Case nissan

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Dotado de características pessoais que permitem considerá-lo um líder com traços carismáticos, o executivo brasileiro assume o desafio de resgatar a empresa japonesa de um meaçador déficit financeiro, tendo sido para tanto necessário romper com as amarras da tradição e a presença de processos extremamente burocráticos. Para a caracterização e análise do executivo brasileiro e da Nissan foi considerado o modelo de análise organizacional multidimensional-reflexivo de Alves (2003), que apresenta como fundamento a tipologia da ação social e os tipos ideais de dominação weberianos.

Comparando a gestão do brasileiro Carlos Ghosn e do seu antecessor, o japonês Y. Kume pode-se concluir, com base no modelo de análise utilizado, que a ntinomia liderança versus burocracia ocorre teoricamente para os tipos ideais, embora, na prática, os seus elementos se apresentem como contravenientes e não incompatíveis. Palavras chave: Modelo analítico. Tipos ideais. Multidimensionalidade.

Sendo assim, todo esforço de modelagem corresponde na intencional ênfase estinada a determinados aspectos e variáveis selecionados em detrimentos de outros. Especificamente, o modelo multidimensional-reflexivo (Alves, 2003), considera os componentes dos tipos puros de dominação como variáveis, que podem ser associadas entre si, sendo os mesmos componentes reelaborados e combinados de forma a garantir alguma originalidade e sendo o mesmo capaz de contribuir para a análise de organizações empresariais.

Dessa forma, espera-se que o modelo permita analisar configurações estruturais e administrativas em ambientes de profunda mudança. Este artigo aplica o modelo para o caso Nissan, considerando, principalmente, a atuação de seu principal executivo, o brasileiro Carlos Ghosn, com o propósito de entender o processo de mudança instituído na Nissan por este dirigente e especula sobre as perspectivas de organizacionaisadministrativas após a gestão de Ghosn.

O artigo abordará, inicialmente, os aspectos teóricos relaciona ‘a weberiana de ação social; em seguida será 0 caracterizado o modelo multidimensional-reflexi abordará, inicialmente, os aspectos teóricos relacionados à tipologia weberiana de ação social; em seguida será eberiana de ação social; em seguida será caracterizado o modelo multidimensional-reflexivo(OMR); seguindo-se de uma breve narrativa da trajetória históricocultural da Nissan.

Na seqüência, apresenta-se a aplicação do modelo ao caso em estudo, e finalmente algumas considerações sobre as possibilidades de estruturação organizacional da empresa japonesa após a gestão do brasileiro. 2 TIPOLOGIA WEBERIANA DE AÇÃO SOCIAL Analisar os fundamentos da tipologia weberiana de ação social representa um passo além do processo de compreensão dos conceitos principais relacionados a uma teoria desenvolvida por Max Weber.

Significa desvendar as sutis variâncias surgidas na sociedade alemã do início do século XX, induzidas pela implantação de um novo modo de produção e de acumulação de capital, e que foram determinantes na construção de um modelo de organização social. Como sociólogo, Weber distanciava seu foco de análise do seio produtivo das empresas, conseqüentemente da análise e determinação de técnicas eficientes de produção LINS, Daniel; CORREIA, Milka Alves.

O caso Nissan: superação da antinomia liderança versus burocracia. Internext – Revista Eletrônica de Negócios Internacionais, São Paulo, v. , n. 1 , p. 72-91 , jan. /jun. 2008. 74 e de gestão, atentando-se ao verdadeiro sentido que as organizações representavam no contexto de uma sociedade moderna e racional.

A racionalização, por conseguint a uma transformação social, acompanhada de um reordenamento de significados nas ações dos agente do assim, a análise do conteúdo das ações permitiria weberiana de ação social; em seguida serã caracterizado o modelo multidimensional-retlexivo(OMR); seguindo-se de moderna e racional. A racionalização, por conseguinte, representava uma transformação social, acompanhada de um eordenamento de significados nas ações dos agentes sociais. Sendo assim, a análise do conteúdo das ações permitiria o conhecimento de um dado fenômeno social.

Mantendo seu foco inicial na forma individualizada que os agentes forma individualizada que os agentes exerciam suas ações e interações na sociedade, Weber (1999) determinou quatro tipos principais de ação social: •ação racional no tocante aos fins – ação consciente, calculada e deliberada, correspondente à racionalidade instrumental, funcional ou técnica; •ação racional com relação a um valor – onde o ignificado do ato em si é maior que a reflexão sobre as suas conseqüências; •ação afetiva – determinada por estados emotivos do agente; •ação tradicional – estabelecida a partir de costumes consagrados no tempo.

Sua tipologia de ação social proporciona uma reflexão acerca da evolução social do comportamento humano em direção de uma maior racionalidade, ação racional no tocante aos fins. Desse modo, seus estudos procuraram identificar os principais fatores que poderiam estar relacionados com esse processo de racionalização da sociedade. A análise da ação social conduziu a tilização do conceito de tipo ideal.

Para Weber, o tipo ideal não significava o melhor ou ideal, representando somente características identificadoras de instituições sociais ou de comportamentos que serviriam de parâmetro de medição de similitudes e diferenças entre organizações. Para Weber, uma forma de entender as transformações causadas na sociedade moderna pelo capitalismo era procurar desvendar suas origens.

Primeiramente, foram encontrados vínculos entre as bases do Protestantismo, especialmente o Calvinismo, e os valores capitalistas, donde a vida profissional do omem é que lhe daria uma prova de seu estado de graça para sua consciência, expressando-se no zelo e no método, fazendo com que ele conseguisse cumprir sua vocação. Dessa maneira, o acúmulo de capital representaria mais do que uma virtude, significando, sobr 4 OF30 vocação. Dessa maneira, o acúmulo de capital representaria mais do que uma virtude, significando, sobretudo, a vertente eficiente de uma vocação, quase um dever do indivíduo.

O sentido ético da acumulação de capital expressava perfeitamente o espírito do capitalismo. No entanto, Weber, não se limitou a analisar as origens do capitalismo e sua comunhão de valores com o protestantismo. Em seus estudos, procurou investigar empiricamente assuntos de ordem econômica e sobretudo política. Sobre o aspecto político, destacam-se abordagens e análises críticas acerca da seleção burocrática dos líderes políticos na Alemanha dos Kaiser Guilherme I e II.

Outros conceitos e análises interpretativas da política tornaram-se clássicos nas ciências sociais. Para Max Weber, a política apresenta em seu conceito duas vertentes: uma geral e outra restrita. No âmbito geral, a política poder-se-ia considerar como qualquer tipo de liderança independente em ação. No âmbito mais restritivo, 75 a política corresponde à liderança exercida pelo Estado. Ao desvendar os principais elementos constituintes do Estado, Weber apresenta o conceito de autoridade e legalidade.

A existência do Estado vincula-se, primeiramente, a obediência de um grupo social à autoridade atribuída aos detentores do poder no Estado e, paralelamente, os membros detentores de poder no Estado devem ter sua autoridade reconhecida, legitimada pela sociedade. Desse modo, a utoridade apresenta-se em três tipos: a carismática, a tradicional e a racional-legal. Dito de out 5 OF 30 apresenta-se em três tipos: a carismática, a tradicional e a racional-legal.

Dito de outra maneira, para a sociologia weberiana, a motivação determinante para a obediência de uma dada ordem e sua conseqüente legitimidade decorrem de: •Tradição – Que legitima a obediência a certas pessoas cujo exercício do domínio se dá de um determinado modo; •Carisma – Consagração do extraordinário, preconizado na crença dos dominados, seguidores, no dom concedido a essoas excepcionais, líderes; •Burocracia – Fundamentada no estabelecimento de um estatuto legal, onde dominantes e dominados acreditam possuir legitimidade.

A estrutura patriarcal é uma das variantes do domínio com base na tradição, sendo considerada a forma mais universal e primitiva de legitimidade. Segundo Alves (2003),fundamenta-se na autoridade e no controle exercidos pelo pai, ou homem mais velho, sobre seus dependentes, sejam eles família, demais membros da casa e servos domésticos.

A autoridade do pai sempre existiu, sendo assim legitimada pelo status herdado no seio de uma família. Conservando os costumes, o respeito aos antepassados e o sentimento de lealdade pessoal ao senhor, ou patriarca, predomina nesta estrutura um estado de dependência mútua dos recursos existentes, tais como: instalações, alimentos, instrumentos de trabalho, fato que proporciona uma aproximação entre dependentes e patriarca.

A obediência apóia-se no respeito ao costume, à tradição, sendo permitido o exercício, embora limitado, da vontade pessoal do patriarca. Desse modo, segundo Alves (2003), o patriarcado se divide em uma área ligada à tradição (componente objetivo) e outra composta or elementos do livre arbítrio (parte subjetiva). Da relação entre tradição e livre arbítrio, Alves (20 6 OF30 livre arbítrio (parte subjetiva).

Da relação entre tradição e livre arbítrio, Alves (2003) classifica o patriarca em três categorias, as quais são atribuídas as seguintes expressões: 76 Patriarca “conservador” – quando prevalece a tradição; Patriarca “reformista” – quando prevalece o arbítrio; Patriarca “renovador” – quando existe um equilíbrio entre as áreas objetiva (voltada à tradição) e subjetiva (voltada ao livre arbítrio). Por carisma entende-se a variante do domínio que tem por base a afeição, fundamentada num indivíduo dotado de característica pessoal e intransferível, ao qual é preferível atribuí-lo o termo líder.

A expressão mais pura da dominação carismática encontra-se associada ao profeta, ao herói guerreiro e ao grande demagogo, estabelecendo-se uma relação de dominação líderseguidor. Obedece-se à pessoa, dotada de atributos pessoais admiráveis, e não ao cargo que ela exerça dentro de uma estrutura formalmente estabelecida. A forma de dominação fundamentada no carisma não se aracteriza como fonte de renda ou origem de lucro, esconsidere a possibilidade de dispor de recursos 30 materiais.

Assume uma aversão às leis, ao instituído, terna e todo tipo de orientação por regras. Sua lei se caracteriza como fonte de renda ou origem de lucro, embora não desconsidere a possibilidade de dispor de recursos materiais. Assume uma aversão às leis, ao instituído, à disciplina externa e todo tipo de orientação por regras. Sua lei se expressa por meio de sua vontade pessoal, o que lhe confereo título de revolucionário, que rompe com a tradição e om a norma, preconizando uma mudança de dentro para fora.

A impossibilidade de viver-se continuamente fora dos impossibilidade de viver-se continuamente fora dos ditames do cotidiano faz com que a liderança carismática, legitimada de forma afetivo-emocional, ceda posteriormente aos apelos da racionalidade, burocratizando-se; ou do costume, enfatizando a tradição (WEBER, 1974). Neste momento, os antigos seguidores do líder passam a ocupar cargos específicos, o que marca o encaminhamento para formas estruturais mais duradouras de dominação cotidiano- radicional e racional-legal, e a liderança passa a ser exercida de forma mitigada.

Uma organização burocrática encontra- se firmada em um conjunto de conceitos interdependentes (Motta e Vasconcelos, 2002): toda norma legal poderá ser estabelecida por acordo ou imposição, objetivando fins utilitários e valores racionais; obedece-se à lei e todos a respeitam na função de membros da associação; cada cargo inferior é controlado e supervisionado pelo imediatamente superior; para ser membro do quadro administrativo de uma associação, a pessoa deverá apresentar preparo técnico dequado; todos os membros do quadro administrativo não fazem apropriação particular dos recursos produtivos da associação, ao passo que dela recebem sua única, ou principal, fonte de recursos; todos os atos, decisões, normas e regulamentos devem ser registrados por meio de documentos escritos. 77 Para Weber, o tipo burocrático de organização administrativa é capaz de lograr um alto nível de eficiência, sendo o meio mais racional de dominação de agentes sociais.

Sua supremacia deriva do papel desempenha OF 30 de dominação de agentes sociais. Sua supremacia deriva do papel desempenhado pelo conhecimento técnico, tido como indispensável, o que legitima o tipo burocrático de organização independente do sistema econômico. Desse modo, a organização de um corpo administrativo qualificado proporciona as condições necessárias para a consecução dos objetivos da organização, por meio de rotinas, previsibilidade e racionalidade. Para Weber (1 999), o modelo capitalista representa a base econômica mais racional para a administração burocrática, alocando os recursos monetários por ela requeridos.

Por fim, adentrar nas origens e características da tipologia weberiana de ação social representa não apenas um importante passo na construção de um entendimento sistemático da obra de Max Weber. Proporciona uma reflexão sobre a utilização de sua obra como base para a consecução de outros constructos teóricos importantes para a análise e entendimento das organizações modernas, independente de sua natureza e objetivos. Com efeito, o modelo de análise utilizado neste estudo tem por fundamento o legado de Weber, embora não seja um estudo sobre seu pensamento e sua obra. Nele, a tipologia da ação social e os tipos ideais de dominação weberianos foram tomados como referência para gerar novos conceitos, idéias e configurações organizacionais.

Na seção seguinte, apresenta-se mais detalhadamente este modelo de análise. Caracterização do Modelo de Análise Para fins de análise organizacional, há de se reconhecer a contribuição dos modelos para abordar fenômenos que apresentam muitos aspectos ainda carentes de entendimento. Entretanto, segundo Alves (2003), pela complexidade e heterogeneidade que as organizações empresariais encerram, os esquemas classificatórios não g OF30 complexidade e heterogeneidade que as organizações empresariais encerram, os esquemas classificatórios não consideram todo o espectro de relações que se verificam no seu interior, entre elas e com o seu ambiente.

Hall (2004) também alerta sobre o perigo dos esquemas classificatórios quanto à simplificação excessiva, ou seja, embora algumas tipologias possam ser utilizadas em análises limitadas, como comparar organizações em termos de seus índices de rotatividade ou taxas de crescimento, tais classificações possuem somente uma unidade limitada; e por isso, acaba-se onhecendo somente um aspecto da organização e não a sua complexidade. Apesar desta limitação, as tipologias têm papel importante quando auxiliam os pesquisadores na análise das organizações, uma vez que permitem uma primeira aproximação com o objeto em estudo. Assim, é oportuno apresentar algumas das tipologias mais citadas na literatura especializada (Quadro 1 78 Quadro 1 – Tipologias organizacionais.

Diante destas e de outras opções, faz-se necessário explicar as razões que levaram a opção pelo modelo OMR como nstrumento analítico: esta é uma concepção teórica de um pesquisador nacional; é fundamentada na tipologia weberiana; utiliza mais de uma dimensão para análise; enfatiza de forma mais clara o condicionamento recíproco entre sistema e indivíduo; acolhe o exercício de um diálogo r que procura transpor conceitos correlatos entre disciplinas afins das ciências sociais.

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