Qualidade do ar interior

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cad. saúde Pública vol. 19 no. 5 Rio de Janeiro sept. /OCt. 2003 http://dx. doi. org,’l 1590/S0102-31 IX2003000500017 ARTIGO ARTICLE Considerações sobre estudos de ambientes industriais e não industriais no Brasil: uma abordagem comparativa Comments on studles of industrial and non-industrial environments in Brazil: a comparative approach W’. p next page Adriana Giodal, II; Fra Il_aboratório de Apoi de Química, Centro d Rio de Janeiro. c. P. 6 ladetec@iq. ufrj. r 26 Netol cnológico, Instituto de Federal do 1949-900, Brasil. IIDepartamento de Química, Universidade da Região de Joinville. Campus Universitário s/n, Joinville, SC 892001-972, Brasil. agioda@hotmail. com [picl RESUMO A qualidade do ar em ambientes industriais tem sido palco de estudos desde a segunda metade do século XX. Resultados bem documentados apontaram que a exposição prolongada a poluentes químicos, proveniente do consumo, produção, armazenamento etc. , pode causar danos à saúde do trabalhador.

Recentemente, estudos direcionados a ambientes não industriais mostraram correlações surpreendentes entre a qualidade do ar as pesquisas já realizadas no País, visando, com isso, Incentivar ovos estudos nessa área, em virtude de sua importância para a saúde da população. Palavras-chave: Saúde Ocupacional; Poluição do Ar em Ambientes Fechados; Ambiente de Trabalho [pic] ABSTRACT Air quality in industrial environments has been studied since the second half of the 20th century.

Well-documented results show that exposure to chemical pollutants through their consumption, production, and storage can damage workers’ health. New research focusing on non-industrial environments has shown unexpected correlations between air quality and health effects. Artificial ventilation systems have been related to health-related omplaints and a high rate of absenteeism. Symptoms related to air quality in non-industrial environments are recognized by the World Health Organization and encompassed under the so- called sick building syndrome (SBS)_ In Brazil there are few studies comparing indoor air quality and health.

The present study is intended to map the studies already conducted in Brazil in order to encourage further research in this area, due to its importance for public health Key words: Occupational Health; Indoor Air Pollution; Working Environment ntroduçao A qualidade do ar em ambientes fechados tem sido motivo de esquisa em todo o mundo devido aos danos causados quando em má qualidade. Inicialmente, as pesquisas direcionaram sua atenção para ambientes industriais, onde havia uma carga elevada de poluentes por causa da manipulação e exposição a substâncias tóxicas, na sua produção, consumo, armazenamento.

Em virtude do aumento da industrialização em todo o mundo, principalmente a partir da de do século passado, 2 6 industrialização em todo o mundo, principalmente a partir da segunda metade do século passado, muitos estudos foram realizados nessa área e foi possível relacionar os índices de oluição interna com efeitos adversos à saúde. A qualidade do ar nesses ambientes faz parte da saúde ocupacional. No que concerne à qualidade do ar em ambientes não industriais, os estudos só tiveram início na década de 70, com o desenvolvimento de edifícios com maior eficiência no controle do consumo de energia.

Estes dependiam do sistema de ventilação mecânica para circular de forma controlada o ar de renovação e para controlar temperatura e umidade, uma situação muitas vezes conflitante. O maior uso de materiais sintéticos na construção de edifícios, o aumento no número de rabalhadores e a automação do trabalho de escritórios, levando a maior estresse, contribuem para agravar os danos à saude (Redlich et al. , 1997).

As doenças relacionadas com a qualidade do ar de interiores foram classificadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como Síndrome dos Edifícios Doentes (SED), tal sua importância e prevalência, decorrentes da urbanização e verticalização dos ambientes internos. Saúde ocupacional A saúde ocupacional nasceu com a Revolução Industrial e é em grande parte fruto dos movimentos trabalhistas ingleses. Em 1957, a comissão mista da Organização Internacional do

Trabalho (OIT) e OMS (Conferencia Internacional del Trabajo, 1959:25) definiu os objetivos sobre saúde ocupacional: “a saúde ocupacional tem como finalidade incentivar e manter o mais elevado nível de bem-estar físico, mental e social dos trabalhadores em todas as profissões; prevenir todo o prejuízo causado à saúde destes e pelas condições de seu trabalho; protegê-los prevenir todo o prejuízo causado à saúde destes e pelas condições de seu trabalho; protegê-los em seu serviço contra os riscos resultantes da presença de agentes nocivos à sua saúde; colocar e manter o trabalhador em um emprego que convenha ?s suas aptidões fisiológicas e psicológicas e, em resumo, adaptar o trabalho ao homem e cada homem ao seu trabalho”. Deve se entender que a saúde, de acordo com a OMS, não é apenas a ausência de doença, mas, sim, o completo bem-estar físico, mental e social do indivíduo (Conferencia Internacional del Trabajo, 1959). O assunto tomou a devida proporção apenas no final da década de 70, quando foi realizada a Assembléia Mundial de Saúde em 1979 (Resoluçao 32. 14) (Pereira & otani, 1983) e 1980 (Resolução 33. 1) (PARO, 1983), que assinalava a necessidade urgente de e cuidar da melhor forma possível da saúde dos trabalhadores através de programas especiais. Também a Resolução XXXII, da XX Reunião do Conselho Diretor da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) (PAHO, 1983) dava apoio aos programas de saúde ocupacional de acordo com a evolução industrial de cada país. A partir dessas reuniões, muitas outras se seguiram, buscando a melhoria das condições de trabalho e saúde ocupacional. No Brasil, no final da década de 70, o sindicalismo operário paulista deu início a um processo de organização para a defesa da saúde dos trabalhadores. À época, o documento Saúde nas

Fábricas colocava uma orientação para a organização sindical de trabalhadores e para o setor de saúde, a fim de construir alianças e estratégias em defesa da saúde. Em 1980, foi criado o Departamento Intersindical de Estudos em Saúde e Ambiente de Trabalho (DIESAT). Em São Paulo, em 1983, Iniciam-se experiências relativas 4 26 e Ambiente de Trabalho (DIESAT). Em São Paulo, em 1983, iniciam-se experiências relativas à saúde dos trabalhadores (Augusto & Novaes, 1999). Além dos acidentes de trabalho em ambientes industriais, a exposição prolongada a poluentes químicos procedentes das ais diversas fontes é um dos principais fatores no agravamento da saúde do trabalhador.

A Fundaçao oswaldo cruz (FIOCRUZ), Rio de janeiro, cnou o Centro de Estudos da Saúde do Trabalhador e Ecologia Humana (CESTEH) para realização de trabalhos de pesquisa relativos ? saúde ocupacional. Síndrome dos Edifícios Doentes Os ambientes de escritórios foram, durante muitos anos, considerados isentos dos problemas de saude ocupacional. Porém, no final dos anos 70, os pedidos de avaliação das condições ambientais em escritórios aos órgãos americanos ligados à saúde ocupacional (National Institute for Occupational Safety and Health NIOSH) aumentaram consideravelmente. O mesmo ocorreu na Europa, com similaridades entre as queixas (Ricard, 1998).

Os estudos da OMS (WHO, 1982) no início da década de 80 descreveram a relação entre os sintomas característicos da SED e a ventilação mecânica; porém, um estudo britânico foi mais longe e estabeleceu uma relação entre a existência dos sintomas e o sistema de ar condicionado (Ricard, 1998). Mas, foi a partir dos anos 90 que a SED tornou-se um conceito comum na literatura científica. O termo SED é usado para descrever situações nas quais os ocupantes de um determinado edifício experimentam feitos adversos à saúde e ao conforto (Brickus & Aquino Neto, 1999; WHO, 1984). Atualmente sintomas relativos à SED não se restringem apenas a ambientes de escritórios. As pessoas permanecem 90% de seu tempo em locais fechados, isso inclui ambientes de escritórios.

As pessoas permanecem de seu tempo em locais fechados, isso inclui residências, escolas, hospitais, ou seja, todo tipo de ambiente não industrial. Nesses ambientes, ao contrário do que se imaginava, também há uma carga elevada de poluentes, típicas desses espaços, as quais podem afetar à saúde. O uso de combustíveis em residências, ara cozimento e aquecimento, tem sido uma das maiores fontes de exposição a poluentes nesse tipo de ambiente. A combustão é geralmente ineficiente e, em condições de má ventilação, pode resultar em exposição elevada, que está associada a sintomas respiratórios e infecções, tanto em adultos (principalmente em mulheres), quanto em crianças (Husman, et al. , 2002; Mehtal et al. , 2002).

A qualidade do ar em escolas também tem causado interesse no mundo científico devido ao longo tempo de permanência de crianças e jovens nesse tipo de ambiente. Má ventilação, com baixa taxa de troca de ar, além da falta de anutenção e limpeza insatisfatória das salas de aula, têm resultado em concentrações altas de dióxido de carbono e poeira causando sintomas da SED; com isso, há um aumento de alergias e asma, principalmente em crianças (Mi et al. , 2002; Sahlberg et al. , 2002). Hospitais e outros centros de saúde são tipos de meio ambiente complexos que requerem ventilação adequada para conforto e controle das emissões que possam ser prejudiciais a pacientes, funcionários e visitantes.

A qualidade do ar nesse tipo de ambiente é mais crítica do que em outros locais fechados, devido ao aumento da susceptibilidade dos pacientes. Têm sido iagnosticados sintomas de SED em funcionários de hospitais e centros de saúde em virtude da exposição a vários agentes químicos e microbiológicos. Ne 6 hospitais e centros de saúde em virtude da exposição a vários agentes químicos e microbiológicos. Nesses ambientes são diagnosticadas principalmente infecções nosocomiais (Flatheim, 2002). Por causa desses fatores, a poluição de interiores é hoje reconhecida como uma das maiores ameaças à saúde pública, de acordo com a OMS (WHO, 2000).

No Brasil, a saúde ocupacional tem se voltado para os problemas de maior vulto, que têm maior potencial de causar agravos ? saúde do trabalhador e que ocorrem, em sua maioria, no ambiente industrial (Hoppe, 1999). Sintomas O diagnóstico da SED é eminentemente epidemiológico. De acordo com a OMS, na ausência de diagnóstico de patologias definidas, o diagnóstico se faz pela ocorrência de dois ou mais sintomas, que se sucedem pelo menos duas vezes na semana, no interior do prédio, e regridem quando a pessoa se afasta do ambiente em questão (Hoppe, 1999). Os principais sintomas que devem ocorrer em um número estatisticamente significativo de usuários em um prédio são: irritação das mucosas, efeitos neurotóxicos, sintomas espiratórios e cutâneos e alteração dos sentidos.

Sabe-se que uma série de fatores está associada à SED: contaminantes do ar (COVs, formaldeído, poeiras, fibras, asbestos); bioaerossóis (fungos, bactérias, vírus); fontes do meio ambiente; contaminantes gerados pela atividade humana; baixa taxa de renovação do ar, entre outros (Hoppe, 1999). Possíveis fontes No presente, nenhum fator ou grupo de fatores ambientais foi estabelecido como causa de SED, embora haja várias teorias. Por alguns anos, uma explicação popular era que compostos orgânicos voláteis atuando conjuntamente, embora presentes m baixos níveis, exerceriam um efeito tóxico. Essa Idéia estava baseada nas conjuntamente, embora presentes em baixos níveis, exerceriam um efeito tóxico.

Essa idéia estava baseada nas propriedades irritantes e neurotóxicas desses compostos, que se manifestam quando os níveis de exposição são elevados. Ultimamente, maior atenção tem Sido dada a contaminantes biológicos como fontes de poluentes, embora os dados obtidos até o momento sejam conflitantes. Alguns dados de efeitos sinérgicos em baixos níveis de exposição têm sido relatados (Hogue, 2000; Reisch, 1999; Roughi, 1999). Ventilação inadequada também é outro fator que está sendo investigado como possível causador de mal- estar entre ocupantes de ambientes fechados. Investigadores mais céticos acreditam que os fatores psicossociais e estresse também influenciem no bem-estar dos trabalhadores.

Em Vista da ausência de alguma teoria simples, a SED é considerada como de origem multifatorial, relacionada a vários fatores e graus de exposiçao (Rediich et al. , 1997). Recentemente, evidências experimentais têm mostrado que reações químicas entre ozônio e compostos orgânicos insaturados produzem espécies que causam fortes irritações nos lhos e vias respiratórias (Wolkoff & Nielsen, 2001). Apesar disso, essas espécies não têm sido caracterizadas pelas amostragens e técnicas analíticas convencionais da Ciência do Meio Ambiente Interior. Estas estão voltadas para poucos compostos orgânicos voláteis e não voláteis, os quais poderiam igualmente ter efeitos biológicos potentes e estar relacionados a um aumento de queixas, além de representar um risco ao conforto e ? saúde.

Surge, portanto, a recomendação de uma análise mais abrangente de COVs, do que a de COVs “clássicos”, como os definidos pela OMS (Wolkoff & Nielsen, 2001). Não se pode afa “clássicos”, como os definidos pela OMS (Wolkoff & Nielsen, 2001 Não se pode afastar a hipótese, ainda de dificil comprovação, do sinergismo entre fatores de agressão, principalmente no caso de indiv[duos sensíveis a substâncias químicas (Wolkoff & Nielsen, 2001 O termo Sensibilidade Química Múltipla (Multiple Chemical Sensitivity MCS) retrata como doença sem presumir um mecanismo ou etiologia particular. O número e tipo de pessoas que podem ser quimicamente sensíveis varia muito, e também são diferentes as conseqüências para cada indivíduo.

A sensibilidade química rovavelmente se desenvolve em dois estágios: (1) perda de tolerância específica seguida de exposição aguda ou crônica a vários agentes, tais como pesticidas, solventes ou ar contaminado em um edifício com SEI), e (2) subseqüente “disparo” de sintomas por quantidades extremamente pequenas de substâncias químicas previamente toleráveis, drogas, alimentos e suas combinações (poluição por carros, fragrâncias, cafeína, álcool) (Miller, 1996). De um modo geral, as fontes comuns de contaminantes no ar de interiores incluem, além da própria construção e decoração o ambiente interno, sua renovação e remodelamento.

Tintas, carpetes, materiais de acabamento, adesivos, produtos de limpeza e máquinas de escritório liberam contaminantes para o ar interior sob a forma de gases, vapores ou partículas em suspensão. Curiosamente, apesar de quando novos emitirem uma maior e intensa carga de gases e COVs, esses materiais, com o uso e colonização por microorganismos, alteram seu perfil poluidor com o envelhecimento. A umidade relativa alta é uma das causas de crescimento de ácaros, fungos e bactérias. Também contribui a presença de nutrientes e locais para se d ungos e bactérias. Também contribui a presença de nutrientes e locais para se desenvolverem (partículas, recessos onde estejam mais protegidos das práticas de limpeza e higienização).

Materiais como carpetes podem servir como fontes secundárias, absorvendo COVs e particulados e liberando-os posteriormente; também são excelentes “criadouros” para microorganismos. Fatores físicos, tais como umidade relativa, barulho e luz, podem também contribuir para agravar os sintomas de SED. A segunda maior fonte dessa síndrome é o sistema de ventilação (Redlich et al. , 1997). Custos Novas pesquisas têm mostrado que a qualidade do ar de interiores tem uma influência significativa e positiva na produtividade de trabalhadores de escritórios. A produtividade de funcionários, segundo Fanger (2000), é 6,5% maior com boa qualidade do ar, além da redução de erros e de sintomas da SED.

O estudo foi realizado na Dinamarca e na Suécia com resultados semelhantes (Fanger, 2000), e esse aumento deveria ser comparado com o custo de condicionamento do meio ambiente interior (MAI), o qual, para edifícios de escritórios em países desenvolvidos, é tipicamente 1% do custo do trabalho. Portanto, há um forte incentivo econômico para melhorar a qualidade do ar de interiores (Fanger, 2000). Medidas de avaliação dos impactos à saúde causados pela polução são muito complexas e os métodos disponveis de análise econômica são muito rudimentares. Recentemente, entretanto, um progresso considerável tem sido feito especialmente em relação à poluição do ar. Embora a avaliação de morbidade seja muito importante para análise custo-beneficlo de programas de controle da qualidade do ar e para muitas outras áreas da atividade econômica, os estudos relevantes 0 DF 26

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