Modernismo
A proclamação da República de Portugal (1910) associada à instabilidade pol[tico-social e à emergência de forças cosmopolitas progressistas, marcou o Primeiro Tempo Modernista português – o Orfismo. Os prmeiros anos do século XX. em Portugal, foram marcados pelo entrechoque de correntes literárias que vinham agitando os espíritos desde algum tempo: Decadentismo, Simbolismo, Impressionismo etc. eram denominações da mesma tendência geral que impunha o domínio da Metafísica e do Ministério no terreno em que as ciências se julgavam exclusivas e todo- poderosas.
O ideal republicano, instabilidade, foi se c a República, depois quando o rei D. Carlo ar 6 Swip t page as manifestações de om a proclamação imentos de 1908, s de um homem do povo, alucinadamente antimonarquico E foi nessa atmosfera de emaranhadas forças estéticas, a que se sobrepunham a inquietação trazida pela I Grande Guerra, que um grupo de rapazes, em 1915, fundou a revista Orpheu. Eram eles: Sá- Carneiro, Fernando Pessoa, Lúis de Montalvor, Santa Rita Pintor, Ronald de Carvalho e Raul Leal.
Seu propósito fundamental consistia em agitar consciências através de atitudes desabusadas que, em concomitância com as derradeiras manifestações imbolistas, iniciavam um estilo novo, ‘moderno’ ou ‘modernista’. Fonte: Massaud Moisés. Presença da lit. port. : O Modernismo. São Paulo, Difusão Européiasdo Livro, 1974. Fernando Pessoa e Mário de Sá-Carneiro foram os mais famosos participantes da revista Orpheu que deu origem à primeira geração do Modernismo português: o Orfismo ou geração Orpheu, cuja atuação, entre 1915 e 1927, colncldiu com a wgência da chamada “República Jovem”, a Primeira República portuguesa.
Desde 1910, com a queda da Monarquia, o país passou por um dos momentos mais fecundos e mais conturbados de sua história. Lisboa centralizou a captação das idéias modernas, numa efervescência intelectual que procurava assimilar os movimentos de vanguarda, provenientes do contexto mais amplo do Modernismo europeu. O núcleo fundamental do Orfismo foi a revista Orpheu (191 5), que teve dois números. O primeiro foi um projeto luso-brasileiro, com a direção de dois brasileiros.
Luis Montalvor e Ronald de Carvalho; o segundo número, mais expressivo, teve a direção de Fernando Pessoa e Mário de Sá-Carneiro. As demais revistas, que aglutinam as novas tendências, tiveram também duração efêmera: Exílio e Centauro (1916), Portugal Futurista (1917), Contemporânea (1922/23) e Athena (1924/25). Os traços marcantes da Geração Orpheu são as tendências futuristas (exaltação da velocidade, da eletricidade, do ‘homem multiplicado pelo motor”; antipassadismo, antitradiçao, irreverência).
Agitação intelectual, “escandalizar o burguês”, o moderno como um valor em si mesmo. O modernismo em Portugal e no Brasil, orientou-se na direção das vanguardas européias do início do século, além das direções peculiares que tomou em cada pais: Futurismo (Marinetti), início do século, além das direções peculiares que tomou em ada pais: Futurismo (Marinetti), Expressionismo, Cubismo (Pablo Picasso), Dadaísmo (Tristan Tzara), Surrealismo (André Breton, Artaud, Aragon). Características Gerais Hermetismo.
Poesia “‘difícil”; rupturas sintáticas; ruptura do encadeamento lógico; poesia elíptica e alusiva, sem limitações normativas; ritmo psicológico, criado a cada momento, como descargas de vivências profundas, delírios emocionais; metáforas insólitas, aproximações imprevistas: “Tua presença é uma carne de peixe” (Mário de Andrade), “O meu porquinho da Índia foi a minha primeira namorada” (Manuel Bandeira). Integração poética da civilização material e do quotidiano. “Eia! eia! eia! / Eia electricidade, nervos doentes da Matéria! , “O binômio de Newton é tão belo como a Vênus de Milo. O que há é pouca gente para dar por isso. ” (Álvaro de Campos). Verso livre. A unidade de medida do ritmo deixa de ser a sílaba para basear-se na combinação das entonações e das pausas. Ruptura com a métrica tradicional: versos de duas a doze sílabas, com acentos regularmente distribuídos. O versolibrismo tem como precursores Rimbaud e Walt Whitmann. Abolição da distinção entre temas poéticos, antipoéticos apoéticos. Antiacademicismo, antitradicionalismo.
Dessacralização da obra de arte, com predomínio da concepção lúdica sobre a concepção mágica. Presença do humor, através do poema-piada e do poema-paródia. Na prosa, a ação e o enredo perdem a importância, em favor das reações e estados mentais das personagens, e o enredo perdem a importância, em favor das reações e estados mentais das personagens, construídos por acumulação, em rápidos instantes significativos, ou através da apresentação da própna consciência em operação.
Em 1927, um grupo de artistas fundou uma nova revista, Presença (cujo primeiro número saiu a 10 de Março, vindo a publicar-se, embora sem regularidade, durante treze anos), que tentou retomar e aprofundar as propostas de Orpheu. Contando com a colaboração de alguns participantes da geração anterior, os “presencistas” defenderam uma arte de caráter mais psicologizante. Seus principais representantes foram: José Régio, João Gaspar Simões e Branquinho da Fonseca.
Na literatura portuguesa, a revista Presença (de José Régio e João Gaspar Simões) é por uns entendida como “a contra-revolução do modernismo” (Eduardo Lourenço), e, por outros, como “‘um egundo modernismo”. O Presencismo, organizado em torno desta revista, representou a consolidação de algumas conquistas modernistas da Geração Orpheu e, ao mesmo, um recuo em relação às propostas mais radicais do Primeiro Tempo Modernista. Por isso a Geração Presença é caracterizada como conservadora no nível estético e no plano ideológico.
Privilegiou o psicologismo, a introspectiva radical, a busca do “eu profundo”, o individualismo, a evasão dos problemas sociais. Propôs uma literatura neutra, sem outro compromisso que não tem com ela mesma; mais voltada para a temática niversalizante, intemporal, na busca da “verdade mais profunda”, da “essência”. A reação contra o evasioni A reação contra o evaslonismo e o psicologismo do Grupo Presença iniciou-se com a revista Seara Nova, aglutinando, numa perspectiva mais sociológica, autores como António Ribeiro, Jaime Cortesão e Aquilino Ribeiro.
Corrente literária de influência italiana que anexou alguns componentes da literatura brasileira, nomeadamente a da denúncia das injustiças sociais do romance nordestino. Quer na poesia, quer na prosa, o neo-realismo assume uma dimensão de intervenção social, firmada pelo pós-guerra e pela sedução dos istemas socialistas que o clima português de ditadura mitifica.
Sua matriz poética concentra-se no grupo do Novo Cancioneiro, coleção de poesia, com Sidónio Muralha, João José Cochofel, Carlos de Oliveira, Manuel da Fonseca, Mário Dionísio, Fernando Namora e outros. No romance, Soeiro Pereira Gomes, com Esteiros, e Alves Redol, com Gaibéus, de 1940, inauguraram, na ficção, uma obra extensa e representativa, que também muitos dos outros poetas mencionados (sobretudo os quatro primeiros) contribuíram para enriquecer.
O romance neo-realista reativa os mecanismos da representação arrativa, inspirando-se das categorias marxistas de consciência de classe e de luta de classes, fundando-se nos conflitos sociais que põem sobretudo em cena camponeses, operários, patrões e senhores da terra, mas os melhores dos seus textos anallsam de forma aguda as facetas diversas dessas várias entidades, o que se pode verificar, nomeadamente, em Uma Abe dessas várias entidades, o que se pode verificar, nomeadamente, em Uma Abelha na Chuva, de Carlos de Oliveira, Seara de Vento, de Manuel da Fonseca, O Dia Cinzento, de Mário Dionísio e Domingo à Tarde, de Fernando Namora. Na confluência com o existencialismo e com certas componentes da modernidade, é necessário salientar as obras mais tardias de José Cardoso Pires, O Anjo Ancorado e O Hóspede de Job, de Urbano Tavares Rodrigues, Bastardos do Sol, de Alexandre Pinheiro Torres, A Nau de Quixibá, ou de Orlando da Costa, Podem Chamar-me Eurídice. Características gerais Literatura “engajada”, antifascista, de denúncia social. Busca a conscientização do leitor, a realidade social e a miséria moral. Tensão dialética: literatura ativa – instrumento de transformação social.
Reação contra a “alienação” e o evasionismo da Geração Presença. Negação da “arte pela arte”, privilegiando o conteúdo e a função social da arte. Simplificando da expressão artística, aproximações com a técnica jornalística e com a linguagem cinematográfica, visando à comunicação com o grande público. Em seu limite inferior, o Neo-Realismo resvala no panfletário, na literatura “de com[cio”, desvitalizando o propósito de denúncia pela dissociação entre o conteúdo e a forma artística. Influências Norte-Americanas (Stenbeck, Hemingway e John dos Passos), francesas (o Existencialismo e o “novo romance”) e brasileiras (José Lins, Graciliano Ramos, Érico Veríssimo e Jorge Amado).