Logística

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Logística e Negócio Electrónico FICHA TÉCNICA Título LOGISTICA E NEGÓCIO ELECTRÓNICO Autores José Crespo de Carvalho e Laura Encantado Editor @ SPI — Sociedade portuguesa de Inovação Consultadoria Empresarial e Fomento da Inovação, S. A. Edifício «Les Palaces», Rua Júlio Dinis, 242, Piso 2 – 208, 4050 PORTO Tel. : 226 076 400, Fax: 226 099 164 spiporto@spi. pt; www. spi. t Porto • 2006 Produção Editorial Princípia Av. Marques Leal, 21 2775-495 S. João do Estoril Tel. : +351 214 678 710; Fax: +351 214 678 719 . pt ww. nn. principia. pt Projecto Gráfico e Design Mónica Dias Impressão Rolo e Filh IS N 972-8589-67- oral; to view nut*ge Projecto apoiado pel r*”” – Região Autónoma da 4961 5/06 Plurifundos da -financiado pelo Estado Português, e pela União Europeia, através do Fundo Social Europeu.

NEGÓCIO ELECTRÓNICO José Crespo de Carvalho I Laura Encantado p da cadeia de fornecimento • Definir a logística como questão estruturante para a criação e sustentação de valor das empresas • Colocar a logística no âmbito de um mapa mental co-optitivo, utilizando um modelo do tipo value net • Chamar a atenção para a necessidade da integração e visibilidade ao longo de uma cadeia e abastecimento • Separar os ciclos de sourcing (designado como «ciclo de procurement») e de encomenda numa empresa, ligando-os mas atribuindo-lhes dimensões diferenciadas, embora complementares e profundamente dependentes LOGISTICA Neste capítulo percorre-se um conjunto de pontos e subpontos que conduzem o leitor ao âmago do conhecimento log[stico, dos seus raciocínios e extensões e, nomeadamente, ao contexto do que se designa como gestão da cadeia de fornecimento. A LOGÍSTICA E A EVOLUÇÃO DO CONCEITO A lógica militar Na origem, o conceito de logística estava ligado às operações militares. Muitos são os factos que devem ser aproveitados e explorados a partir da experiência militar e muitas são, também, as suas leituras, que se devem repercutir no mundo empresarial. Durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), as forças em conflito necessitavam, para fazer avançar as suas tropas, de capacidade logística (poder), de forma a movimentar e manter grandes quantidades de homens e mantimentos de guerra nas frentes de batalha da Europa e da Ásia.

A actividade logística estava relacionada com a movimentação e coordenação das tropas, dos armamentos e munições para os vários locais e nos alendários necessários. O conceito de produto/serviço certo, no local certo, no tempo cert desenvolvido em termos certo, no tempo certo, inicialmente desenvolvido em termos militares, facilmente transitou para o mundo empresarial, tendo sido adoptado, na sua génese, com a perspectiva de movimentar e coordenar o ciclo de produtos finais (distribuição física) para, com o passar do tempo, ultrapassar esse âmbito e se estender a montante e a jusante da empresa, assumindo novas exigências, devidas a várias causas, entre elas, o aumento das pressões dos vários mercados.

A Guerra do Golfo, em 1 991, representou o aior movimento de tropas e materiais no mais curto espaço de tempo de que há memória em termos militares e ficou como um marco da aplicação do raciocínio logistico dentro de um periodo limitado de tempo, o que fez da operação «Tempestade no Deserto» um dos mais importantes eventos milltares mundiais da história da humanidade. Esse conflito trouxe ensinamentos muito importantes e dados para uma profunda reflexão no campo da logística. A partir de então, a logística adquiriu propor6 CAPÍTULO 1 • L OGISTICA G ESTÃO DA C ADEIA DE F ORNECIMENTO ções nunca antes alcançadas em termos de reflexão dos ensadores e especialistas militares.

Na verdade, a operação logística foi de tal enverga rnava essencial, até logístico e a necessidade de o questionar e reavaliar (caso do 1 1 de Setembro nas Twin Towers), pois tudo o que vinha do passado parecia relativamente circunscrito num tempo e num contexto que pareciam de adequação difícil, senão impossível, face aos novos desenvolvimentos económicos, sociais e políticos. Passou a desconhecer-se onde estava e como iria actuar o inimigo e, mais, só se perceberam as consequências dessa ignorância depois do sofrimento generalizado estar instalado. Alguns erros políticos e não-consumaçao da captura de Hussein durante a Guerra do Golfo poderão ter estado na origem da escalada do terrorismo ? escala global – se é que se pode dizer que existe uma relação do tipo causa-efeito.

A questão que se deve colocar, actualmente, é especulativa e deve ser a de saber se a escalada do terrorismo tomaria o mesmo curso se Hussein tivesse sido capturado, julgado em pouco tempo e severamente penalizado aquando da operação «Tempestade no Deserto”. Desconhece-se a resposta. Hussein e gin Laden são hoje efectivamente «guerras» perdidas. As respostas que ficam são meras conjecturas. Em logística, orém, eles personificam, para todos os efeitos, objectivos não consumados. Sistemas que não cumpram objectivos são exactamente aquilo de que a logística não necessita. Assim se percebe que chegou o momento em que a logística empresanal pode ensinar mais à logística militar do que o contrário, como tem sido habitual. De facto, pode-se dizer que nos dias que correm a logística militar convencional já pouco ensina à logística empresarial.

Talvez a logística do terrorismo (e a gestão do risco em cadeias de abastecimento), se for bem trabalhada pelo lado militar, possa vir, ainda, a gerar importantes conc bastecimento), se for bem trabalhada pelo lado militar, possa vir, ainda, a gerar importantes conclusões para as empresas. Pelo menos na definição de alguns princípios que possam ter por base o funcionamento em rede, a criação de valor conjunto e a formação de parcerias para um bem comum ou, visto ao contrário, para a eliminação de um mal (que pode ser, em termos empresariais, o excesso de custo subjacente a um ou vários sistemas). 7 De facto, numa época em que o terrorismo dita as leis e gera sangue, lágrimas e terror, o bom senso começa a substituir os nacionalismos isolados e incoerentes.

O terrorismo internacional é visto como uma ameaça que deve ser combatida por órgãos de inteligência e segurança dos Estados, em conjunto, e não por forças militares convencionais trabalhando isoladamente. A estratégia e a logística combinam-se para conceber as melhores formas de utilizar as tecnologias, os produtos/serviços, soluções e presenças (virtuais ou reais) para se poder intervir em vários lugares em simultâneo (mesmo os mais recônditos), no sentido de desintegrar, destruir, e refrear o aparecimento de redes terroristas, frustrando os seus ataques. A logística caminha hoje a asso com o pensamento estratégico. Evoluem simultaneamente.

Os dois raciocínios apresentam-se interligados e a sua presença nota-se nos lugares menos comuns, nas práticas menos habituais, onde a exposição ao risco é francamente elevada. Tornou-se, assim, estritamente necessário dominar as variáveis tempo, custo e qualidade do serviço, de forma a gerar novas configurações deste trinómio de variáveis e novos trade-offs entre elas. A reinvenção d a loe[stica passou a ser variaveis e novos trade-offs entre elas. A reinvenção da estratégia e da logistica passou a ser um discurso comum nos ias que correm, nomeadamente no mundo militar, em que os desafios são incomensuravelmente supenores aos da antiga guerra convencional.

Destes desafios surgirão, espera-se, novos desenvolvimentos logísticos passlVeis de aplicação empresarial. A lógica empresarial Após a Segunda Guerra Mundial, a economia global entrou num processo rápido de crescimento económico. Os EUA, definitivamente estabelecidos como a primeira potência mundial, definiram como objectivo central produzir e vender e, assim, criar riqueza. Este facto gerou grande pressão sobre os mercados e uma enorme vontade de gerar ganhos a curto prazo, fazendo om que a ineficiência na distribuição dos produtos fosse esquecida e até tolerada. A oportunidade estava, assim, lançada. Ao longo da história do Homem muitas guerras houve cujo sucesso, mesmo se apenas parcial, se ficou a dever inteiramente à logística.

Isso mesmo, de resto, foi reconhecido por muitíssimos pensadores militares. Muito embora assim fosse, a verdade é que o movimento logístico levou o seu tempo a passar do contexto militar para o contexto empresarial. porém, uma vez percebido e arreigado no mundo empresarial, jamais foi abandonado. Assim, as empresas e as organizaçoes 8 omunicação e informação (computadores e redes de comunicação), que revolucionaram o pensamento organizacional, foi possível extrair maior potencial à logística. Por um lado, a perspectiva sistémica das organizações permitiu identificar a necessidade de integrar a logística nos planos estratégicos das empresas.

Adicionalmente, a agregação de valor entre produto e serviço, em paralelo, passou a destacar-se com a necessidade cada vez maior de prestar serviço ao cliente; a prestação de serviços passou, assim, a ser um factor- chave para o desempenho das organizações. Por outro lado, concorrência externa veio despertar as empresas para a necessidade de reestruturação, contenção dos custos e racionallzaç¿o das actividades, por forma a abrirem o leque das vantagens competitivas, voltando as suas preocupações para a qualificação de fornecedores, gestão dos stocks e das compras, assim como para as actividades de transporte, movimentação e armazenagem, desde as matérias-primas aos produtos finais.

Actualmente, a logística empresarial tornou-se um conjunto de actividades com «território» próprio, mas, acima de tudo, uma lógica de pensamento e de resolução de problemas baseada um constante equilíbrio entre diferentes variáveis, como o tempo, o custo e a qualidade do serviço, de tal forma que permite gerar aproximações de gestão e mesmo ferramentas e práticas largamente empregues pelos mais diversos gestores empresariais. O interesse pela logística nao deverá cessar. Os gestores continuarão, evidentemente, preocupados com a diminuição dos custos e com o aumento da produtividade. O estado de incerteza é grande e será cada vez maior.

As alterações, as clivagens, os efeitos da globalização e a mudança sao arg vez maior. As alterações, as clivagens, os efeitos da globalização a mudança são argumentos mais do que suficientes para fazerem os gestores olhar com interesse para os sistemas logistlcos e para o valor que eles podem criar. Do lado militar, as guerras venceram-se, e vencem-se, com vontade, inteligência e poder; ou melhor, com recursos humanos motivados e empenhados em ganhar (vontade), com informação e capacidade de decisão e liderança (estratégia e sistemas de informação) e com capacidade de resposta elou de «fazer com que as coisas aconteçam» (logística).

Do lado empresarial, o mercado conquista-se e serve-se, os accionistas são pagos pelo seu nvestimento e a organização interna é reg LOGÍSTICA NEGOCIO ELECTRONICO munerada e reconhecida pelo seu empenhamento e, se se tiver em atenção o trinomia militar referido, depressa se perceberá que, para conseguir alcançar os objectivos, se tornam fundamentais a informação e a liderança, e igualmente os recursos humanos com vontade e as capacidades (o poder) que se desenvolvem (recursos combinados com capacidades). A logística apresenta-se, hoje, como um sistema ou conjunto de sistemas, ou uma network que integra várias actividades, donde fluem produtos e informação, desde a origem até aos pontos e consumo e vice-versa (na óptica da reverse logistics), sendo todos esses fluxos sustentados por factores que determinam a capacidade da organização, i. e. , as suas disponibilidade e possibilidade de responder no tempo certo, com a quantidade correcta e ligando-se aos locais mais apropriados.

Dito de outra forma, com o passar dos anos a logística expandiu-se à cadeia de abastecimento e mesmo esta se tem mostrado cada vez menos estável e mais comp expandiu-se à cadeia de abastecimento e mesmo esta se tem mostrado cada vez menos estável e mais complexa. Ou seja, o que inicialmente parecia direccional e estável (a cadeia de bastecimento) já se transformou numa rede complexa, em que várias empresas funcionam como nós, com elevadas perturbações e variações a montante (no supply-side) e a jusante (no demand-side). Será assim fácil constatar que a logística não é, actualmente, só distribuição física, como no passado. É mais do que uma simples gestão de materiais e abastecimento.

A logística abarca tudo isso e ainda a informação que, de forma integrada, coordena toda a lógica de fluxos. Sendo assim, e dada a abrangência que a caracteriza hoje em dia e as actividades que compreende, a logística passou a ser mais uma proximação ou uma forma de pensamento da organização do que propriamente uma aproximação processual ou uma área do saber empresarial. A logística passou a poder ser considerada, antes de mais, uma filosofia ou uma aproximação à gestão de empresas. A gestão log[stica surge mais frequentemente nas empresas ou nas redes de empresas ainda como gestão de fluxos físicos e informacionais, de forma integrada, cujo objectivo é servir e estabilizar (potencialmente fidelizar? os clientes e os consumidores da rede. O seu retorno (ou a sua recompensa) estará, precisamente, na capacidade de reter o mercado que onsegue fazer emergir quando disponibiliza produtos, materiais, serviços ou informação a clientes e consumidores, onde quer que eles se encontrem. De facto, ao reter mercado acede, também, a um novo patamar na criação de riqueza (valor), quer para o mercado, por hipotética fidelização, quer para a organização, por desafio ganho, 10 CA L OGÍSTICA G ESTAO quer ainda para os accionistas, na sequência de serviço a baixo custo (rendlbilidade). Esse patamar assenta, hoje, preclsamente (e praticamente só) no arquétipo da colaboração.

A lógica da logística: cross-functional, processual, de gestão de ronteira Log[stica: evolução e conceito Ao longo do tempo, as necessidades e os desejos dos clientes/consumidores têm vindo a sofrer alterações e satisfazê-los tornou-se um desafio para qualquer empresa, que, para isso, disponibiliza produtos/ / servlços ou soluções, tanto quanto posslVel a baixo custo, no local, no momento e na quantidade mais indicados. Se se atender ao facto de se estar perante uma economia cada vez mais globalizada e altamente competitiva, pode-se inferir que as empresas têm enfrentado descontinuidades a nível dos trade- offs de custos que, conco implicam alterações nas PAGF

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