Crack como lidar com isso

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O crack: como lidar com este grave problema Texto produzido pela Coordenação Nacional de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas do Ministério da Saúde, em 15 de dezembro de 2009. Coordenação Nacional de Saúde Mental, Álcool & Outras Drogas Breve panorama do crack O panorama mundial da difusão do uso do cloridrato de cocaína (pó) por aspiração intranasal esteve associado, a partir da década de 60, à falta de algumas drogas no mercado, como a anfetamina e a maconha, devido às ações repressivas.

Contudo, o alto preço do produto levou usuários de drogas à descoberta de outras formas de enor duração. Des ora ensos, apesar de 980, aparecem novas drogas obtidas • d loridrato de to view next*ge cocaína com ingredie Tempos depois, surg tos e tóxicos. arma fumável de cocaína, disseminando-se no Brasil, oficialmente a partir de 1989, alastrando-se atualmente, em varias segmentos sociais de gênero, sexo, idade e classe social. Na produção de crack não há o processo de purificação final.

O cloridrato de cocaína é dissolvido em água e adicionado em bicarbonato de sódio. Essa mistura é aquecida e, quando seca, adquire a forma de pedras duras e fumáveis. Além dos alcalóides de cocaína e icarbonato de sódio, essas pedras contêm as sobras de todos os ingredientes que já haviam sido adicionados anteriormente durante o refino da cocaína. As pedras de crack são vendidas já prontas para serem fumadas. Sua composição conta com uma qua Swlpe to vlew next page quantidade imprecisa de cocaína, suficiente para que possa produzir efeitos fortes e intensos.

Além disso, para obter a produção final do crack são misturadas à cocaína diversas substânclas tóxicas como gasolina, querosene e até água de bateria. O uso disseminado do crack no mundo das drogas está relacionado a vários fatores que levaram a uma grave ransformação, tanto na oferta quanto na procura. De um lado, o controle mundial repressivo sobre os insumos químicos necessários a sua produção – como éter e acetona – leva os produtores a baratear cada vez mais sua fabricação, com a utilização indiscrmlnada de outros ingredientes altamente impuros.

Quanto mais barata sua produção, mais rentável é sua venda. por outro lado, o crack representa para a população usuária de drogas um tipo de cocaína acessível, pois vendido em pequenas unidades baratas, oferece efeitos rápidos e intensos. Entretanto, a desejada intoxicação cocaínica proporcionada pelo rack provoca efeitos de pouca duração, o que leva o usuario a fumar imediatamente outra pedra. Esse ciclo ininterrupto de uso potencializa os prejuízos à saúde física, as possibilidades de dependência e os danos sociais.

A inovação no mercado das drogas com a entrada do crack atraiu pequenos traficantes, agravou ainda mais a situação, com o aumento incontrolável de produções caseiras, se diferenciando conforme a região do país. À cocaína é misturada uma variedade incerta de reagentes químicos em sua preparação. O desconhecimento quanto a sua composição pode dificultar, muitas vezes, as intervenções mergenciais de cuidados à saúde nos casos de intoxicação aguda PAGFarl(F7 muitas vezes, as intervenções emergenciais de cuidados à saúde nos casos de intoxicação aguda sofrida por alguns usuários.

Tais condições, porém, não impossibilitam o desenvolvimento de ações voltadas à saúde e ao bem-estar social da referida população. Formas de uso e seus efeitos O crack é fumado por ser uma forma mais rápida (e barata) de a droga chegar ao cérebro e produzir seus efeitos. A pedra é quebrada e fumada de diversas maneiras e em diferentes recipientes: enrolada no cigarro de tabaco ou misturada na aconha – forma que parece amenizar psiquicamente os efeitos maléficos da droga, como o sentimento de persegução, a agitação motora e posteriormente a depressão. ? também fumado em cachimbos improvisados feitos em tubos de PVC ou em latas de alumínio muitas vezes coletados na rua ou no lixo, apresentando possibilidades de contaminação infecciosa. O uso de latas favorece a aspiração de grande quantidade de fumaça pelo bocal, promovendo intoxicação pulmonar muito intensa. São vários os tipos de danos causados pelo uso de crack. Além dos problemas respiratórios pela inspiração de artículas sólidas, sua ação estimulante leva à perda de apetite, falta de sono e agitação motora e, a dificuldade de ingestão de alimentos pode levar à desnutrição, desidratação e gastrite.

Podem ser ainda observados sintomas físicos como rachadura nos lábios pela falta de ingestão de água e de salivação, cortes e queimaduras nos dedos das mãos e às vezes no nariz, provocados pelo ato de quebrar e acender a pedra, além de ficar o usuário mais exposto ao risco social e de doenças. Dados epidemiológicos O cenário PAGF3rl(F7 de ficar o usuário mais exposto ao risco social e de doenças. O cenário epidemiológico do crack no Brasil, segundo o CEBRID, aponta: 1. População geral, cidades com mais de 200. 000 habitantes (2001 e 2005) 2001 Homens Crack: uso na vida 0,7 Mulheres -rotai Homens 2005 Mulheres -rotai 0,7 2.

Estudantes de 10 a 19 anos, ensino fundamental e médio da rede pública de ensino, (2004) – padrão de consumo de crack Padrão de uso Uso na vida Uso no ano Uso no mês Uso frequente* 6 ou mais vezes nos últimos 30 dias Uso pesado* 20 ou mais vezes 3. Crianças e adolescentes, de 9a 18 anos, em situação de rua (27 capitais brasileiras – 2003). Uso no ano Uso no mês 8,6% 5,5% Gestores de saúde mental relatam aumento no consumo de crack em regiões que não apresentavam consumo significativo da droga, em especial no nordeste e nas cidades fora dos grandes centros urbanos.

O aumento parece estar relacionado com o baixo custo e as características dos efeitos procurados, embora sejam necessários estudos e pesquisa sobre a influência desses ou outros fatores. Atenção integral em saúde e saúde mental aos usuários de crack Como todo uso de drogas está associado a fatores biopsicossociais, o consumo de crack não é diferente. Além dos problemas físicos iá d de ordem psicológica, or drogas e, ainda, podendo chegar à realização de pequenos delitos para a aquisição da droga.

Há controvérsia se tais condutas socialmente desaprovadas têm relação com o estado de “fissura” para usar ou se resulta da própria intoxicação. A unanimidade é que o usuário desemboca numa grave e complexa exclusão social. As abordagens ao usuário de crack exigem criatividade, paciência e respeito aos seus direitos, enquanto cidadão, para superar seu estado de vulnerabilidade, riscos, estigma e marginalização. Estratégias preventivas podem ser levantadas não somente entre esse novo grupo, como também irigidas àqueles usuários que, por algum motivo, ainda não se aventuraram nesse tipo de droga.

O atendimento ao dependente de crack deve considerar alguns Importantes critérios: 1 O usuário que não procura tratamento: a ele devem ser dirigidas estratégias de cuidados à saúde, de redução de danos e de riscos sociais e à saúde. As ações devem ser oferecidas e articuladas por uma rede pública de serviços de saúde e de ações sociais e devem ser feitas por equipes itinerantes, como os consultórios de rua, que busquem ativamente ampliar o acesso aos cuidados em saúde e em saúde mental destes usuários. A erspectiva dessa abordagem objetiva os cudados da saúde como também as possibilidades de inserção social. . A porta de entrada na rede de atenção em saúde deve ser a Estratégia de Saúde Família e os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS). Estes serviços especializados devem ser os organizadores das demandas de saúde mental no território. Os CAPS devem dar apoio especializado às ESF, fazer articulações intersetoriai mental no território. Os CAPS devem dar apoio especializado às ESF, fazer articulações intersetonais (educação, assistência social, justiça, cultura, entre outros) e encaminhar e acompanhar os suános à internação em hosp•tais gerais, quando necessário. 3.

Quando o usuário acessa as equipes de saúde e de saúde mental,é necessária uma avaliação clínica das suas condições de saúde física e mental, para a definição das intervenções terapêuticas que devem ser desenvolvidas. É importante que se faça uma avaliação de risco pelas equipes de saúde para se definir se é necessária ou não a internação. 4. A internação deve ser de curta duração, em hospital geral da rede pública, com vistas à desintoxicação associada aos cuidados emergenciais as compllcaçbes orgânicas e/ ou à presença de algum tipo de co-morbidade desenvolvida com o uso. ? concebível e muito comum que usuários de crack, ainda que num padrão de uso preocupante, resistam à internação e optem pela desintoxicação e cuidados clínicos em regime aberto, acompanhado nos CAPSad por uma equipe interdisciplinar, nos niveis de atendimento intensivo, semi- intensivo e até o não intensivo. Nesse caso, a boa evolução clinica, psíquica e social dependerá da articulação inter e intrasetorial das redes de apoio, inclusive e se possível, com mobilização familiar. 5.

A decisão pela internação deve ser ompreendida como parte do tratamento, atrelada a um projeto terapêutico individual e, assim como a alta hospitalar e o pós-alta, deve ser de natureza interdisciplinar. Intervenções e procedimentos isolados mostram-se ineficazes, com pouca adesão e curta duração, a PAGFsrl(F7 Intervenções e procedimentos isolados mostram-se ineficazes, com pouca adesão e curta duração, além de favorecer o descrédito e desalento da família e mais estigma ao usuário. 2. Silveira, DX, Labigalini E. e Rodrigues, LR Redução de danos no uso de maconha por dependentes de crack.

In: SOS crack prevenção e tratamento. Governo do Estado de São Paulo, 1998. 3. Andrade, AG, Leite, MC e col. Cocaína e crack: dos fundamentos ao tratamento. Porto Alegre: Artes Médicas, 1999. 4. Governo de São Paulo. SOS crack: prevenção e tratamento, diretrizes e resumos de trabalhos, 1999. 5. Silva, SL. Mulheres da luz: uma etnografia dos usos e da preseNação no uso do crack. 2000. Estratégias de intervenção e cuidados da rede de saúde: 1 . Avaliação interdisciplinar para cuidados clínicos (e psiquiátricos, se necessário). 2. Construção de Projeto Terapêutico Individual, articulado inter e intrasetorialmente. 3.

Atenção básica (via ESF NASF, com participação de profissionais de AD). 4. CAPSad – acolhimento nos niVeis intensivo, semi-intensivo até não intensivo. 5. Leitos em hospital geral. 6. Consultórios de rua, casas de passagem. 7. Estratégias de redução de danos. 8. Articulação com outras politicas públicas: Ação Social, Educação, Trabalho, Justiça, Esporte, Direitos Humanos, Moradia. Referências bibliográficas de consulta: 1 . Domanico, A. & MacRae, E. Estratégias de Redução de Danos entre Usuários de Crack. In: Silveira, D. X. & Moreira, F. G. Panorama Atual de Drogas e Dependências. São Paulo: Ed. Atheneu, 2006..

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