Desenvolvimento pessoal e profissional

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QUANDO NIETZSCHE CHOROU ROMANCE DA OBSESSÃO Irvin D. Yalom Tradução de Ivo Korytowski Do original: When Nietzsche wapt Copyright (c) 1992 by Irvin D. Yalom Published by Basic Books, a division of HarperCoIlins Publishers, Inc. [Edição original: ISBN 0-06-097550-41 (C)1995, Ediouro S. A. Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei 5. 988 de 14/12/73. Capa Carol Sá Editoração Eletrônica DTPhoenix Editorial Projeto Gráfico Ediouro S. A. CIP-Brasil. Catalogaçào-na-fonte Sindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ Y17p Yalom, In,’in D. , 1931 Quando Nietzsche chorou: romance da obsessão / Irvin D.

Yalom; tradução de Ivo Korytowski. – Rio de Janeiro: Ediouro, 1995. p Tradução de: When norte-americana, l. TI Irvin D Quando Hiet Y19/SHE 1301 66261/ 58 0-92881-6 1. Ficçao a obsessão 813. 5/ SSORA DA EDITORA TECNOPRINT s. A) SEDE: DEP. TO DE VENDAS E EXPEDIÇAO RUA NOVA JERUSALÉM. 345 – R] CORRESPONDÊNCIA: CAIXA POSTAL 1880 CEP 20001-970 – Rio DE JANEIRO – R] TEÚ (021) 260-6122 – FAX: (021) 280-2438 Ao círculo de antigos que me ajudaram no correr dos anos: Mortjay, Herb, David, Helen,John, Mary, Saul, Catby, Larry, Carol, Rollo, Harvey, Rulhellen, Stina, Herant, Bea, Maríanne, Bob, Pat. ?? minha irmã,Jean e à minha melhor amiga, Marilin. Alguns não conseguem afrouxar suas próprias cadeias e, não obstante, conseguem libertar seus amigos. Você tem que estar preparado para se queimar em sua própria chama: como se reno Swipe to next renovar sem primeiro se tornar cinzas? Ass m falou Zaratustra CAPÍTULO 1 O CARRILHÃO DE SAN SALVATORE invadiu o devaneio de Josef Breuer. Puxou o pesado relógio de ouro do bolso do colete. Nove horas. Novamente, leu o pequeno cartão de borda prateada recebido no dia anterior. 21 de outubro de 1882 Doutor Breuer, Preciso vê-lo para um assunto da maior urgência.

O futuro da filosofia alemã está em jogo. Encontre-me amanhã cedo às nove horas no Café Sorrento. Lou Salomé um bilhete impertinente! Havia anos ninguém o abordava com tanta semcerimônia. Ele não conhecia nenhuma Lou Salomé. Nenhum remetente no envelope. Nenhuma forma de informar a essa pessoa que nove horas era inconveniente, que a Sra. Breuer não gostaria de tomar o café da manhã sozinha, que o Dr. Breuer estava de férias e que não estava interessado em “assuntos urgentes” – aliás, o Dr. Breuer viera a Veneza precisamente para se livrar de assuntos urgentes.

Não obstante, Iá estava ele no Café Sorrento às nove horas em ponto, esquadrinhando os rostos ao seu redor e se perguntando qual deles poderia ser a impertinente Lou Salomé. – Outro café, senhor? Breuer anuiu com a cabeça para o garçom, um rapaz de treze ou quatorze anos e de cabelos pretos, lisos e umidos, penteados para trás. Quanto tempo durara seu devaneio? Consultou novamente o relógio. Outros dez minutos de vida desperdiçados. E desperdiçados em quê? Como de hábito, devaneara sobre Bertha, a bela Bertha, sua paciente nos últimos dois anos.

Estava recordando sua voz provocante: “Doutor Breuer, por que tem tanto medo de mim? Lembrou suas palavras quando lhe dissera que DF 458 “Doutor Breuer, por que tem tanto medo de mim? ” Lembrou suas palavras quando lhe dissera que deixaria de ser seu médico: “Aguardarei. Você sempre será o único homem em minha vida. ” Ele se censurou: “Pelo amor de Deus, pare! Pare de pensar! Abra os olhos! Veja! Deixe o mundo entrar! ” Breuer ergueu sua xicara, inalando o aroma do saboroso café junto com profundas inspirações do frio ar veneziano do mês de outubro.

Volveu a cabeça e olhou ao redor. As outras mesas do Café Sorrento estavam repletas de homens e mulheres que faziam desjejum – na maioria, turistas, e quase todos de meiaidade. Muitos seguravam o jornal com uma das mãos e a xicara de café com a outra. Para além das mesas, viam-se nuvens de pombos azul-cinza que esvoaçavam e mergulhavam. As águas paradas do Grand Canal, brilhando com os reflexos dos grandes palácios alinhados nas suas margens, eram perturbadas somente pela esteira ondulante de uma gôndola costeira.

As outras embarcações ainda dormiam, amarradas em estacas tortas espalhadas aqui e ali ao longo do canal, qual lanças espetadas ao acaso por alguma mão gigante. – E isso mesmo: olhe ao redor, eu tolo! – Breuer proferiu de si para consigo. – As pessoas vêm do mundo inteiro para admirar Veneza; pessoas que se recusam a morrer sem serem abençoadas por esta beleza. Quanto da vida eu perdi – pensou – simplesmente por deixar de olhar? Ou por olhar e não ver? No dia anterior, fizera uma caminhada solitária pela ilha de Murano e, depo•s de uma hora, não vira nada, não registrará nada.

Nenhuma imagem se transferira de sua retina para o córtex. Toda a sua atenção se consumira em pensamentos sob 3 DF 458 se transferira de sua retina para o córtex. Toda a sua atenção se onsumira em pensamentos sobre Bertha: o sorriso encantador, os olhos adoráveis, a sensação de seu corpo quente e confiante e sua respiração acelerada quando ele a examinava ou massageava. Tais cenas tinham poder – uma vida própria; sempre que baixava a guarda, elas lhe invadiam a mente e usurpavam sua imaginação. Será esta a minha sina para sempre? – se perguntou.

Estarei destinado a ser um simples palco no qual as memórias de Bertha representam eternamente seu drama? Alguém se levantou na mesa ao lado. O ruído agudo da cadeira metálica contra o tijolo o despertou e, mais uma vez, ele procurou Lou Salomé. Ali estava ela! A mulher descendo a Riva dei Carbon e adentrando o café. Somente ela poderia ter escrito aquela nota – aquela bela mulher, alta e esguia, envolta num casaco de peles, marchando altivamente em direção a ele, agora, através do emaranhado de mesas lotadas. Ao se aproximar, Breuer notou que ela era jovem, talvez até mais jovem do que Bertha, possivelmente uma colegial.

Mas aquela presença impositiva – extraordinária! Poderia levá-la longe! Lou Salomé prosseguiu até ele sem demonstrar qualquer hesitação. Como poderia estar tão certa de sua pessoa? A mão esquerda de Breuer rapidamente golpeou as cerdas ruivas de sua barba para limpá-la das migalhas de pãozinho. Sua mão direita puxou a parte lateral da Jaqueta preta que vestia para que não ficasse erguida em torno do pescoço. Ao chegar a poucos metros de distância, a jovem deteve-se por um instante e fitou-o ousadamente nos olhos.

De súbito, a mente de Breuer cessou de tagarela 4 458 deteve-se por um instante e fitou-o ousadamente nos olhos. De súbito, a mente de Breuer cessou de tagarelar. Agora, olhar não exigia concentração. Agora, retina e córtex cooperavam perfeitamente, permitindo que a imagem de Lou Salomé penetrasse livre em sua mente. Era uma mulher de extraordinária beleza: testa altiva, queixo forte e bem esculpido, olhos azuis brilhantes, lábios cheios e sensuais, e seus cabelos louro prateados, negligentemente penteados, se reuniam em um coque alto, expondo-lhe as orelhas e o pescoço longo e gracioso.

Ele notou com especial prazer as mechas de cabelo que escapavam do coque e descaíam arrojadamente em todas as direções. Mais três passos, e ela atingiu sua mesa. – Doutor Breuer, sou Lou Salomé. Posso? – perguntou, apontando a cadeira vazia. Sentou-se tão prontamente que Breuer não teve tempo de umprimentá-la como devia: levantar-se, curvar-se, beijar-lhe as mãos e puxar a cadeira para ela. – Garçom, garçom! – Breuer estalou os dedos animadamente. Um café para a dama. Café latte – Olhou em direção à senhorita Salomé.

Ela anuiu com a cabeça e, a despeito do frio matinal, tirou o casaco de peles. Sim, um café latte. Breuer e sua companheira de café ficaram sentados em silêncio por um momento. Depois, Lou Salomé fitou-o diretamente nos olhos e começou: – Tenho um amigo em desespero. Temo que venha a se matar num futuro muito próximo. Seria uma grande perda para mim e uma grande ragédia pessoal, pois eu carregaria certa responsabilidade. Apesar disso, eu poderia suportar e superar esse fato. Mas – ela se inclinou em sua direção, falando mais suavemente – uma t S DF 458 superar esse fato.

Mas – ela se inclinou em sua direção, falando mais suavemente – uma tal perda poderia se estender bem além de mim: a morte desse homem teria conseqüências imensas para o senhor, para a cultura européia, para todos nos. Acredite em mim. Breuer tencionou dizer “A senhorita está decerto exagerando”, mas não conseguiu proferir as palavras. O que em qualquer outra mulher jovem se afiguraria hipérbole dolescente, parecia diferente aqui, algo a ser levado a sério. A sinceridade dela, seu fluxo de convicção eram irresistíveis. Quem é esse homem, seu amigo? Eu o conheço? Ainda não! Mas dentro de algum tempo, todos o conheceremos. Chamase Friedrich Nietzsche. Talvez esta carta de Richard Wagner para o professor Nietzsche sirva para apresentá-lo. – Ela retirou uma carta da bolsa, desdobrou-a e a ofereceu a Breuer. – Devo primeiro dizer que Nietzsche não sabe que estou aqui nem que possuo esta carta. A última frase da senhorita Salomé provocou uma pausa em Breuer. “Devo ler uma tal carta? ” – pensou. Esse professor Nietzsche não sabe que ela a está mostrando para mim – ou mesmo que está de posse dela! Como a obteve? Pegou- a emprestada?

Surrupiou-a? ” Breuer se orgulhava de muitos de seus atributos. Ele era leal e generoso. A engenhosidade de seus diagnósticos virará lenda: em Viena, era o médico pessoal de grandes cientistas, artistas e filósofos como Brahms, Brucke e Brentano. Aos quarenta, era conhecido em toda a Europa e cidadãos distintos de todo o Ocidente viajavam grandes distâncias para se consultarem com ele. Contudo, acima de qualquer coisa, orgulhava-se da integridade – jamais onsultarem com ele. Contudo, acima de qualquer coisa, orgulhava-se da integridade – jamais em sua vida cometera um ato desonroso.

A não ser, talvez, que fosse considerado responsável por seus pensamentos carnais de Bertha, pensamentos que de direito deveriam ser dirigidos à sua esposa Mathilde. Assim, hesitou em apanhar a carta da mão estendida de Lou Salomé. Mas por um breve lapso. Outro olhar para dentro daqueles cristalinos olhos azuis e a abriu. Estava datada de 10 de janeiro de 1882 e começava assim: “Meu amigo Friedrich”; vários parágrafos tinham sido circundados. Vós acabastes de ar ao mundo uma obra ímpar. Vosso livro é caracterizado por uma convicção tao consumada, que pressagia a mais profunda originalidade.

De que outra forma poderíamos, minha esposa e eu, ter realizado o desejo mais ardente de nossas vidas, ou seja, que algum dia algo vindo de fora possuísse plenamente nossos corações e nossas almas! Cada um de nós leu vosso livro duas vezes – primeiro sozinho, de dia, e depos em voz alta, de noite. Disputamos com razão o único exemplar e lamentamos que o prometido segundo exemplar ainda não tenha chegado. Vós estais doente! Vós também estais desanimado? Em caso positivo, gostaria tanto de fazer algo para afastar vosso desalento! Como devo começar? Nada mais posso fazer que não esbanjar meus elogios irrestritos a vós.

Aceitai-os ao menos com um espírito amigável, ainda que vos deixe insatisfeito. Saudações sinceras de vosso, Richard Wagner. Richard Wagner! Não obstante toda sua urbanidade vienense, toda sua familiaridade e facilidade com os grandes homens da época, Breuer ficou aturdido. DF 458 toda sua familiaridade e facilidade com os grandes homens da época, Breuer ficou aturdido. Uma carta tal como aquela escrita pelo próprio punho do mestre! Mas rapidamente recuperou sua serenidade. – Muito interessante, minha cara Fráulein, mas agora, por favor, diga-me precisamente o que posso fazer pela senhorita.

Inclinando-se outra vez para a frente, Lou Salomé repousou de leve sua mão enluvada sobre a mão de Breuer: – Nietzsche está doente, muito doente. Ele precisa da sua ajuda. – Mas qual é a natureza da doença dele? Quais são os seus sintomas? Breuer, perturbado pelo toque da mão da jovem, ficou satisfeito por navegar em águas familiares. – Dores de cabeça. Em primeiro lugar, dores de cabeça lancinantes. E surtos constantes de nausea. E uma ameaça de cegueira. Sua visão vem gradualmente se deteriorando. E problemas estomacais: às vezes, não consegue comer durante dias.

E insônia: nenhum remédio consegue fazê-lo dormir, de modo que toma doses perigosas de morfina. E tontura: às vezes, fica mareado em terra firme vários dias de uma vez. Longas listas de sintomas não eram novidade nem estímulo para Breuer, que normalmente examinava de 25 a 30 pacientes por dia e viera a Veneza precisamente para descansar dessa lida. Contudo, tamanha era a veemência de Lou Salomé, que se sentiu compelido a prestar plena atenção. – A resposta à sua pergunta, minha cara dama, é sim, é claro que examinarei seu amigo. Quanto a isso, não há dúvida. Afinal, sou um médico.

Mas, por favor, permita-me formular uma pergunta: por que a senhorita e seu amigo não vêm a mim por um caminho mais direto? Por que nao escrevem simple 8 DF 458 que a senhorita e seu amigo não vêm a mim por um caminho mais direto? por que não escrevem simplesmente para meu consultório em Viena e solicitam uma consulta? – Com isso, Breuer olhou ao redor à procura do garçom para trazer a conta e pensou quão satisfeita Mathilde ficaria com seu retorno tão ápido ao hotel. Mas não era fácil se livrar dessa mulher ousada: – Doutor Breuer, mais uns minutinhos, por favor.

Não estou exagerando a gravidade do estado de Nietzsche, a profundidade de seu desespero. – Não duvido disso. Mas volto a perguntar, Fràulein Salomé, por que o senhor Nietzsche não se consulta comigo em meu consultório em Viena? Ou não visita um médico na Itália? Onde ele mora? Gostaria que eu indicasse um médico na própria cidade dele? E por que eu? Aliás, como a senhorita soube que eu estava em Veneza? Ou que sou um aficionado da ópera e que admiro Wagner? Lou Salomé não se abalou e sorriu quando Breuer começou a crivá-la de perguntas, seu sorriso tornando-se malicioso ? medida que a fuzilaria prosseguia. Fráulein, está sorrindo como se tivesse um segredo. Acho que é uma jovem dama que adora mistérios! – Tantas perguntas, doutor Breuer. É notável; conversamos por apenas poucos minutos e, não obstante, há tantas perguntas intrigantes. Certamente, isso é um bom presságio de conversas futuras. Deixe que lhe conte mais sobre nosso paciente. Nosso paciente! Enquanto Breuer se espantava novamente com sua audácia, Lou Salomé continuou: – Nietzsche xauriu os recursos médicos da Alemanha, Suíça e Itália. Nenhum médico conseguiu compreender sua doença ou aliviar seus sintomas.

Nos últimos 24 meses, seg g DF 458 Nenhum médico conseguiu compreender sua doença ou aliviar seus sintomas. Nos últimos 24 meses, segundo me contou, consultou-se com 24 dos melhores médicos da Europa. Ele abriu mao de seu lar, abandonou seus amigos, renunciou ? sua cátedra na universidade. Ele se tornou um andarilho em busca de um clima tolerável, à procura de um ou dois dias de alívio de sua dor. A jovem mulher parou, erguendo a xícara para ebericar enquanto mantinha o olhar fixo em Breuer. – Fráulein, em minha prática como clinico, vejo com frequência pacientes em estados incomuns ou intrigantes.

Porém, permita que fale honestamente: não disponho de milagres. Numa situação como essa, de cegueira, cefaléias, vertigem, gastrite, fraqueza, insônia, em que vários excelentes médicos foram consultados e deixaram a desejar, é pouco provável que eu consiga fazer mais do que me tornar seu vigésimo quinto excelente médico em tantos meses. Breuer se reclinou na cadeira, apanhou um charuto e o acendeu. Soprou uma fumaça fina e azulada, esperou até se dissipar , depois, continuou: – Novamente, porém, ofereço-me para examinar o professor Nietzsche em meu consultório.

Entretanto, é bem provável que a causa e a cura de uma doença tão refratária como a dele ultrapassem o alcance da ciência médica de 1882. Seu amigo pode ter nascido uma geração cedo demais. – Nascido cedo demais! – Ela riu. – Uma observação presciente, doutor Breuer. Quantas vezes ouvi Nietzsche proferir exatamente estas palavras! Agora, tenho certeza de que o senhor é o médico certo para ele. Apesar de sua presteza em partir e da visão recorrente de Mathilde já vestida e andand 458

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