Crianças com cancer

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O brincar da criança com câncer no hospital: análise da produção cientifica Children with cancer at play in hospital: analysis of scientific production Adriano Valério dos Santos Azevêdo Universidade Federal de Sergipe, Núcleo de Pós-Graduaçáo em Psicologia Social. Cidade Universitária Prof. Aloiso de Campos, Av. Marechal Rondon, s/n. , Jardim Rosa Elze, 49100-000, São Cristóvão, SE, Brasil. E-mail: 2 p RESUMO O presente artigo objetivou analisar a produção cientifica nacional e internacional acerca do brincar da criança com câncer no hospital.

Foram realizadas consultas em bases de ados eletrônicas e capítulos de livros, para selecionar os estudos publicados no período de 2000 a 2010. Verificou-se que os estudos empíricos utilizam o método qualitativo com delineamento transversal. Essas pesquisas apontam os efeitos positivos da implantação de projetos lúdicos, aí incluída a música. Os estudos relatam as vivências da criança no brincar e as possibilidades de enfrentamento da hospitalização, além de apresentarem a perspectiva dos acompanhantes e da equipe de saúde.

Nesse sentido, tais pesquisas nao só orientam a assistência à criança com câncer na área da psicologia pediátrica, as também contribuem para o entendimento de aspectos específicos do brincar no hospital, relacionados à qualidade de production in respect of children with cancer at play in hosp•tal. Queries of the electronic databases and chapters from books were performed in order to select studies published in the period between 2000 and 2010. It was ascertained that the empirical studles had used the qualitative method with a cross-sectional study.

The research shows the positive effects of implementing ludic projects, the experiences of children at play and the ability to cope with hospitalization, contributions related to the pplication of music and the perspectives of companions and the team of health professionals. The benefits of the ludic resources highlighted in the scientific studies provide guidance in helping the Child with cancer in the area of pediatric psychology and contribute to the understanding of specific aspects of play in the hospital related to the quality of life and humanization.

Uniterms: Recreation. Child wild cancer. Child hospitalized. Diante de uma doença, as crianças apresentam mudanças no contexto global do funcionamento orgânico e psicológico, desenvolvendo formas de enfrentamento quando um significado ? atribuído nessa situação (Valle, 2001 A vivência de uma doença crônica no universo infantil representa um aspecto relevante para investigações acerca do papel do brincar no hosp tal.

O brincar contribui para melhorar a qualidade de vida da criança no período de hospitalização, amenizando as repercussões do adoecimento na esfera ps[quica e na ffsica, e atenuando os impactos negativos provenientes da ruptura do contexto sociofamiliar e dos procedimentos utilizados no tratamento. O câncer é uma doença que se desenvolve nos genes das células, com uma capacid 22 tratamento. om uma capacidade de proliferação para originar tumores em áreas específicas do corpo humano (Yamaguchi, 1994). De acordo com Borges et al. 2006), câncer é uma denominação genérica, abrangendo um conjunto de doenças com múltiplas causas e alternativas de tratamento e prognóstico. As causas podem ser consideradas numa perspectiva multifatorial, englobando fatores genéticos e mudanças nos hábitos de vida dos indivíduos. Dados epidemiológicos do Instituto Nacional do Câncer (2008) apontam a doença como a terceira causa de morte no país, um índice significativo que é atribuído ao comportamento alimentar nadequado, ao processo de envelhecimento e ao stress.

Percebe-se a importância dos programas de saúde pública, com foco na prevenção dos fatores de risco da doença, e da atuação qualificada do psicólogo no acompanhamento hospitalar de pacientes com câncer – de forma especifica direcionando a atenção para as crianças, visando facilitar o manejo das consequências oriundas da hospitalização e do tratamento invasivo.

As crianças hospitalizadas por periodo superior a cinco dias apresentam tendência para desenvolver transtornos psicológicos, dependendo das experiências anteriores de internação, do uadro clínico, do tipo de vínculo estabelecido com a família e da idade (Dias, M. N. Baptista & AS. D. Baptista, 2003). Chiattone (2003) destacou que, nos dois primeiros anos de vida, as crianças apresentam dificuldades para permanecer hospitalizadas, devido às características do ambiente hospitalar: paredes lisas, níveis variados de iluminação, pessoas estranhas, aparelhos específicos para a realização de exames.

Esses fatores devem ser avaliados pelo psicólogo para realizar orientações j exames. Esses fatores devem ser avaliados pelo psicólogo para ealizar orientações junto à família e à equipe de saúde, quando a criança apresenta mudanças comportamentais secundárias a sua inserção no hospital. Além disso, o conhecimento da patologia e do prognóstico permite que estratégias de intervenção sejam utilizadas pelo psicólogo.

No hospital, as pessoas recebem o nome de pacientes, são identificadas por números e prontuários, utilizam uniformes e recebem atendimento de diversos profissionais de saúde. A criança encontra-se assustada com as mudanças que ocorrem a partir da sua inserção nesse ambiente, em virtude das regras stabelecidas pela instituição e da manipulação em seu corpo, realizada pelos profissionais do setor (Oliveira, Dias & Roazzi, 2003).

Essas ocorrências, associadas às sensações de fraqueza, representam para a criança uma ameaça a sua condição humana, e os procedimentos da equipe de saúde provocam medo e são considerados dolorosos, devido ao controle e forma de avaliação. As reações da criança no período de internação propiciam o desenvolvimento de quadros ansiosos, decorrentes da separação da família, do surgimento da patologia e da admissão no ambiente hospitalar (Lindquist, 1993). Dessa forma, é preciso refletir sobre quais estratégias podem ser utilizadas para minimizar o impacto proveniente do processo de hospitalização.

Na literatura científica, relatos de pesquisas apresentaram as contribuições das intervenções lúdicas para crianças hospitalizadas (Chiattone, 2003; Lindquist, 1993; Motta & Enumo, 2004; Pérez-Ramos, 2006). De acordo com Carvalho e Begnis (2006), a criança no hospital percebe a ameaça de morte diante das alterações fisiológicas no seu quadro clinico, sendo necessário construir um ambiente seguro para prom 4 22 isiológicas no seu quadro clínico, sendo necessário construir um ambiente seguro para promover de forma saudável a continuidade do ciclo evolutivo através do brincar.

Acredita-se que o enfrentamento das repercussões psicológicas da doença é favorecido com a utilização do lúdico, principalmente com a abordagem em grupo, integrando as crianças e seus familiares para proporcionar momentos de satisfação e de reorganização das experiências. A criança hospitalizada com câncer necessita de uma equipe multiprofissional e de um espaço para expressar suas emoções, visando compreender a sua vivência por meio das tividades lúdicas que auxiliem a promoção da saúde integral.

O processo de hospitalização e a doença interagem na vivência da criança, sendo relevante desenvolver intervenções preventivas para minimizar as consequências provenientes da doença orgânica, as quais dificultam o tratamento e a adesão aos procedimentos necessários para sua recuperação (Ribeiro & Angelo, 2005). Nesse contexto, a utilização do brincar no hospital promove uma ação terapêutica, além de auxiliar na atenção integral às necessidades da criança.

Os estudos acerca do brincar apontam a importância desse ecurso para estimular as funções cognitivas e desenvolver habilidades nas crianças, por considerar que a atividade lúdica não se resume a entretenimento e diversão (Bomtempo, 1987; Bomtempo, Hussein & Zamberlan, 1986). Antes, trata-se de uma prática educativa, que orienta a criança para o entendimento do mundo real e imaginário.

Na perspectiva histórico-cultural de Leontiev (1998), o brincar representa o principal recurso para o desenvolvimento da criança nas relações sociais, o que permite facilitar a percepção de sujeito inserido no espaço social, bem como a compreensão acerca de suas omo a compreensão acerca de suas atitudes por meio dos jogos simbólicos.

No mesmo sentido, Vigotski (1998) estabelece correlações entre brincar, desenvolvimento e aprendizagem, evidenciando que as atividades lúdicas permitem recriar as experiências com a imaginação, facilitar a interação social, estabelecer sign’ficados acerca das ações no mundo e criar a noção de regras.

As teorias da psicologia do desenvolvimento valorizam o brincar e atribuem importância para as etapas relacionadas à aprendizagem de novos papéis sociais, e, no contexto de hospitalização, isso permite que a criança perceba as ossibilidades de enfrentamento e desenvolva comportamentos adaptativos. Valle (2001) considera relevante conhecer as necessidades da criança no hospital, utilizando-se de um contato empático na relação terapêutica. O ambiente hospitalar pode representar um espaço para a criança encontrar o seu mundo natural por melo das atividades lúdicas.

Mesmo diante das mudanças provocadas pelo surgimento de uma doença, o ambiente hospital pode proporcionar espaços destinados para o brincar, representando a valorização da vida e a ampliação da noção de saúde fisica e psíquica. A tecnologia avançada utilizada para o tratamento do câncer infantil apresenta inúmeras consequências emocionais para a criança no hospital, assim existindo a necessidade de se desenvolverem intervenções lúdicas.

Assim, tanto sob o aspecto social quanto científico, justifica-se a realização de estudos sobre a promoção do brincar no setor da oncologia pediátrica, o que permite identificar os efeitos dessa intervenção no hospital. Destaca-se a importância de investigar o quadro atual de pesquisas, para identificar perspectivas de atuação p 6 OF22 investigar o quadro atual de pesquisas, para identificar erspectivas de atuação profissional e os possíveis avanços no entendimento desse objeto de estudo.

Este artigo, desenvolvido sob o viés dos aspectos psicológicos, objetivou analisar a produção cientifica nacional e internacional acerca do brincar da criança com cancer no hospital Método Procedeu-se à revisão bibliográfica de artigos científicos indexados nas bases de dados Bireme, Bvs-Psi e Wiley Interscience, publicados no período de 2000 a 2010, com a temática do brincar da criança com câncer no hospital, o que representou o principal critério de inclusão. Utilizaram-se as alavras-chave criança com cancer, brincar no hospital, Child whit cancer e play in the hospital.

Foram selecionados os relatos de pesquisas em português e inglês, para apreciação dos resumos e trabalhos completos. Outras fontes utilizadas foram os capítulos de livros que apresentavam pesquisas empíricas. Após a construção do banco de dados, verificaram-se os principais aspectos evidenciados nas pesquisas (temas, participantes, metodologia e resultados), para categorização com o auxílio da análise de conteúdo (Bardin, 1979), o que possibilitou promover a descrição quantitativa e qualitativa.

Resultados Identificaram-se 16 produções científicas (12 artigos e 4 capítulos de livros). Dos artigos, 9 eram de revistas nacionais: Acta Paulista de Enfermagem (2 artigos), Boletim Academia Paulista de Psicologia (1), Boletim de Psicologia (1), Estudos de Psicologia Campinas (1), Revista Brasileira Crescimento e Desenvolvimento Humano (1), Revista Brasileira Saúde Materno Infantil (1), Revista da Escola de Enfermagem da USP (1) e Paidéia (1). Destacaram-se 3 artigos de revistas internacionais: Psycho-oncology (2 artigos) e Child: Paidéia (1).

Destacaram-se 3 artigos de revistas Internacionais: Psycho-Oncology (2 artigos) e Child: Care, Health and Development (1). Com relação ao ano de publicação e frequência de artigos, obtiveram-se os seguintes dados: 2002 (1); 2003 (1), 2004 2005 2006 2007 (l 2008 2009 2010 Os capítulos de livros foram publicados com a respectiva frequência: 2006 (2) e 201 0 Sobre a metodologia das pesquisas que foram consultadas, prevaleceram os estudos qualitativos com delineamento transversal. Em relação aos participantes dos estudos, foi possível identificar crianças, acompanhantes e equipe de saúde.

Após a leitura das pesquisas empíricas e da identificação das temáticas nvestigadas, os estudos foram divididos nas seguintes categorias: Contribuições do brincar no hospital, Vivências de crianças com câncer, Construção de projetos lúdicos e Modalidades do brincar no hospital. Buscou-se facilitar a compreensão das pesquisas por meio dessas categorias para delimitar o panorama atual das publicações. Contribuições do brincar no hospital As pesquisas apresentam os benefícios do brincar para a criança com câncer.

Estudos experimentais apontam possveis limitações relacionadas ao nível de stress da criança, assim como dados ositivos sobre o brincar nas diferentes fases de tratamento da doença crônica. Outras pesquisas destacam as percepções de crianças, acompanhantes e profissionais de saúde acerca do brincar no hospital. Borges, Nascimento e Silva (2008) investigaram os benefícios das atividades lúdicas para as crianças hospitalizadas com câncer, por meio de observação participante e entrevistas com crianças e acompanhantes (no caso, as genitoras).

De acordo com os autores, após as intervenções lúdicas verificou-se redução da as genitoras). De acordo com os autores, após as intervenções údicas verificou-se redução das alterações de humor e comportamento das crianças. As sensações de bem-estar, a espontaneidade e o processo de socialização representaram as principais mudanças provenientes do brincar no hospital, o que repercutiu nos índices de satisfação das crianças e genitoras. Motta e Enumo (2004) desenvolveram um instrumento composto por 41 pranchas ilustradas com cenas que correspondiam às estratégias de enfrentamento, tais como brincar, chorar e cantar.

Participaram da amostra crianças hospitalizadas com câncer. Apresentadas as pranchas uma de cada vez, a criança descrevia cena e indicava se a figura correspondia às ações por ela realizadas no hospital. O instrumento mostrou-se adequado, sendo identificada maior prevalência de estratégias facilitadoras que indicavam comportamento adaptativo das crianças. O brincar representou o principal recurso utilizado para enfrentamento da hospitalização. Gariépy e Howe (2003) analisaram os efeitos terapêuticos do brincar para a criança com câncer, comparando com um grupo controle de crianças que nao apresentavam doença crônica.

Foram utilizados instrumentos quantitativos para avaliar o nível e stress e observar as reações no humor e comportamento das crianças durante o brincar. Os dados indicaram que as crianças com câncer mostraram-se menos receptivas para o brincar, principalmente nas atividades em grupo e no desempenho de papéis dramáticos. As crianças com câncer apresentaram nlVel mais alto de stress que as do grupo-controle, e também foi identificada a presença de temas recorrentes nas brincadeiras e a preferência pelo jogo solitário. Os autores destacaram que o stress da criança, decorrente da vivência de uma doença, reduz o solitário.

Os autores destacaram que o stress da criança, ecorrente da vivência de uma doença, reduz o interesse para o brincar; ou quando ela brinca, focaliza o isolamento, evitando a interação social e o entendimento acerca de sua experiência atual. A pesquisa de Silva, Cabral e Christoffell (2008) procurou investigar o brincar da criança com câncer, analisando os mediadores utilizados nas brincadeiras e jogos. Foram elaboradas atividades lúdicas, com as crianças solicitadas para participação coletiva, com o propósito de construir uma produção artística e compartilhar com o grupo os significados atribuídos.

A análise e discurso destacou dois temas: (1) instrumentos e signos utilizados nas brincadeiras e jogos, que relacionam os tipos de brincadeiras e o interesse nessas atividades; e (2) interação social, que integra pessoas e ambientes, com a construção de cenários para a realização das brincadeiras. As crianças demonstraram as habilidades para desenvolver o brincar utilizando formas criativas por meio da imaginação, o que contribuiu para a interação com outros indivíduos. Vieira, Matos, Ivo e Carneiro (2010) verificaram os efeitos do brincar no hospital para crianças com câncer, nas diferentes ases de tratamento.

As autoras estabeleceram relações entre o brincar da criança na fase crítica de tratamento (recidiva, inchaço, queda de cabelo) e na fase de manutenção, quando a criança se submetia ou não ao exame de punção lombar. Foram apresentados diversos brinquedos e jogos infantis, em sessões registradas por meio de videogravações. Com o auxílio da observação participante, foi possível verificar o interesse das crianças para o brincar, a interação nas brincadeiras e no Jogo social, independentemente da fase de tratamento. Esses dados permitem c 0 DF 22

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