A multiplicidade de estudos

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EQUIPAS DE TRABALHO: EFICÁCIA OU EFICÁCIAS? Lourenço, P. R. , Miguez, J. , Gomes, A. D. & Freire, P. Universidade de Coimbra – FPCE/ISR prenato@fpce. uc. pt Universidade do Porto – FPCE Resumo uma parte substanclal da investigação mais recente dedicada a grupos e equipas de trabalho centra-se sobre a temática da eficácia. para um olhar menos atento, a reduzida discussão em torno do significado de eficácia, por parte da comunidade cientifica, poderá sugerir objectividade, clareza e univocidade do conceito.

A investigação empírica e os diversos modelos explicativos de eficácia das equipas de trabalho Swipe to page presentes na literatur verificar que coexiste no ar 18 ou representações d fica:. conceptualizações e medida, cada investi item, contudo, perspectivas distintas nstrumentos de em que lhe é própria, uma forma de identificar, descrever, avaliar e explicar a eficácia.

A eficácia tende a ser vista, a maior parte das vezes, como realização de objectivos, produtividade, rendibilidade, desempenho, eficiência ou rendimento; outras vezes, como sobrevivência ou viabilidade de uma equipa de trabalho; outras ainda, como satisfação dos membros da equipa, qualidade de ida da mesma, ou intensldade da sua experiência afectiva; por último, numa perspectiva que enfatiza critérios associados às relações da equipa com a sua envolvente, como é o caso da satisfação dos clientes.

Esta diversidade está presente igualmente junto dos múltiplos actores organizacionais onde se i insere cada equipa. A emergência de diferentes representações faz sobressair a natureza subjectiva do conceito de eficácia e o seu profundo enraizamento, quer nos valores dos indivíduos elou grupos, quer nos contextos em que é abordada.

Face ao exposto e esta é a questão sobre a qual, no presente artigo, se pretende reflectir —, no quadro da investigação sobre grupos e equipas de trabalho fará sentido falar de eficácia ou será preferível assumindo a pluralidade de representações e perspectivas, utilizar o termo eficácias? Ou haverá uma alternativa a esta postura dicotómica face a tal problemática? Muitos investigadores apontam os estudos de Hawthorne, iniciados nos anos 20, por Elton Mayo e seus colaboradores (Mayo, 1932), como o prmeiro esforço sistemático da ciência para trazer à luz do dia a mportância dos grupos nas organizações.

Embora inicialmente projectados e desenvolvidos numa perspectiva clássica do trabalho e das organizações e com objectivos situados a nível individual, estes estudos passaram a constituir uma referência na literatura sobre grupos e equipas de trabalho, na medida em que as observações então efectuadas, ao longo dos cinco anos em que decorreram as investigações, conduziram a que, de forma surpreendente para a própria equipa de investigadores, o nível grupal se tenha tornado o principal alvo de análise.

Desde então, e até aos nossos dias, o interesse elo estudo dos grupos, bem como a perspectiva com que são abordados, têm sido alvo de alterações significativas.

Se os anos 50, em que a maior parte das investigações enfatizava os processos de interacção entre os membros de um grupo e o impacto desta dinâmic 18 investigações enfatizava os processos de interacção entre os membros de um grupo e o impacto desta dinâmica nos mesmos (Shea & Guzzo, 1987; Guzzo & Shea, 1992), foram dos mais produtivos para o estudo dos grupos, a década de 60, marcada pelo triunfo do indivíduo como unidade de análise das Ciências Sociais (Graumann, 1986; Farr, 1990) conduziu um forte decréscimo da investigação neste domínio.

Se os anos 70 – em particular com os trabalhos de Steiner (1972) e de Hackman & Morris (1975) visando compreender as relações entre os processos grupais e o seu desempenho, assim como os estudos associados ao Movimento da Qualidade de Vida no Trabalho, realizados com base na introdução de equipas no lugar da tradicional linha de produção (v. g.

Gyllenhammar, 1977) — constituíram um marco decisivo, ao conduzirem ? emergência do interesse pelo estudo dos grupos como entidades desempenhando tarefas (unidades performantes), somente a artir dos anos 80, com os esforços para a criação de equipas de elevado desempenho se tornou visível uma clara expansão do interesse pelo estudo das equipas de trabalho (team working) e se tornou dominante uma linha de investigação centrada sobre a compreensão das equipas nos seus contextos e nas suas múltiplas facetas.

Com o crescente envolvimento da psicologia das organizações na investigação mais recente sobre grupos elou equipas de trabalho (em detrimento de outras áreas da psicologia, designadamente da psicologia social, que durante décadas lideraram a investigação nesta temática) esta tendência centuou-se, tendo conduzido a que a eficácia se tenha tornado central no universo da investigação neste domínio.

Uma p eficácia se tenha tornado central no universo da investigação neste domínio. Uma parte substancial da actual investigação dedicada a grupos e equipas de trabalho incide sobre a temátlca da performance, desempenho ou eficácia. para um olhar menos atento, a reduzida discussão em torno do que se entende por eficácia de um grupo elou equipa de trabalho poderá sugerir a sua objectividade, clareza e univocidade.

A multiplicidade de estudos, mas sobretudo a diversidade de erspectivas e de modelos que a procuram descrever, explicar e avaliar, apontam, no entanto, em sentido contrário e atestam o reduzido acordo existente no seio da comunidade científica quanto ao seu significadol. Cada investigador, em função do seu posicionamento teórico-conceptual propõe, na sua linguagem própria, uma diferente forma de identificar, descrever e explicar a eficácia e utiliza distintos critérios e instrumentos de medida para a avaliar (Goodman et al. 1987; Hackman, 1987; Morin et al. , 1994). A revisão da investigação empírica, bem como dos mais epresentativos modelos explicativos da eficácia dos grupos e/ ou equipas de trabalho (geralmente conhecidos como modelos de funcionamento ou de eficácia dos grupos elou equipas de trabalho), permite, com efeito, verificar que a eficácia tende a ser vista, umas vezes, como realização de objectivos, produtividade, rendibilidade, desempenho, eficiência ou rendimento (e. g. Nieva et al_, 1978; Tziner & Vardi. 1982; Shea & Guzzo, 1984; Gladstein, 1984; Goodman, 1986; Sundstrom et al. , 1990; Tannenbaum et al. , 1992), outras, como sobrevivência ou viabilidade de uma equipa de trabalho (e. g. Hackman, 1983; 1987; Gladstein, 1984; su sobrevivência ou viabilidade de uma equipa de trabalho (e. g. Hackman, 1983; 1987; Gladstejn, 1984; sundstrom et al. , 1990), outras ainda, como satisfação dos membros da equipa, sua qualidade de vida, ou intensidade da sua experiência afectiva À semelhança, de resto, do que acontece quando a análise se situa no nível organizacional. (e. g. Hackman, 1983; 1987; Sundstrom et al. , 1990); por último, numa perspectiva que enfatiza cntérios centrados sobre as relações da equipa com o exterior, aparece associada, por exemplo, à satisfação dos clientes (e. Hackman, 1983, 1987; Middlemist & Hitt, 1981). A diversidade assinalada reflecte a coexistência de múltiplas representações de eficácia.

Os modelos construídos com base nessas representações fazem sobressair aspectos parciais do problema e não dão conta de todas as contingências nem se adequam a todos os contextos, tornando, deste modo, visíveis os limites do conhecimento científico neste domínio, quer a nível teórico, quer a nivel da investigação empírica. Ao dificultar a delimitação do significado da eficácia e ao sugerir a presença, não de uma, mas de várias eficácias, a luralidade de concepções impossibilita o desenvolvimento de uma teoria ou modelo geral da eficácia dos grupos elou equipas de trabalho.

Este facto tem levado a que diversos autores argumentem que, dada a ausência de uma teoria consolidada, a investigação neste domínio mais não é do que um corpo de observações empíricas sem potencial para gerar novos conhecimentos (e. g. Hannan & Freeman, 1977). Afirmam mesmo que a eficácia não pode ser perspectivada à luz de um conceito cientifico e propõem o abandono do seu não pode ser perspectivada à luz de um conceito científico propõem o abandono do seu estudo no seio da literatura organizacional.

Em nossa opinião, e na linha seguida por Fernandez-R(os & Sanchez (1 997), não parece desejável nem justificável o abandono do estudo da eficácia no contexto das organizações e dos grupos elou equipas de trabalho. pelo menos quatro razões podem ser aduzidas a favor do prosseguimento da sua investigação. Em primeiro lugar, porque os estudos sobre eficácia são centrais para o pensamento organizacional (Goodman & Pennings, 1977; Pfeffer, 1977; Cameron & Whetten, 1983).

Sob o ponto de vista teórico-conceptual, em todas as bordagens sobre a natureza das organizações se encontram incluídas, implícita ou explicitamente, noções sobre a eficácla e as diferenças que existem entre organizações eficazes e organizações ineficazes. Em segundo lugar, porque a necessidade de verificar em que medida um sistema realiza a sua missão, ou a realiza melhor do que outros, conduz a que a noção de eficácia constitua uma questão empírica central. Em terceiro lugar, porque se trata de uma problemática socialmente relevante.

Na medida em que as pessoas emitem continuamente juízos e avaliam o desempenho de cada organização e de cada equipa, questão da avaliação da eficácia é uma inevitabilidade no quotidiano das organizações e dos grupos elou equipas de trabalho. Em quarto lugar e, last but not the least, porque a ausência de consenso relativo ao significado da eficácia, a inexistência de uma teoria geral e a presença de múltiplas representaçóes, ao contrário de serem um obstáculo ? investigação, constituem um desafio à investigação. ? es PAGF 18 representações, ao contrário de serem um obstáculo ? investigação, constituem um desafio à investigação. É esta multiplicidade de representações que ao evidenciar a ubjectividade da eficácia permite uma nova inteligibilidade sobre a sua própria noção. A eficácia de um grupo elou equipa de trabalho não existe enquanto tal, não é uma realidade objectiva, mas uma construção dessa mesma realidade. ? um juízo valorativo, uma avaliação que um indivíduo (avaliador) efectua a respeito de um grupo elou equipa de trabalho, nomeadamente no que se refere às actividades, aos produtos elou aos resultados elou seus efeitos, com base na sua própria representação de eficácia, nos seus valores, interesses e preferências (Beaudin & Savoie, 1995). Neste sentido, afirmar que uma equipa é eficaz é afirmar que, perante um conjunto de critérios seleccionados pelo avaliador, aquilo que a equipa oferece e a que ele atribui importância, corresponde às suas expectativas. ? porque a eficácia de um grupo ou equipa de trabalho é uma representação que um actor estratégico, activo e construtivo faz dessa mesma realidade – um construct02 fundado e integrando os valores de cada um (Qunn & Rohrbaugh, 1983; FernandezRíos & Sanchez, 1997) — que a mesma assume, como referem Morin et al. (1994), a especificidade e o particularismo de diferentes definições e, imultaneamente, se torna indeterminada e nao passível de um significado unívoco, consensual, aceite por todos.

Nesta perspectiva, a coexistência do que parecem ser distintas eficácias (noutros termos, a pluralidade de concepções sobre eficácia), bem como a presença de diferentes modelos de eficácia dos g eficácia), bem como a presença de diferentes modelos de eficácia dos grupos elou equipas de trabalho, contribuem para a clarificação conceptual e para o progresso da investigação neste domínio. Estaremos perante diferentes realidades ou diferentes facetas de uma mesma realidade? Tratar-se-á de diversidade ou de multidimensionalidade?

E, nesse caso, haverá alguma forma de organizar as múltiplas dimensões e de as integrar num todo coerente e capaz de permitir um olhar mais abrangente, ainda que necessariamente sempre incompleto, sobre o constructo eficácia? Com o objectivo de reenquadrar as informações acumuladas nos últimos anos tendo em vista facilitar a intervenção e reorientar a investigação sobre as equipas de trabalho em contexto organizacional, Savoie & Beaudin (1995) realizaram uma extensa revisão da literatura, quer teórica quer mpírica, em que procuraram reagrupar os diferentes critérios de eficácia utilizados pelos investigadores.

Nas suas análises, os referidos autores assinalam que as diferentes representações de eficácia dos grupos elou equipas de trabalho fazem sobressair um quadro que, com alguma consistência, dá forma à emergência de um constructo multidimensional, composto por quatro dimensões potenciais3: a) Social (qualidade da experiência grupal); b) Económica (rendimento do grupo); c) política (legitimidade ou reputação do grupo face à sua constelação); d) Sistémica (perenidade).

A dimensão social está intimamente elacionada com a coesão social e diz respeito ao valor dos recursos humanos, no que se refere a aspectos como a qualidade de vida no trabalho, a satisfação, o moral, o desenvolvimento e a mobilização dos seus qualidade de vida no trabalho, a satisfação, o moral, o desenvolvimento e a mobilização dos seus membros. A dimensão economica está relacionada com a eficiência e a produtividade e pressupõe uma optimização de recursos tendo em vista o alcance dos objectivos a que as organizações elou as equipas se propõem.

A dimensão politica da eficácia diz respeito à avaliação xterior e superior do grupo. Trata-se de uma dimensão que se centra em critérios relacionados com a reputação e a legitimidade da acção de cada equipa de trabalho. Por último, a dimensão sistémica está relacionada com a perenidade, crescimento, adaptação e estabilidade do sistema-grupo ao longo do tempo e face às mudanças ocorridas na envolvente. Os constructos não são a realidade objectiva. Eles constituem abstracções resultantes da acção de observação e análise sobre essa mesma realidade e permitem atribuir-lhe um sentido (Cameron, 1981).

Não faz parte da sua natureza a aceitabilidade or todos. O grau de aceitabilidade e legitimidade de que gozam remete para a comunidade no interior da qual eles são gerados elou integrados. 3 Potenciais porque, se bem que presentes no universo dos resultados da equipa, os observadores, na maior parte dos casos, não as tomam todas em consideração (ou porque não querem ou porque não podem) nas suas avaliações elou nas suas concepções implícitas de eficácia. Somente quando tomados pelos avaliadores como critérios para avaliação da eficácia deixam a sua condição potencial e se realizam enquanto critérios de eficácia. Um olhar atento sobre os diversos modelos e teorias permite constatar a relevância teórica e o potencial de investigação diversos modelos e teorias permite constatar a relevância teórica e o potencial de investigação da perspectiva quadridimensional proposta por Savoie & Beaudin (1995). Bales (1950) considera a eficácla sob o aspecto satisfação dos membros. De igual modo, entre outros investigadores, rist & Bamforth (1951), Hackman & Oldham (1980), assim como Hackman (1987), ou ainda Sundstrom et al. (1990), integram a satisfação como um dos critérios de avaliação da eficácia de um grupo ou equipa de rabalho.

Outros investigadores utilizam também indicadores relacionados com a dimensão social da eficácia, a qual pode ser explicitada nos termos que Hackman (1990) utilizou, como o grau em que a experiência de grupo contribui para o bem- estar e o crescimento pessoal dos membros (grupo/equipa como local de aprendizagem, de apoio afectivo, cooperação, segurança, desenvolvimento pessoal e profissional,… ). O rendimento surge, também, como uma das dimensões mais frequentemente referidas4. Por exemplo, Steiner (1972) utiliza o critério produtividade, Tziner & Vardi (1982), Hackman & Oldham 1 980), Sundstrom et al. 1990), assim como a grande maioria dos investigadores no dominio das organizações, fazem referência a critérios passíveis de ser inseridas na dimensão rendimento. A dmensão legltimidade/reputação, embora menos claramente operacionalizada, está igualmente presente na literatura da especialidade (Savoie & Beaudin, 1995). Hackman (1990), em particular, precisa esta dimensão quando se refere à avaliação subjectiva da eficácia, proveniente de actores externos à equipa de trabalho. As abordagens que se debruçam sobre os diferentes interessados ou “constituintes m

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