Preconceito linguistico

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PRECONCEITO LINGUÍSTICO O que é, como se faz? Introdução O estudo da lingua tem um certo elemento de tema politico, por se tratar de pessoas, de seres humanos. Lidar com a língua somente na forma normativa, é um grande erro milenar, pois leva a Língua em consideração como se fosse uma coisa morta, esquecendo-se das pessoas, que são vivas, que falam. Com base nisso, surgiu o preconceito linguístico. Foi criado no curso da história entre a língua e a gramática normativa. O motivo desta obra é várias reflexões sobr or7 Será citado no texto, lingüístico. sobre iscriminação e exclu o, do mentado no dia-a- Sv. ipe to view nut;Ege dia em programas de e revistas, em livros colunas de jornais mitos foi criada em torno disso tudo, e ser o que vamos discutir de agora em diante. MITO NO 1 “A língua falada no Brasil apresenta uma unidade surpreendente” Um dos erros mais sérios dos mitos do preconceito lingüístico no Brasil. Não existe uma unidade lingüistica, exatamente por ser um país de grande extensão territorial, diferentes distribuições de renda, e grande desequilíbrio educacional.

Ao contrário do que se impõe nas escolas, sobre a orma culta e única do português, a língua sofre mudanças de o complexo de inferioridade de nossa nação em relação a uma nação considerada mais antiga e de um povo mais “civilizado”. Mesmo pensamento se dá ao se pensar que o Brasil é um pais subdesenvolvido porque sua população não é uma raça “pura”, mas sim o resultado de uma mistura negativa de raças, sendo duas delas a negra e a indígena, consideradas inferiores ao branco europeu.

Equivalendo-se disse, se a raça não é pura, a língua não poderá ser “pura”, segundo pensamento de intelectuais da linguagem. Outra postura preconceituosa se estende no ensino tradicional da gramática nas escolas: dizer que nosso português é errado em relação ao falado em Portugal. Logicamente que o orundo “português” , se dá apenas por comodidade e por razão histórica, por termos sido uma colônia de Portugal. Do ponto de vista lingü(stico, porém, a língua falada no Brasil tem uma gramática própria, diferente da gramática da língua falada em Portugal.

Há diferenças grandes nas duas linguagens, razões que muitas vezes fica difícil entender a linguagem de um cidadão português em relação ao brasileiro. Já na linguagem escrita formal, já a ortografia é praticamente a mesma, com poucas diferenças gramaticais. MITO NO 3 “Português é muito difícil” Esta frase se equipara àquela anterior de que “brasileiro não sabe português” , O que acontece na verdade, é que o ensino da língua sempre se baseou na norma gramatical de Portugal. As regras aprendidas na escola em boa parte não correspondem à língua que falamos e escrevemos no Brasil.

Por isso a idéia de que o “português é uma língua difícil”, pois ter que decorar conceitos e regras que não significam nada PAGFarl(F7 português é uma língua difícil”, pois ter que decorar conceitos e regras que não significam nada pra nós, traz a tona esse mito. Isso acontece porque o ensino tradicional da língua no Brasil não leva em conta o uso brasileiro do português. Se durante os anos de ensino fundamental e médio os professores se dedicassem mais ao que realmente fosse importante, se tivessem desenvolvidos as habilidades de expressão dos alunos, as pessoas se sentiriam mais seguras em poder redigir um texto .

E mais além, a idéia do “português difícil” serve ainda como apoio às classes privilegiadas. , como se a ramática pertencesse apenas áqueles que têm acesso a cultura. MITO NO 4 “As pessoas sem instrução falam tudo errado” Do mesmo modo como existe o preconceito contra a fala de determinadas classes sociais, também existe o preconceito contra a fala caracteristica de certas regiões. Exemplo disso, o modo da fala nordestina retratada em telenovelas, retrada de forma grotesca, rudmentar, atrasada, criada para provocar o riso, o escárnio e o deboche dos demais personagens e espectador. ? uma atitude marginalizada da exclusão. MITO NO 5 “O lugar onde melhor se fala português no Brasil é o Maranhão. ” Por ser um estado onde se usa com grande regularidade o pronome (tu), seguido às formas verbais, mantendo muito o elo de ligação com o portuguê ortugal, muitas pessoas AtGF3ÜF7 escolha de um gramático normativo, que diz que “ainda é o carioca que se expressa melhor sob a ótica da norma culta”. E que o “paulista fala esquisito”.

O que acontece na verdade é que as pessoas das classes cultas de qualquer lugar dominam melhor a norma culta do que as classes não-cultas. E que não existe o “‘melhor e nem o “pior português, de uma ou de outra região. Respeitar igualmente todas as variedades da língua, constitui um to de valorização à cultura brasileira. MITO NO 6 “O certo é falar assim porque se escreve assim” Há uma forte tendência de se querer obrigar alguém a pronunciar “do jeito que se escreve”. Até porque não se fala igual o que se escreve no inglês ou francês!

Com a língua portuguesa é a mesma coisa: deve-se respeitar as normas ortográficas para a forma escrita, mas não necessariamente para a escrita, pois, mais uma vez, é lembrado do caso do regionalismo. Muitos autores de gramáticas assumem uma postura de que a norma literária é a única digna de ser estudada, ensinada e praticada. Outros, ainda mais recentes, não fazem a distinção básica elementar, entre ortografia e fonética, ou seja, entre as regras da língua escrita e os fenômenos da língua oral. Alguns até classificam a ortografia como uma das subdivisões da fonética!

MITO NO 7 “É preciso saber gramática para falar e escrever bem” Ao longo do tempo, aconteceu uma inversão da realidade histórica. As gramáticas foram escritas precisamente para descrever e ficar como “re es” as manifestações espontaneamente pelos escritores considerados dignos de admiração, modelos a ser imitados. A gramática passou a ser m instrumento de poder e de controle, surgindo a concepção de que os falantes e escritores da língua é que preclsam da gramática, como se ela fosse uma espécie mística.

Não é a gramática normativa que estabelece a norma culta. A tarefa da gramática seria definir, identificar e localizar os falantes cultos, coletar a a língua usada por eles e descrever essa língua de forma clara, objetiva e com critérios teóricos e metodológicos coerentes. Porém o que acontece é a imposição de normas conservadoras no ensino da Íngua. MITO NO 8 “0 domínio da norma culta é um instrumento de ascensão social” Este mito tem muita semelhança com o primeiro (mito da unidade lingüistica do Brasil). Isso porque ambos tocam em sérias questões sociais.

Muitas pessoas dizem que a norma padrão conservadora, tradicional, literária, clássica é que tem de ser mesmo ensinada nas escolas POIS ela é um “instrumento de ascensão social” . Se fosse assim, os professores de português ocupariam o topo da pirâmide social, econômica e polltica do país.. Achar que ensinar a norma culta a uma criança pobre para que ela “suba na vida” é o mesmo que achar que é preciso aumentar o número de policiais na rua e de vagas nas enitenciárias para resolver o problema da violência urbana, que está intimamente ligada a uma situação social de injustiça.

Não está em jogo a simples “transformação” do indivíduo que vai deixar de ser um “sem-lingua padrão” para se tornar um falante da variedade culta. O que está em jogo é a transformação da sociedade c se tornar um falante da variedade culta. O que está em jogo é a transformação da sociedade como um todo, igualdades sociais e ascensão social dos marginalizados. O círculo vicioso do preconceito lingüistico Todos esses mitos são transmitidos e perpetuados em nossa ociedade, criando o círculo vicioso. Envolvem três elementos: a gramática tradicional, os métodos tradicionais e os livros didáticos.

A gramática tradicional, que continua firme e forte conforme se verifica nos compêndios recentes, inspira a prática de ensino, que variam de região para região, de escola para escola e de professor para professor, que por sua vez provoca o surgimento da indústria do livro didático. O Ministério da Educação tem feito esforços louváveis para provocar uma reflexão sobre os temas relativos à ética e à cidadania do indivíduo, para estimular uma póstuma menos ogmática e mais flexlVel por parte das escolas.

São os chamados Parâmetros Curriculares Nacionais. Acompanhando esse movimento, muitas editoras vêm tentando produzir um material didático mais compatível com as novas concepções pedagógicas. Mas apesar desse esforço, o círculo vicioso do preconceito lingüístico ainda continua girando, por existir um quarto elemento designado de “comandos paragramaticais”. São os arsenais de livros, manuais de redação de empresas jornalísticas, programas de rádio e de televisão, colunas de jornal e de revista, cd-roms, consultórios gramaticais” por telefone, etc.

Esses comandos poderiam representar uma grande utilidade para quem tem dúvidas na hora de falar ou escrever, porém acabam se perdendo por trás da neblina de preconcei PAGFsrl(F7 tem dúvidas na hora de falar ou escrever, porém acabam se perdendo por trás da neblina de preconceito que envolve as manifestações d (multi)mídia. Assim, acabam perpetuando as noções de que o “brasileiro não sabe português” ou que “o português é muito difícil. Um grande nome e propagador do preconceito linguístico por meio de comandos paragramaticais no Brasil foi, durante écadas o professor Napoleão Mendes de Almeida.

Ele nunca escondeu sua intolerância e seu autoritarismo em suas colunas de jornal, sendo “defensor intransigente da língua”. Demonstrava além do preconceito lingü[stico, grande preconceito social. Além de afirmar que a literatura brasileira morreu em 1908, junto com Machado de Assim, que antecede ao Modernismo. Na mesma linha se encontra o livro Não erre mais! , de Luiz Antonio Sacconi. É uma verdadeira coletânea de preconceitos, sem nenhuma organização dos supostos “erros” (nem índice alfabético tem da classificação dos erros: ortográficos, fonéticos, intáticos, morfológicos).

Para encerrar, a ultima investigação do preconceito linguístico nos comandos paragramaticais é sobre colunas de jornal chamadas “Dicas de Português”, assinada por Dan Squarisi. Aborda também preconceito linguistico. Conhecedora de apenas uma única variedade da língua, a autora se arroga no direito de ofender, desprezar e ridicularizar os falantes de outras variedades. Ela mesma alegou seu absoluto desconhecimento da complexidade dos fenômenos lingüisticos, e por essa razão teme em se aventurar pela corrente vertiginosa da l[ngua.

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