O falso conflito entre atividade física e asma
O falso conflito entre atividade física e asma Profr Irene C Rangel getti O indivíduo portador de asma brônquica geralmente vive em precárias condições físicas porque sente-se limltado para a prática ou, no caso de crianças asmáticas, são superprotegidas pelos pais e privadas or12 atividades. Muitas cri ça até mesmo, dispensa s d aulas de educação fís Entretanto, existe a p destes indivíduos receberem os benefícios das atividades físicas através da ginástica respiratória e natação. Ao contrário do que se imagina, a atividade física, quando bem controlada, pode iminuir o número e a intensidade das crises de asma.
Os profissionais de educação fisica precisam conhecer esta modalidade, para que possam auxiliar cada vez mais os portadores de asma brônquica. asmática em qualquer época da vida, sendo que as crises são mais frequentes na infância. Uma crise é definida como uma hiper-reatividade traqueo-brônquica de caráter reversível, ou seja, acomete o indivíduo que passa a apresentar um quadro de tosse, sibilos (chiado) e dispnéia. Geralmente ela desaparece após 3 a 5 dias (Cecil, 1984). Normalmente, a tosse apresenta-se com muco catarro), mas pode apresentar-se também como uma tosse seca.
Os objetivos deste artigo são: a) justificar a necessidade que todo asmático possui de, como qualquer individuo, praticar uma atividade física; b) tentar desmitificar a crença de que o asmático, inclusive o possuidor de AIE, não pode beneficiar-se da atividade física; c) tentar clarificar a confusão existente entre AIE e o cansaço sentido pelo asmático após uma atividade, que aliás é o mesmo sentido por qualquer individuo. DESENVOLVIMENTO 48 De acordo com Krumholz (1978), o asmático crônico está freqüentemente em recária condição física, causada por inatividade, apresentando inclusive um subdesenvolvimento físico.
Uma das razões de se evitar as atividades físicas para a cr- 19 infecções das amígdalas. Como este quadro é também comum a uma gripe, as mães, na intenção de protegerem seus filhos, tentam evitá-la, impedlndo que a criança tome gelados, ande descalça, etc. No entanto, nem sempre um quadro de gripe evolui para uma crise asmática e, por vezes, como a criança acaba não adquirindo resistência orgânica, ao primeiro contato com um sorvete, por exemplo, realmente tem uma gripe.
Na realidade, fora de crise, o asmático deve levar uma vida normal como qualquer criança. As atividades fislcas são também relacionadas à crise, na medida que o cansaço apresentado é parecido com a dispnéia (aumento da freqüência respiratória), uma das características da crise de asma-brônquica. Estas atividades são as responsáveis por um desenvolvimento harmônico do indivíduo (Henriksen & Nielsen, 1983) e como tal não podem ser dispensadas.
O que acontece a uma criança asmática impedida de correr, andar de bicicleta ou praticar qualquer atividade fisica é o mesmo que acontece com qualquer ndivíduo privado destas atividades, ou seja, um subdesenvolvimento que pode trazer várias consequências como musculatura subdesenvolvida, falta de coordenação motora e falta de resistência orgânica. Asma induzida por exercício Há aproximadamente 300 anos, o exercício físico é tido como um agente desencadeador de crise de dispnéia ou broncoconstricção (Meyer, Saute & Winge, 1987).
Este quadro é conh PAGF contínuo, de moderado a intenso, para crianças, e de 6 a 8 minutos após para o adulto (Ancic, 1982). A severidade do exercício é um importante fator que deve ser observado. Um exercício com consumo máximo de 02 a produz maior broncoconstricçáo (Voy, 1985). Testes com bicicleta ergométrica, com freqüência cardíaca de 80 a 90% do máximo predito, por 6 a 8 minutos são capazes de detectar AIE em indivíduos com suspeita da enfermidade (Meyer Neto et al. , 1989).
A broncoconstrição ocorre após o término do exercício, sendo que durante os primeiros minutos ocorre a broncodilatação (observada tanto nos indivíduos normais quanto nos asmáticos) e, após o término do exercício, há um início gradual de broncoespasmo (Meyer, Saute & Winge, 987). Há uma resolução espontânea da crise após 30 a 60 minutos sem tratamento, raramente exigindo medicação para sua resolução. Ou seja, nos portadores de AIE a crise em si é diferente da crise para causas alérgicas ou emocionais, que duram em média de 3a 5 dias.
Muitos autores indicam que a utilização de drogas 92 adrenérgicas por via inalatória pode vir a beneficiar o asmático com AIE, quando ministradas antes do início de qualquer atividade física (Anderson et al. apud Meyer Neto et al. , 1989). Estes autores citam também a atividade física como capaz e trazer beneficios para o portador de AIE. Bundgaard (1985), realizou um estudo com 28 crianças asmáticas partici antes de um treinamento físico durant treinamento, sendo que no grupo controle de 14 crianças a broncoconstrição e a forma física permaneceram Inalterados.
Em Betti & garbosa (1992), foram encontrados resultados demonstrando que, fisiologicamente, as funções pulmonares são inalteradas, permanecendo um mistério, mas o asmático beneficia-se física, social e emocionalmente de programas de atividades fisicas. Noite (1 983), considera que os indivíduos portadores de asma amais devam disputar os primeiros lugares em competições. Entretanto, exemplos de sucesso em competições nacionais e internacionais mostram-nos o contrário. ? surpreendente afirmar que, nos Jogos Olímpicos de Los Angeles, o Comitê Olímpico dos E. IJ. A. identificou 67 entre os 597 atletas olímpicos com asma ou asma induzida por exercício (Voy, 1985). Destes, 41 ganharam medalhas de ouro, prata ou bronze. O único episódio considerado triste foi o do atleta Rick DeMont, norteamericano que ficou mundialmente conhecido quando nesta mesma olimpíada foi desclassificado, perdendo sua medalha de uro, por haver ingerido efedrina, uma droga utilizada no tratamento de crises asmáticas, mas proibida pelo comitê antidoping.
Falhas como esta nao mais acontecem (Meisenheimer jr. , 1983; V importância que as crianças com asma sejam tão fisicamente ativas quanto possível”(p. 585). Muitas vezes as atividades físicas são evitadas para as crianças com AIE (Henriksen & Nielsen, 1983); as mães, ao perceberem que seus filhos entram em crise após uma corrida ou outro exercício mais intenso, acabam por proibir a criança de participar de brincadeiras que incluam estas características (Meyer et al. 987). 49 surpreendente afirmar que, nos Jogos Olímpicos de Los Angeles, o Comitê Olímpico dos EUA identificou 67 entre os 597 atletas olímpicos com asma ou asma induzida por exercício (Voy, 1985). Destes, 41 ganharam medalhas de ouro, prata ou bronze” PAGF 19 utilizada, ou seja, a ginástica respiratória, onde é dada ênfase ao controle voluntário do ato respiratório (Nieto et al, 1979).
Em Nieto et ai, (1979) encontramos a definição de exercício respiratório, a partir dos estudos de Maccagno (1973): “Como exercício respiratório aplicado ao portador de asmabrônquica, compreendemos o ato de nspirar pelo nariz e expirar pela boca, auxiliando a expiração pela contração dos musculos abdominais e fazendo-a mais prolongada que a inspiração “(p. 9). Ginástica respiratória O italiano C. Forlalini parece ter sido o precursor da ginástica respiratória, propondo-a como profilaxia e tratamento da tuberculose pulmonar.
Esta ginástica ou reeducação respiratória foi inicialmente ministrada somente por fisioterapeutas, cujo processo, até hoje, continua sendo Individual e muitas vezes oneroso. O trabalho em grupo, no qual o enfoque é mais global, trabalhando o indivíduo como um todo, foi niciado no Brasil pelo professor Progresso Nieto (César, 1981), sem perder no entanto as características individuais da ginástica respiratória, uma ventilação mais eficaz, uma adequada mobilidade articular da caixa toráxica e da cintura escapular, profilaxia e tratamento de vícios posturais, resistência geral e auto confiança (Nieto et ai, 1979).
A autoconfiança parte da segurança adquirida no decorrer do trabalho, relacionada ao controle d controle da respiração durante todos os 50 exercícios. A inspiração é nasal, com ênfase na expiração que é mais longa. O controle da ase expiratória é conseguido através de uma pressão consciente intra-abdominal sobre o músculo diafragma, principal músculo da respiração (Lapierre, 1982; Maccagno, 1973; Nieto et ai, 1979). No exercício respiratório o asmático deve inspirar pelo nariz e expira pela boca (produzlndo ou não sons).
Este exercício pode ser efetuado com a ajuda dos pais, através de uma pressão sobre as ultimas costelas na fase de expiração. Quando em crise, o asmático utiliza também a musculatura acessória da respiração, tornando-se um hipertenso. Muitas das deformidades da caixa toráxica, citadas nteriormente, são devidas a uma má respiração. Ao professor de educação física cabe conscientizar os pais das possíveis deformaçóes e atuar sobre os problemas funcionais (sem agressão óssea).
Quanto aos problemas estruturais, o trabalho deverá ser de reforço e relaxamento muscular, o que pode beneficiar o indivíduo não agravando o problema, mas sua redução é impossível (Nieto et al. , 1979). Com o crescimento, muitas vezes o problema pode passar desapercebido, a esar de existir. Natação controle respiratório e corporal e o aprendizado e aperfeiçoamento de habilidades aquáticas, o esenvolvimento da resistência, do sistema muscular, do sistema cárdio-vascularrespiratório e a expansão pulmonar (Nieto et ai, 1979). ara Pituch & aruggeman (1982) a natação contribui para fortalecer todos os músculos, especialmente o diafragma e os musculos respiratórios auxiliares. Sua utilização é recomendada, tendo em vista os seguintes fatores: controle eficiente da respiração, posição horizontal, pressao hidrostática, menor aumento da temperatura corporal e inalação de ar mais quente e úmido pelo vapor encontrado na superfície d’água e pelo ambiente, tanto da água quanto do local, erem mais temperados. Além deste fatores, são também considerados por Moisés (1989) o relaxamento e o trabalho postural conseguido através da água.
Apesar de muito auxiliar na respiração, o treino da natação comum, da forma como é ministrada em escolas e clubes, não é capaz de auxiliar a criança a controlar uma crise. O que ocorre geralmente é uma maior resistência da criança. Vários programas de natação fazem menção a natação especial, mas o que se vê é a aplicação da natação convencional (Oliveira, 1988). Muitas crianças melhoram quando requentam programas que incluem a natação, porém os efeitos fisiológicos não são ainda nhecidos ou não se plenamente, aprendendo a controlar suas crises, sendo que os sintomas diminuem e até mesmo desaparecem”. asta um trabalho em torno da natação para a superação de uma crise, que somente é conseguida através da reeducação respiratóna. A natação é um complemento e deve ser utilizada nos períodos intercriticos. CONCLUSÃO De acordo com o exposto acima e baseados também em nossa experiência de 15 anos como professora de ginástica respiratória e natação para smáticos, podemos afirmar que estes se beneficiam plenamente, aprendendo a controlar suas crises, sendo que os sintomas da doença diminuem e até mesmo desaparecem.
Os pais por sua vez, sentem-se mais otimistas e confiantes, conseguindo auxiliar as crianças ao invés de se desesperarem, como acontece antes do in[cio do curso. RFRNIA EEECSBLGAICS ANCIC, P. Asma inducida por ejercicio. Revista médica do Chile, 110 (7): 710-714, 1982. BETTI, I. R. & BARBOSA, G. O. S. Efeitos da Ginástica Respiratória e da Natação como auxiliar no tratamento de crianças asmáticas no rise. Anais da