Simbolismo: nostalgias e devaneios a depressão dos escritores do século xix
O simbolismo literário surgiu na França com os poetas Verlaine, Mallarmé e Rimbaud. No Brasil começou com a publicação de Missal e Broquéis de João da Cruz e Sousa. Neste período as escolas literárias predominantes eram realismo, parnasianismo e romantismo. O simbolismo foi apelidado de “decadentismo” fazendo uma alusão à decadência dos valores estéticos da época e uma dissimulação que neles deixava. Naquela época (1884) os homens se desiludiram com as conquistas científicas porque elas se mostraram impotentes para resolver os problemas da humanidade.
Contra todo esse aterialismo a poesia simbolista pregava o sonho. ors Contra todo esse ma ial• a poesia simbolista p av o sonho Os simbolistas têm interesse maior no individualismo; visam o interior do indlviduo. Opõem-se a poesla parnasiana e se aproximam da estética romântica. Contudo mais do que voltar-se para o amor, os simbolistas procuram o “eu” profundo, buscam o inconsciente. Principais nostálgicos João da Cruz e Souza nasceu em Florianópolis, Santa Catarina. Era filho de escravos, foi alforriado e dirigiu um jornal abolicionista.
Casou-se, teve quatro filhos; ambos morreram prematuramente. Sua mulher enlouqueceu após o ocorrido. Em 1897 teve tuberculose. Ficou pobre e procurou procurou refúgio em Sitio, Minas Gerais, e ali morreu. Cruz e Sousa é um dos principais escritores do simbolismo apesar de ter apenas um livro publicado em vida: Broquéis. Existem dois outros volumes escritos por ele, mas ambos são póstumos. Suas obras falam sobre a dor e sofrimento do homem negro e o sofrimento e a angústia do ser humano. Está presente em suas composições a sublimação, que é a anulação da matéria.
Assim liberando a espiritualidade que para o escritor só poderia ser conseguida através da morte. Uma curiosidade sobre as obras de Cruz e Sousa é a obsessão pela cor branca e tudo que sugere brancura. Vozes veladas, veludosas vozes Volúpias dos violões, vozes veladas, Vagam nos velhos vórtices vorazes Dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas… ” (Cruz e Souza, Trecho de Violões que Choram) Outro escritor que também contribuiu para o simbolismo no Brasil é Alphonsus de Guimaraens. Nascido em Ouro Preto, Minas Gerais.
Sofreu a vida toda pela perda de sua noiva Constança. Anos após o ocorrido, Alphonsus casou-se de novo e mudou- se para Mariana, Minas Gerais. Lá foi nomeado Juiz, daí passou ser conhecido como o ‘solitário de Mariana’. Suas obras são compostas em um triângulo: misticismo, amor e morte. Seu amor por Constança está presente em toda sua vida e obra poética. Lendo os poemas de Alphonsus sente-se uma tristeza pr toda sua vida e obra poética. Lendo os poemas de Alphonsus sente-se uma tristeza profunda, o poeta mostra na maioria de suas obras o anseio de rever Constança.
Alphonsus dizia que a única forma de se aproximar de seu amor seria a morte. Muito religioso, notasse em algumas de suas obras alusões à Maria e a elementos do catolicismo. Noiva… Minha talvez… E porque não? Setembro Volta. Setembro é o mês das laranjeiras castas. Vens de grinalda branca, a voar… Ah. Bem me lembro: A veste com que foste é a mesma que hoje arrastas. Foste de branco e vens de branco ainda trajada. O parélio imortal do gênio que te anima Surge no resplandor que te aureola a cabeça. Atenta escutas os meus versos rima a rima, E mandas que em cada um a tua Alma apareça.
Quero abraçar-te e nada abraço… O que me assombra É que te vejo e não te encontro com os meus braços. Morta. (Alphonsus de Guimaraens, trecho de Noiva) Augusto Carvalho Rodrigues dos Anjos nasceu no Engenho Pau D’arco, Paraíba. Dedicou-se ao magistério. Tornou-se diretor de um Grupo Escolar de Leopoldina, Minas Gerais. Lá ele escreveu alguns poemas, o primeiro, Saudade e o segundo Eu. Um fato marcante na vida de Augusto dos Anjos foi a perda de seu primeiro filho nascido morto. O escritor morreu jovem com pouco mais de trinta anos.
Apesar da sua juventude, os padecimentos ffsicos tinham-lhe g PAGF3rl(FS jovem com pouco mais de trinta anos. Apesar da sua juventude, os padecimentos físicos tinham-lhe gravado no semblante profundos traços de senilidade. “O beijo” Pintura de Gustav Klimt Algumas características de seus versos são de transmitir a dor humana ao reino dos fenômenos sobrenaturais. Poemas com linguagem cientificista-naturalista e muitos termos técnicos. Soneto ao meu primeiro filho nascido morto com sete meses incompletos em 2 fevereiro 1911.
Agregado infeliz de sangue e cal, Fruto rubro de carne agonizante, Filho da grande força fecundante De minha brônzea trama neuronial, Que poder embriológico fatal Destruiu, com a sinergia de um gigante, Em tua morfogênese de Infante A minha morfogênese ancestral?! porção de minha plásmica substância, Em que lugar irás passar a infância, Tragicamente anônimo, a feder?! Ah! Possas tu dormir, feto esquecido, Panteísticamente dissolvido Na noumenalidade do não ser. (Augusto dos Anjos. Trabalhando com o deslocamento e atenuação do acento tônico do verso os simbolistas alcançaram grande fluidez e musicalidade. Um exemplo de musicalidade é a aliteração que consiste na repetição de consoantes. Os temas usados pelos simbolistas como já deu para perceber são m[sticos, espirituais e místicos, espirituais e ocultos. Abusa-se da sinestesia que é a sensação produzida pela junção e cores e sabores como, por exemplo: “cheiro doce” ou “grito vermelho’ E o uso das assonâncias que é a repetição de vogais, onde se têm o grande poder de sugestão e várias possibilidades de interpretação.
Outra característica encontrada em poemas simbolistas é o emprego de letras maiúsculas utilizadas para dar um valor absoluto a termos tidos como importantes. para interpretar a realidade os simbolistas se valem da intuição e não da razão ou da lógica. Um dos princípios básicos era sugerir através das palavras sem nomear objetivamente os elementos da realidade. O mundo estava em reviravolta devido a guerras e revoluções os escritores tentavam fugir dessa realidade, perdiam-se em pensamentos e sonhos.
E tudo o que passava no intimo de suas almas é refletido através de seus poemas. Na época em que começou a tendência simbolista, a grande maioria do prestígio se destinava ao parnasianismo, que não deixou margem para que se reconhecesse o movimento simbolista e avaliasse o seu valor e alcance. Seus valores foram tão importantes que hoje pode ser vista sua repercussão e influências notórias em relação à literatura moderna. Uma ode aos simbolistas!