas de sua comunidade. Objetivo da antropologia conquista e sim o 80F lógicas – registrar e veicular os modos de vida de modo a lutar contra a discriminação, o preconceito e o estigma. – Mas o caminho foi bem árduo e para entendê-lo ainda temos analisar: • O projeto antropológico do século XVIII • O tempo dos pesquisadores eruditos do século XIX 8 O século XVIII – A invenção do conceito de Homem séculos XIV ao XVI (Renascimento): 1 a interrogação sobre a existência múltipla do homem. Mas, que ainda não pode ser considerada cient[fica. – século XVII: a idéia de razão, de Cogitus é o centro das discussões e tudo o que não se encaixa na lógica da razão (loucos, crianças, selvagens, mulher) é considerado anormal e objeto menor da ciência Não podemos ainda falar de estudos antropológicos. vai ser no século XVIII que a discussão sobre o Homem será retomada Constituição de um projeto antropológico (e não sua realização) sobre o Homem, transformar a antropologia em ciencia. O projeto antropológico do século XVIII tem 4 pontos centrais: 1) Construção de um certo numero de conceitos: Homem enquanto objeto e sujeito do conhecimento 2) Construção de um saber de observação e não só de reflexão – o Homem passa a ser pensado em sua existência concreta: economia, religião, parentesco mitolo ia… – saber empírico e positivo bre o homem, uma – séc. XVIII: crise do humanismo europeu, demasiadamente calcado na razão. busca por novas possibilidades de se estar no mundo – reflexão sobre o particularismo, nao vai mais se falar em humanidade genérica O Homem X Os Homens ) Método INDUTIVO – até o séc. XVIII: método dedutivo — Deduzir: – conseqüência tirada de um princípio (nao se observa primeiro). – parte-se da causa para o efeito – do geral para o particular – Século XVIII: método INDUTIVO: – observar para concluir 9 – particular para o geral – grupos sociais podem ser considerados como sistemas naturais que devem ser estudados empiricamente, a partir da observação de fatos a fim de extrair princípios gerais. Natureza dos objetos observados (o que se observava) Saber Séc XVI – Busca cosmográfica (céu, terra, fauna, flora, 0 DF 10

Minuta de contrato promessa

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PROMESSA DE COMPRA E VENDA CONTRAENTES PRIMEIROS: -XXXXXX , portador do BI n. 0 MX XXXX de 12. 11. 1985,

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Agronegocio brasileiro

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Esclarecimento Metodológico: Este relatório considera os dados disponveis até o seu fechamento. Em edições futuras, ao serem agregadas informações mais

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