Por uma imagem imaculada

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Por uma “imagem imaculada” Os brinquedos confeccionados em “matéria plástica” produzidos industrialmente, facilmente promoviam, incitavam através de suas cores, texturas, volumes e principalmente pela “beleza” de suas formas, um forte apelo a nossa particular e pôr que não dizer “instintiva” necessidade em deter, reproduzir, e pôr fim “possuir” todo um elenco de objetos e “coisas” as quais, segundo nosso próprio entendimento, de alguma forma credenciavam – nos a pertencer, a “estarmos” de fato no mundo.

Quase tudo o que conhecíamos e “imaginávamos”, víamos ser facilmente moldado, configurado, sobre as superfícies rtificialmente maleá derivados do petróle As crianças, ao mon casa de bonecas, se do fundo de seu “uni ríveis objetos OF6 Swipe v apache”, ou uma ntos, requisitavam de elementos dotados de “significação”, os quais pôr sua vez, permitiam operar uma meticulosa construção simbólica- imagística, homogeneamente articulada, negociável, segura e inocente.

Neste sentido, ao dotá-los de “significação”, passávamos a encará-los como elementos de fácil dominação, isto, quando vez ou outra, não acabávamos por convertê-los numa espécie de “réplica” perfeita. Assim passamos a desenvolver algumas considerações elacionadas á “fotografia”. Justificamos tal escolha, em função de tê-la a muitos anos acolhido, como eficiente tradução de um mundo permeado de códigos e representações; espécie de “espelho” ou “amuleto” capaz de reproduzir ao infinito um universo de coisas pôr ela facilmente “aprisionado”.

Logicamente devemos dizer que, efetuados os devidos ajustes, e atualizações, passamos a perceber em relação à fotografia, a ocorrência de idêntico fenômeno relatado em minha primeira experiência com os materiais “sintéticos”. De alguma forma seu estatuto foi seriamente corrompido. Seu caráter “aurático”, seu aspecto original, único, impenetrável, “verdadeiro”, parece ter-se diluído em meio aos inúmeros, arrojados e muitas vezes grotescos modos de representação hoje utilizados pelos indivíduos em suas práticas comunicacionais.

Mesmo tendo em sua fase Inicial, recorrido a outras técnicas e conceitos estéticos, (não esqueçamos da pintura) e pôr longas décadas ter contribuído fortemente para o surgimento e implemento de tantas outras “tecnologias” ligadas a produção visual e audiovisual (cine, vídeo, internet) sempre ligadas à antiga e eterna necessidade de “reprodução/representação”, a otografia, parece ter infelizmente perdido ao final do século XX o controle sobre si mesma. Diferentemente de outras eras/épocas, quando desfrutava de um inabalável “status” o qual lhe aproximava das “esferas” ligadas ? ciência e a arte, por exemplo. ? como se da/na sutil e rápida “passagem” do suporte “analógico para o digital” o próprio ato de fotografar, perdesse de fato significativa parcela de suas referências, pois fotografar, quase sempre compreendia um prolongado exercício de espera. Na verdade o que intriga é, como um sofisticado mecanismo/ processo de representação, surgido no século XIX e instituído em lena “modernidade”, amplamente reconhecido pôr sua austera composição estética e iconografia rica em elementos lúdicos, ingenuamente acreditou-se impenetrável.

Novas formas de percepção passam a ser frequentemente efetivadas pela constante necessidade em experimentarmos desconhecidas e inéditas “visualidades”, frutos desconhecidas e inéditas “visualidades”, frutos de uma “tecnologia de ponta” identificada com uma nova era, chamada “virtual”. A fotografia atual, pôr intermédio de suas automáticas “máquinas semióticas” (câmeras digitais), permitiu que a humanidade udesse resgatar e ultrapassar sua própria “essência imaginária”.

Respaldada pôr uma “parafernália” de computadores e “softwares”, a “Imagem virtual” parece ter acenado a uma sociedade “robotizada” sobre a possibilidade ou o direito de “sonhar”. Também sabemos que, de quando de seu surgimento, no século XIX, em plena era “moderna”, a fotografia analógica, ao ser apresentada como inusitada solução formal ao modo de apreensão ou representação visual desfrutou de igual estatuto. Aparentemente as fotografias elaboradas na “modernidade” pareciam Identificar-se com o “relato fiel” do cotidiano e cultura e um povo.

Da segunda metade do século em diante, a fotografia passou a integrar e servir um mundo tecnologicamente avançado no qual os indivíduos passaram a relacionar-se através de milhares de imagens compartilhadas. Instaura-se um “imaginário” coletivo e padronizado. Um pouco mais adiante, com o fantástico aprimoramento do cinema e da própria televisão, as imagens como que num “piscar’ de olhos, começam a recebem um tratamento estético jamais visto. Para tanto, uma infinidade de efeitos “plásticos e sonoros” vem compor o conteúdo da mensagem.

A informática pôr sua vez, ao final do século XX. em consolidar seu espaço junto aos meios de comunicação, e como resultado de sua enorme influência acaba por instaurar-se como essencial “ferramenta” posta à serviço da comunicação neste novo milênio. Decorre que, da conjugação e troca de tais habilidades – 3 novo milênio. Decorre que, da conjugação e troca de tais habilidades – tais “tecnologias-visuais” acabam pôr de alguma forma “contaminar a fotografia, naquilo que entenderíamos como sendo sua “essência”.

Muito distante das imagens produzidas a mais de cem anos atrás, a fotografia digital/virtual de modo algum consegue deter em seu nterior qualquer aspecto ou estatuto de “verdade”. Produzidas e reproduzidas ao extremo, tais imagens, quando apresentadas como “espetáculo”, tendem a ser reconhecidas apenas pôr sua mera “ironia”. A cultura, os costumes e as imagens se entrelaçam e se misturam. O homem contemporâneo deve a qualquer preço ser revisto, reinventado, “multiplicado” pela intervenção de suas múltiplas “representações”.

Como se toda “abstração imaginária” se tornasse/ estivesse cada dia mais “presa” a um mero suporte tecnológico. Como em uma autêntica “linha de produção”, as imagens virtuais evessem ser velozmente aprontadas para os mais variados gostos e funções. As imagens pós-modernas, ao configurarem-se em meio a milhares de computadores, não costumam deixar rastros. Efêmeras, parecem de fato não se importar com o tempo previsto de sua existência. Diferentemente de suas “ancestrais” – cópias em papel, – estas imagens costumam descartar qualquer instância que lhes possibilite algum tipo, alguma garantia de permanência.

Como que de um modo intencional, fossem feitas para não durar. Seu valor seria estipulado pela/na exata proporção de tempo em que permanecem configuradas na “tela”. Quem viu, viu, quem nao wu…. ‘ Fazemos tal afirmação, pôr entendê-las como representações abertas as mais prodigiosas e insólitas interferências. Como já foi dito, são fotografias oferecidas como “espetáculo”. Tornam-se espetáculo não som interferências. Como já foi dito, são fotografias oferecidas como “espetáculo”. Tornam-se espetáculo não somente pela instantaneidade como se apresentam, mas pelo modo como podem ser livremente manipuladas ou corrompidas.

Alteram-se as cores, as formas, o cenário. Altera-se sua própria identidade. A dimensão imaginária sem qualquer esforço assume o controle. O indivíduo pós-moderno, demonstra ou parece ter perdido o interesse pôr imagens tidas como documento. Muito pelo contrário, as Imagens virtuais, multas vezes parecem operar uma espécie de “apagamento”. A prática fotográfica, infinitamente mais rápida, segura e “limpa”, fez com que a humanidade novamente a “descobrisse” como eficiente instrumento de comunicação.

De Igual forma, admitimos o quanto á farta produção de “imagens virtuais” foi, e continua sendo capaz de recuperar e promover novas “relações” entre os homens e seus fazeres. Ou seja, mesmo reconhecendo a eficácia comunicativa ontida/promovida pelo/nos textos fotográficos virtuais, arriscamo-nos a dizer, que os mesmos, resguardados alguns aspectos, apresentam em seu conjunto, falhas significativas. Neste sentido, o que realmente instiga, é esse aparente “descaso” encontrado nas imagens virtuais em relação aos suportes fotossensíveis desenvolvidos anteriormente.

Atualmente frágeis e efêmeras, as fotografias elaboradas pela sociedade pós-moderna, pela rapidez com que são “configuradas” e “desconfiguradas” na tela, causam a impressão de que de fato não existem. Com o advento da “fotografia digital”, o próprio “ato de fotografar” radicalmente se altera. Super automáticas, as câmeras digitais, parecem dispensar, desprezar, qualquer ajuste ou controle individual. Como se voltássemos no tempo, e nos deparássemos, com idêntica S individual.

Como se voltássemos no tempo, e nos deparássemos, com idêntica controvérsia surgida na fotografia em seus primeiros tempos. Mas dentre todas essas questões que se apresentam, a que mais nos intriga, é aquela que justamente refere-se, a aquilo que julgamos ser o elemento mais valioso ou importante da fotografia; o seu instantâneo. Nos refirimos na verdade, a um momento posterior ao acionamento da camera ou do “click”. Uma ruptura no tempo no espaço, no qual o “fotógrafo” consciente de seu esforço, passaria a “aguardar” o momento de “rever” sua paisagem, anteriormente vislumbrada pelo visor.

As imagens virtualizadas, nos fazem estremecer. Igualmente compartilhadas, tal como os “brinquedos sintéticos” ainda presentes em nossas memórias, estas “figuras” parecem querer materializar-se. Produzidas ao extremo, numa rigorosa “escala industrial”, as fotografias digitais, a nosso ver, facilmente assemelham-se aos milhares de brinquedos manufaturados em “matéria plástica”, inicialmente descritos neste texto. As imagens virtuais insistentemente tentam retirar da fotografia nalógica sua autenticidade, seu valor, seu poder de “presença”.

As imagens fartamente negociadas pôr uma sociedade, cujas estratégias de comunicação, costumam estar diretamente ligadas a sua capacidade de produção de “significados”, apenas dão conta de recuperar do cotidiano coletivo, inexpressivos fragmentos, onde “versões de realidade” são oferecidas interruptamente. Na espera de algum dia, quem sabe assumirem, tomarem o lugar de sua já enfraquecida antecessora, e pôr fim, consagrar- se como fidedigna representação de uma sociedade ansiosa, multifacetada, desprovida de identidade e ilusões.

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