Psicologia aplicada

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Estudo de Caso: Psiquiatria – anorexia nervosa. Paciente de 16 anos, do sexo feminino, com diagnóstico de anorexia nervosa. Apresentava-se desnutrida, anêmica e amenorréica com histórico de dietas restritivas, não aceitação de tratamentos há seis anos e várias tentativas de suicídio. Somente aos 20 anos aceitou acompanhamento com um psiqulatra. Foi informada da proposta terapêutica, em grupo formado por oito adolescentes de ambos os sexos, com idades de 15 a 20 anos e problemáticas diversas.

Na primeira entrevista individual a mãe relatou que a adolescente faz terapia desde os dois anos de dade por indicação da escola: seus desenhos eram sempre muito escuros; comia apenas sentada à mesa da diretora e nunca com to view outras crianças. Relação familiar: rela por diversas sltuaçõe sofridos, também foi u 1•- suas falas expressa i desqualificar a figura masculina. e, permeada castigos físicos heceu o pai, e em esse fato, além de Escolaridade: freqüentou a escola até 0 1a colegial e abandonou após repetência.

Não quer estudar, pois sentiu-se “destratada” por professores, o que acentuou sua dificuldade de relacionamento com grupos. Sente medo de estar entre muita gente e andar sozinha na rua. Sexualidade: duas relações heterossexuais sem prazer. É apaixonada por uma garota com quem nunca manteve relações sexuais. Já foi agredida por causa de sua homossexualidade pela mãe e no bairro onde morava. Drogas: já fez uso de maconha e cocaína. No in[cio do tratamento Swlpe to vlew next page tratamento apresentava-se sempre vestida com jeans, camisetas pretas, boné escondendo parcialmente seu rosto.

Como atividade de apresentação ao grupo foi utilizada técnica expressiva: ante a grande variedade de materiais (caneta hidrocor, giz de cera, lápis de cor, papel sulfite), cada um deveria scolher as duas cores que mais o atraíssem no momento e criar algo para se apresentar ao grupo. Fez desenho abstrato e versos. Nas sessões iniciais mostrava-se desconfiada, falando pouco, observando atentamente. Na terceira sessão traz poema que aborda um “eu” desiludido, cansado de não ser ouvido, terminando com alguma esperança de um “euzinho” novo nascendo, depois de várias tentativas de suicídio.

Participava cada vez mais das sessões, interferindo na problemátlca trazida pelos colegas e lendo seus poemas que falavam de suas dores. Aos poucos começa a aceitar as interferências da profissional. Após dois meses no grupo fala de suas dificuldades e, aos poucos, sobre dificuldades na área da sexualidade, contando suas vergonhas, medos e dificuldade para “transar’. No evoluir do tratamento vem sem o boné, diversifica a cor das camisetas, o cabelo está bem cuidado, diz ter engordado um pouco.

Ao contar para o grupo sobre sua homossexualidade, é acolhida respeitosa e afetivamente, o que parece deixá-la bem. Mostra-se cada vez mais integrada, comentando fatos da sua vida. Fala cada vez mais livremente sobre sua sexualidade. Avalia a importância de ouvir a problemática dos outros e fala ue perceber a gravidade de algumas situações fez com que reavaliasse seus próprios problemas e os redimensionasse. Traz sonhos para a terapia, nos seus próprios problemas e os redimensionasse.

Traz sonhos para a terapia, nos quais aparecem o medo da rejeição, sensações de pânico e situações de proteção sufocante. Relata mudanças na sua relação com a comida: está-se alimentando melhor e gostando de comer, inclusive com o grupo, além de não se incomodar de sentir fome. Voltou a menstruar. Verbaliza que sente raiva e nao suporta a mãe, principalmente quando pensa nas coisas boas que deixou de fazer por causa ela. Ao mesmo tempo sente-se devedora, pois sempre foi cuidada por ela. Sente muita culpa quando pensa em abandoná- Volta a estudar e sente-se bem na escola.

Sai com amigos, começa a namorar um rapaz com quem tem relação que descreve como bastante agradável. O relacionamento sexual é prazeroso. Conseguiu trabalho e sente-se satisfeita. DISCUSSAO Apesar da idade, possuía características psíquicas próprias da adolescência (crise de identidade, relacional, familiar, de auto- estima e de falta de sentido para a vida). “Quando eu tinha 12 anos, um cara de uma agência disse que ão dava pra eu ser modelo porque estava um pouco barriguda, apesar de alta e magra.

Comecei a fazer dietas Nessa frase percebe-se o peso do contexto sociocultural como um dos principais fatores predisponentes da AN. Além disso, evidencia-se a excessiva e infundada inquietação com o aspecto de uma parte do corpo (a barriga), citada na literatura. (GIORDANI, 2006, p. 82). “Tenho vergonha de ficar nua. Acho-me horrível. Não me olho no espelho”. “Esse negócio de menstruação comigo não dá certo nua. Acho-me horrível. Não me olho no espelho”. “Esse negócio de menstruação comigo não dá certo, sinto muitas dores”.

Estas falas mostram desprezo e rejeição pelo próprio corpo, negando- lhe a satisfação de suas necessidades seja através do alimento ou do exercício de sua sexualidade. Dessa forma, a paciente busca o estado de não necessitar. Na visão existencialista, indivíduos anoréxicos rejeitam o próprio “eu”, em que estão presentes, entre outros aspectos, sua vida instintiva e desejos vorazes. Eles estão empenhados em criar um novo “eu”, incorpóreo e totalmente controlado por uma mente pura, que deseja quebrar os vínculos com o corpo e com suas demandas instintivas, sentidas como escravizantes.

O que faz o anoréxico desejar romper a ligação com o corpo são as expectativas negatlvas de que suas necessidades não podem ser satisfeitas. Na busca pelo novo “eu” o anoréxico descobre-se numa situação paradoxal: deseja controlar-se, cria um novo “eu” controlador e aí se encontra totalmente controlado por ele, contra o qual é inábil para se rebelar. O apetite luxurioso que o anoréxico crê estar presente em seu velho “eu” continua no novo “eu”, mas não mais dirigido aos prazeres da comida e do sexo. Seu objetivo agora é conseguir a dissolução física.

O objeto de voracidade é a perda e peso, o prazer está em domlnar o corpo (RUSCA, 2003, p. 494-495). A imagem corporal num contexto existencial é a revelação de uma identidade e sua estruturação se dá no contato e na troca continua com outras imagens corporais (GIORDANI, 2006, p. 85). O modo como se vivencia a relação com o corpo expressa os limites e possibilidades da identidade (SANTOS, 2 como se vivencia a relação com o corpo expressa os limites e possibilidades da identidade (SANTOS, 2006, p. 400).

Assim, o trabalho em grupo heterogêneo, através das trocas possibilitadas, parece ter ajudado na reformulação tanto da imagem quanto da dentidade corporal, o que propiciou além da melhora da NA, um questionamento de sua sexualidade, com o surgimento de um relacionamento afetivo heterossexual, que lhe parecia impossível no início do tratamento. No processo de individuação a quebra da relação simbiótica mae- filha é lenta e se desenvolve à medida que surgem a consciência de si e do desejo, coincidindo com a noção de não ser parte da mãe, mas sim uma entidade autônoma.

Tal noção ainda não está bem desenvolvida no caso em questão: uma vive em função da outra e oscilam entre momentos em que se odeiam e outros m que sentem não poder viver uma sem a outra. O alimento é o primeiro meio de comunicação entre mae e bebê, e recusá- lo pode ser uma forma de rejeitar os laços físicos e psicológicos com a mãe: pode ser um caminho para romper o cordão umbilical (RUSCA, 2003, p. 492). A transmissão da vida implica na transmissão do íntimo desejo de viver, sem o qual o corpo falha.

Na anorexia a vida e o corpo separam-se um do outro, há uma ruptura entre a necessidade e a demanda, levando a um desequilíbrio na vida instintiva (PERENA, 2007, p. 529). “Não gosto de comer na frente dos outros, fico incomodada. Tenho nojo de imaginar a comida se desfazendo na boca das pessoas Esta frase expressa a grande dificuldade sentida em relação ao alimento e ao ato social de comer, e envolve uma negação a participar do rito social da aliment alimento e ao ato social de comer, e envolve uma negação a participar do rito social da alimentação.

O ato de alimentar- se envolve uma dimensão simbólica do alimento, além de reforçar os vínculos soclais através de rituais coletivos de compartilhamento alimentar. Analisando a AN pelo prisma da resistência corporal ao alimento, ela seria a negação das xperiências coletivas de comensalidade, uma tentativa de quebra do vinculo social que nos humaniza. A dieta significa um sucesso pessoal ante as crises familiares e as dificuldades e incompetência para lidar com os problemas habituais (GIORDANI, 2006, p. 87).

A rejeição sentida subjetivamente transforma-se, na anorexia, na rejeição ao proprio corpo e na submissão a ideais confusos pelos quais Indivíduos anoréxicos se orientam (PEREÑA, 2007, p. 529). Uma outra característica citada na literatura, a necessidade de controlar o ambiente, aparece na criação de personagens, que a aciente cita como uma forma de atrair a atenção das pessoas e também de se relacionar com os profissionais de saúde. “Se eu não viesse na terapia não teria conseguido tudo que consegui este ano [… Pus até espelho no banheiro”, referindo- se às mudanças na relação com o corpo. “Sou ex-anoréxica. Tenho fome e estou gostando de comer”. Essas frases refletem o engajamento ao tratamento e sinalizam que ao ser acolhida pelo g upo de maneira respeitosa, sentiu se mais segura para entrar em contato com seu mundo interno e compartilhá-lo, passando a não utilizar apenas seu corpo para expressar seus onflitos internos, embora ainda o utilize para comunicar estados psíquicos. Escutar os problemas dos outros, ver que el embora ainda o utilize para comunicar estados psiquicos. “Escutar os problemas dos outros, ver que eles têm problemas de saude sérios me faz pensar que alguns de meus problemas são criados por mim”. Essa fala faz refletir sobre a importância da participação num grupo heterogêneo, no qual cada um tem uma problemática diversa, o que permite vivenciar a ampliação da tolerância afetiva. Ressalte-se que o trabalho terapêutico empregado não foca o comportamento anoréxico, o que pareceu er vantajoso.

A intenção de utilizar o trabalho em grupo heterogêneo foi a possibilidade de favorecer um espaço permissivo e seguro, onde o adolescente, que vive um acelerado processo interno de busca para a construção de uma identidade cada vez mais autônoma, singular e psiquicamente capaz, pode, através do compartilhamento das diferentes formas experimentadas por seus pares de ser e estar no mundo, refletir, clarear e conscientizar seus próprios objetos de busca, além de conhecer outros meios de sistematizar e organizar sua ação no mundo.

No grupo, os pacientes vão-se aproximando afetivamente começam a descobrir-se capazes de cuidar dos outros. Assim, percebem que também podem cuidar de si mesmos, aprimorando habilidades socloafetivas e aumentando a sensibilidade em relação às próprias necessidades emocionais. A participação no grupo facilita a percepção de que são capazes de comunicar aos outros suas demandas afetivas eficientemente e com maturidade. Poder compartilhar suas soluções eficazes para alguns problemas gera alívio e conforto emocional (SANTOS, 2006, p. 00). De acordo com Bechelli e Santos (2005b, p. 251), na psicoterapia grupal o grupal o terapeuta é também um membro do grupo, mas om um papel diferenciado, no sentido de dirigir e coordenar o funcionamento do mesmo. Além disso, deve facilitar a participação e interação entre os pacientes, estimulando a participação das pessoas que têm dificuldade para se expor, mantendo o foco da conversação, mediando conflitos e assegurando o cumprimento das regras estabelecidas.

A personalidade do terapeuta exerce influência no grupo e algumas características são consideradas muito importantes: empatia, habilidade para criar e manter relacionamentos satisfatórios e afetuosos, sinceridade, respeito e entusiasmo. No trabalho aqui analisado, o papel da terapeuta no grupo consiste basicamente em, no inicio, favorecer um clima terapêutico de respeito incondicional, acolhimento e aceitação para facilitar a participação ativa de cada integrante, através da expressão sincera e sem censura de quaisquer sentimentos pessoais.

A partir dessas colocações as intervenções terapêuticas visam estimular a discussão sem julgamentos entre os participantes, através de relatos de sua forma de encarar e lidar com sltuações semelhantes em sua vida. As ações da terapeuta têm por objetivo também auxiliar cada um a perceber reações mocionais, comportamentos e atitudes que constituem um padrão pessoal que tem relação com a problemática trazida.

O questionamento busca desestabilizar tal padrão, na tentativa de ajudar a fazer surgir um novo padrão que possibilite uma nova forma de ser e estar no mundo, mais compatível com as necessidades e desejos identificados. Segu PAGF forma de ser e estar no mundo, mais compatível com as Segundo Santos (2006), o grupo homogêneo, em que todos têm diagnóstico comum, facllita a participação individual e favorece a troca de experiências de vida particulares, o que tem potencial terapêutico.

No entanto, na experiência aqui relatada, a heterogeneidade do grupo favoreceu um ambiente terapêutico em que as grandes diferenças entre os participantes representaram importante contribuição terapêutica para as transformações vividas pela paciente. Aqui a homogeneidade reside numa condição: na adolescência e não num diagnóstico comum. Parece ser então o processo terapêutico grupal, seja ele em grupo homogêneo ou heterogéneo, que cria condições favoráveis às mudanças pessoais, através da rica troca de experiências, e facilita a ressignificação de valores, crenças e sentimentos.

Ao atingir tal estágio no processo terapêutico, as pessoas relatam diminuição no grau de sofrimento vivenciado e o sentimento de uma vida mais satisfatória. Caso 2 Joaozlnho (nome fictício), paciente de 11 anos, Irá completar 12 no próximo mês,em abril, classe média alta, iniciou a terapia cognitivo comportamental em outubro / 2007. Seus pais vieram na primeira consulta para conversar sobre o filho. Relataram que Joaozinho é uma criança dócil, responsável,educada e carinhosa.

Joãozinho tem um bom desempenho escolar, é jogador de futebol do Flamengo (fict(cio) (federado), tem muitos migos, apresenta uma boa relação com sua família, amigos e professores. Nos momentos vagos, Joaozinho procura sempre ir a prai sua família, amigos e professores. Nos momentos vagos, Joaozinho procura sempre ir a praia com seus pais, jogar videogame e futebol com os amigos. Não apresenta traços de agressividade. Joaozinho completou todas as suas etapas de desenvolvimento dentro dos limites normais de idade.

Os pais também relataram que Joaozinho parece ter mais intimidade e liberdade com sua mãe do que com o pai, se sentindo mais ? vontade para falar sobre suas notas escolares, o desempenho no utebol e até mesmo para pedir para comprar alguma coisa, coisa que com o pai, Joaozinho não faz. Sempre foi muito comparado com a figura do seu pai pelas pessoas, inclusive pelo próprio pai, que relata o tempo todo que o filho se parece muito com ele em todos os aspectos.

O pai também trabalha no Flamengo e é muito bem sucedido profissionalmente. A mãe disse que há algum tempo vem observando que Joaozinho tem demonstrado uma certa ansiedade quando seu pai assiste seus treinos no futebol, com receio de não ter um bom desempenho e decepcionar o pai. Além disso, quando Joaozinho tira uma nota 6. , por exemplo, chora, dizendo que deveria ter tirado uma nota mais alta e fica com medo de contar para o pai, mesmo sabendo que seu pai vai apóia -lo e ficar satisfeito com a nota 6,0.

O pai nunca exerceu nenhum tipo de cobrança ou exigência em relação ao filho. Os pais queixaram-se que Joaozinho apresenta ansiedade em determinadas situações, como evitar comprar um remédio na farmácia, entrar numa loja para comprar roupa, pedir de volta dinheiro que emprestou aos colegas da escola, dentre outras situações parecidas. O pai vem tentando modificar o comportamento de Joaozinho nes

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