Conhecimento sobre alimentos geneticamente modificados

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AVALIAÇÃO DO CONHECIMENTO, OPINIÃO E INTENÇÃO DE COMPRA DE ALIMENTOS GENETICAMENTE MODIFICADOS (GM) EM ESTUDANTES DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE. SIQUEIRA, Renata de Almeida MARCELLINI, Aline Mota Barros Resumo O desenvolvimento de modificação genética em alimentos tem sido um assunto de grande interesse público e de grandes controversias. Incertezas, riscos e beneficios relativos a biotecnologia têm sido amplamente divulgados. Contudo, existe compreensão limitada sobre os efeitos dessas inovações biotecnológicas.

Algu OF21 produtos geneticame e fatores, como condiç atitudes. O objetivo pinião e intenção d a aceitação de M afetada por diversos conhecimentos e conhecimento, da Universidade Federal de Sergipe (UBS) sobre os alimentos GM. O meio proposto para avaliar os entrevistados fol a partir de questionário auto preenchível; a amostra compreendeu a 390 estudantes que foram selecionados aleatoriamente, este trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética na Pesquisa da UBS.

A partir dos resultados observou-se um baixo conhecimento dos universitários, tendo 34,1% dos entrevistados apontando ter conhecimento acerca de produtos GM e uma alta aceitabilidade de produtos GM, com 9,9% dos entrevistados sendo favoráveis à mudanças. Foi proposto que os participantes apontassem a intenção de compra de alimentos GM (manga e banana), tendo a manga modificada 39,4% e a banana modificada 40,5% de aprovação. Foi observado que os estudantes não têm respaldo científico para opinar acerca da biotec biotecnologia.

Abstract The development of genetic modification in foods has been a subject of great public interest and great controversy. Uncertainties, risks and benefits of biotechnology have been widely disseminated. However, there is limited understanding bout the effects of biotechnological developments. Some authors suggest that acceptance of genetically modified (GM) products is affected by various factors such as socio-demographic conditions, knowledge and attitudes. The aim of this study was to evaluate knowledge, opinion and purchasing intentions toward GM food of the Federal University of Sergipe (UBS) students.

The means proposed to evaluate the respondents were from self- fulfilling questionnaire; the sample comprised of 390 students who were randomly selected. This study was approved by the IJFS Research Ethics Committee. From the results it was noticed a low nowledge of the undergraduates, with 34. 1% of respondents affirming to have knowledge about GM products and high acceptabilty of GM products, with 49. 9% of respondents in support for changes. The participants were asked to indicate their choice to purchase GM food (mango and banana), which the modified mango had 39. % and modified banana had 40. 5% of approval. It was noticed that students do not have scientific support for opinions about biotechnology. Palavras-chave: Modificação Genética, Biotecnologia, Conhecimento . Introdução A engenharia genética é descrita como a ciência a qual as aracterísticas de um organismo são deliberadamente modificadas pela manipulação do material genético, especialmente DNA e transformação de determinados genes para criar novas variações da vida. Através da manipulação PAGF transformação de determinados genes para criar novas variações da vida.

Através da manipulação do DNA em diversas formas, e com a sua transferência de um organismo para outro, é possível introduzir caracteres de quase qualquer microrganismo para uma planta, bactérias, vírus, ou mesmo para um animal. Esses organismos transgênicos estão agora programados para abricação de diversas substâncias, como enzimas, anticorpos monoclonais, nutrientes, hormônios, e diversos produtos farmacêuticos, incluindo medicamentos e vacinas (BROWN, 1996; CAMPBELL, 1996).

A área cultivada com plantas transgênicas avançou de 1,7 milhões de hectares registrados em 1996 para cerca de 90 milhões de hectares em 2005 (JAMES, 2005). As culturas transgênicas autorizadas em todo o mundo para comercialização são inúmeras, sendo as principais: soja, milho, algodão e canola (CAVALLI, 2001). De acordo com Ahmed, 2002, nos Estados Unidos, mais de 50% do algodão, 45% da soja e 40% do milho ultivados passaram por alguma alteração genética, e pelo menos 60% dos produtos industrializados contêm organismos geneticamente modificados (OGM).

A modificação genética permanece uma questão controversa. Entre cientistas, políticos e consumidores, pode-se encontrar aqueles que apóiam e apontam os benefícios, aqueles contrários que apontam os riscos, e, ainda, aqueles que são, em grande parte, indiferentes perante a tecnologia (CHRISTOPH et al. , 2008). Argumentos apresentados a favor ou contra a modificação genética também diferem em que área será aplicada. Muitos estudos (BREDAHL, 2001 ; GAMBIE et al. 2000; GRUNERT et al. , 2003; SABA e VASSALLO, 2002; TENBU L T et al. 2007) mostram que a atitude em geral é negativa, no qu PAGF 91 VASSALLO, 2002; TENBU ” LT et al. , 2007) mostram que a atitude em geral é negativa, no que se refere à aplicação da modificação genética na produção de alimentos. Já estudos realizados por FREWER et al. (1996) e TENBIJ L Tet al. (2005), fornecem provas de que, embora as pessoas apresentem em geral, atitudes negativas, em relação aos produtos geneticamente modificados (GM), as avaliações foram realizadas para produtos específicos e não incondicionalmente ssociados com a tecnologia global.

Por exemplo, alguns consumidores aceitam melhor a modificação genética quando esta envolve plantas, quando comparado aquela que envolve animais (FREWER et al. , 1996). Frewer et al. (1 997), argumentou que as preocupações éticas estão apenas associadas com aplicações que envolvem o uso de animais ou material genético humano, enquanto que em plantas e microorganismos o mesmo nao acontece. Segundo Zechendorf (1 994), a aplicação na área médica apresenta maior aceitação, dentre a população do Japão, do que na área alimentar.

A reação ública para a utilização da biotecnologia na produção de alimentos é determinada pela percepção dos riscos e beneficios de ambos os processos tecnológicos. Saba et al. (2000) mostraram que os beneficios prevalecem sobre os riscos, em geral, em relação a aplicações da engenharia genética na produção alimentar na Itália. Estudos anteriores demonstraram níveis baixos de entendimento do público quanto à aplicação da engenharia genética na produção alimentar (MARLIER, 1992), embora os baixos níveis de compreensão, não impeçam a formação da percepção de risco sobre a tecnologia (FREWER et l. 1994; HAMSTRA, 1991). H0ban e Kendall (1992) verificaram que, na população norte- 91 1994; HAMSTRA, 1991 Hoban e Kendall (1992) verificaram que, na população norte-americana pesquisada, os entrevistados foram mais favoráveis a biotecnologia, quando utilizada na redução dos preços dos alimentos, ao invés da sua utilização para a melhoria da qualidade dos alimentos. Outros consumidores aceitam melhor o uso de modificação genética quando é utilizada para reduzir o uso de pesticidas, do que quando utilizada na redução de preços (PEW INITIATIVE, 2003).

Gamble et al. 2000) sugerem que o efeito da modificação genética difere entre as categorias de produto. Os autores demonstram que a modificação genética é mais importante para os consumidores na avaliação de produtos quando se trata de maçãs do que quando se trata de biscoitos de chocolate. Assim, os autores sugeriram que, devido os biscoitos de chocolate já serem vistos como pouco saudáveis, os consumidores são indiferentes ao tipo de produção realizada, diferente do que ocorre com as frutas.

Na Alemanha, por exemplo, os consumidores recusam alimentos geneticamente modificados (GM). Dentre os ntrevistados, 40% não estão dispostos a comprar alimentos GM, mesmo se o alimento oferecer benefícios à saude ou ao ambiente (GASKELL, 2006). Em estudo realizado no Japão, Noruega, Taiwan e Estados Unidos, acerca da aceitação dos consumidores em relação aos alimentos GM observou-se diferenças de aceitação entre esses países (ZHONG et al. 2002).

Por exemplo, embora os consumidores noruegueses parecessem melhor informados sobre os alimentos GM, e uma porcentagem maior deles analisam alimentos geneticamente modificados como “muito seguro”, os consumidores noruegueses aceitam muito menos limentos GM do que consumidores norte americano s 1 os consumidores noruegueses aceitam muito menos alimentos GM do que consumidores norte americanos. Estudos realizados na China, Indonésia e Filipinas sugerem que a maior parte dos consumidores asláticos apresenta atitude positiva em relação a alimentos GM.

Os resultados indicaram que cerca de dois terços dos consumidores não só aceitam alimentos GM, como também acreditam que são fisiologicamente beneficiados com o consumo desses alimentos (ZHONG et ala, 2002). Li et al. , 2002 verificaram que consumidores em Pequim, a China, apresentaram opinião favorável em relação ao arroz e ao óleo de soja GM, dois produtos que são base em sua dieta. Na Argentina existem controvérsias entre os grupos produtores. Alguns vêem a biotecnologia como um meio de beneficiar a agricultura e as zonas rurais, já outros consideram uma séria ameaça (LONGONI, 2003; SCALETTA, 2003).

A aceitabilidade de um produto GM é afetada por diversos fatores, como condições sociodemográficas, conhecimentos, atitudes e percepções dos consumidores, como escreveu Hoban em 1 997 “a baixa aceitação de produtos geneticamente odificados é resultado de consumidores com pouco conhecimento sobre biotecnologia”, resultado que também foi encontrado por Ganiere et al. (2006). Contudo, Scholderer e Frewer (2003) verificaram que as informações adicionais sobre biotecnologia diminuíram a aceitação.

Tal estudo corrobora com os resultados obtidos por Onyango et al. (2004), que descobriu que as pessoas com bons conhecimentos em tecnologia são mais susceptíveis de serem opositores da biotecnologia. O objetivo desse trabalho foi avaliar o conhecimento, a opinião e a intenção de compra dos estudantes da Universidade Federal de Sergipe (UBS) sob onhecimento, a opinião e a intenção de compra dos estudantes da Universidade Federal de Sergipe (UFS) sobre os alimentos geneticamente modificados. 2.

Materiais e Métodos O presente trabalho trata-se de um estudo transversal, que teve como público alvo os estudantes da Universidade Federal de Sergipe que aceitaram participar da pesquisa, independente do curso e período que se encontravam. A amostra foi selecionada por conveniência. O meio proposto para avaliar os conhecimentos relativos ? Modificação Genética foi a utilização de questionário. Tal questionário foi elaborado com base em outros pré-existentes, e inda, de acordo com a literatura disponlVel.

Este apresentou questões objetivas referentes ao conhecimento e opinião do uso de modificação genética na produção de alimentos, conhecimento geral sobre genética, sobre alimentos GM comercializados no Brasil e a intenção de comprar alimentos GM. O questionário foi aplicado de forma auto-preench[vel. O presente estudo foi executado de outubro de 2008 a maio de 2009. Para o cálculo amostral, a amostra foi considerada infinita do ponto de vista epidemiológico. Portanto o número final de estudantes entrevistados foi de 390 estudantes (MEDRONHO, 2004). ra a tabulação e análise dos dados obtidos com os questionários foi utilizado o programa estatístico Epi INFO, versão 3. 4, no qual as análises estatísticas descritivas, e testes de associações (teste do qui-quadrado) foram executados. Cumprindo a Resolução no. 196/96, do Ministério da Saúde, que versa sobre Pesquisa Envolvendo Seres Humanos no Brasil, o projeto do presente estudo foi submetido e aprovado no Comitê de Ética na pesquisa da Universidade Federal de Sergipe, PAGF 7 submetido e aprovado no Comitê de Ética na Pesquisa da Universidade Federal de Sergipe, sob o número CAAE 0033. . 107. oo-og. 3.

Resultados e Discussão Foram entrevistados 390 estudantes da Universidade Federal de Sergipe, sendo 57,2% do sexo feminino e 42,8% do sexo masculino. Os universitários entrevistados compreenderam as áreas de: humanas com 18,4%, exatas com 31 e biológicas e da saúde com 50,2%, a faixa etária foi de 17 a 52 anos. Quanto ao perfil econômico, 38,8% dos entrevistados afirmam possuir renda de até 5 salários mínimos (salário mínimo em março e abril de 2009 era R$ 450,00). primeiramente, foi questionado a cada um dos participantes o grau de conhecimento acerca dos alimentos geneticamente odificados. A Tabela 1 apresenta tais resultados.

Tabela 1 – Avaliação Do Conhecimento Sobre Alimentos Geneticamente Modificados. Afirmativas I % Completamente desinformado sobre o assunto 3,4% Bastante desinformado sobre o assuntol 8,8% | igeiramente desinformado sobre o assunto 9,6% | Mais ou menos informado sobre o assunto | Ligeiramente informado sobre o assunto | 29,7% Bastante informado sobre o assunto 3,9% | Profundamente informado sobre o assunto 0,5% Dentre os entrevistados, 34,1% confirmam ter conhecimento sobre modificação genética em alimentos (Tabela 1), já que ocalizaram o seu conhecimento entre “ligeiramente informado” a “profundamente informado” no assunto.

A Tabela 2 indlca a opinião dos entrevistados sobre a utillzação da modificação genética na produção de alimentos. Tabela 2 – Opinião Sobre O uso De Modificação Genética Na Produção De Alimentos. Totalmente fa De Modificação Genética Na Produção De Alimentos. Totalmente favorável 5,0% Regularmente favorável | 17,5% | igeiramente favorável | 27,3% | Nem favorável nem contrario 26,3% | igeiramente contrário | 13,8% | Regularmente contrário | 5,3% | Totalmente contrário 4,8%

Avaliando a Tabela 2, observa-se que 49,8% dos entrevistados são favoráveis ao uso de modificação genética para a produção de alimentos, pois apontaram sua opinião entre “totalmente favorável” a “ligeiramente favorável” Verificou-se associação estatisticamente significante entre conhecimento sobre alimentos GM, e a opinião sobre o uso de modificação genética em alimentos onde o valor de qui-quadrado encontrado foi de 84,69 e o de p foi menor que 0,0001 Nenhum dos entrevistados que alegaram estar profundamente informados sobre modificação genética dos alimentos são avoráveis ao seu uso e dentre os que apontaram o conhecimento em completamente desinformados, 1 5,4% alegam ser totalmente favoráveis ao uso de modificação genética na produção de alimentos.

De acordo com Mei, 2006, alguns consumidores resistem aos alimentos geneticamente modificados porque podem conter um gene animal, violando assim as suas crenças religiosas ou o estilo de vida vegetariano. Estudos realizados por Lusk e Sullivan, (2002) relataram que o nível de conhecimento sobre alimentos geneticamente modificados influencia na aceitação desses alimentos. Em seus studos, realizados nos Estados Unidos, participantes que declararam não ter qualquer conhecimento sobre alimentos geneticamente modificados tinham um maior grau de aceitação destes produtos alimentares do que os inqu destes produtos alimentares do que os inquiridos que declararam ter algum conhecimento. Já Boccaletti e Moro (2000), e Vilella- Vila et al. 2005) discordam do resultado deste estudo, POIS demonstraram a associação direta entre o conhecimento e as atitudes, revelando que existe uma relação direta e positiva entre um maior conhecimento da tecnologia e um crescente apoio as plicações da modificação genética. Como forma de verificar os conhecimentos acerca de genética foi questionado aos entrevistados que assinalassem: verdadeiro, falso ou não sei em três afirmativas, que são apresentadas na Tabela 3. Tabela 3 – Avaliação Sobre Genética. Afirmativas I Verdadeiro % Falso% I Não sei% Tomates convencionais não contêm genes, mas os GM contém. 8,8 72,1 19,1 Se uma pessoa come uma fruta GM, seus genes podem se modificar. 74,5 16,0 Os alimentos GM dispensam o uso de agrotóxicos. 9,4 | 34,9 | 25,7 | Acerca da primelra afirmativa observa-se que 27,9% dos articipantes não haviam conhecimento que a mesma é falsa. A segunda afirmativa revela que 25,5% dos participantes acreditam que o simples fato de se alimentar de uma fruta geneticamente modificada é capaz de alterar os genes de quem a consumiu, o que também é falso. É importante ressaltar que 50% desses participantes relataram anteriormente que são profundamente informados sobre alimentos GM. Na terceira afirmativa observa- se que 65,1% desconhecem que alimentos geneticamente modificados não dispensam o uso de agrotóxicos. A Tabela 3 confirma o baixo conhecimento sobre a modificação genética em alimentos, principalmente no

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