A guerra do sucesso pelos talentos humanos

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Leonardo A Guerra do sucesso pelos talentos humanos JEFFERSON MARCO ANTONIO LEONARDO Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção Universidade Federal de Santa Maria E mail: Jleonardo@gramadosite. com. br Resumo A mudança no mundo empresarial atinge um elevado grau de inovação e agilida humano como opu protagonista de uma v constatar, na história nas p os referenciais de im em relação ao atendi iz onal.

Buscou-se als administração, ecursos humanos e desejos dos colaboradores, como fonte estratégica de atração e retenção dos talentos humanos. A proposta para o sucesso sustentado as organizações está intimamente ligada a um redesenho na gestão de recursos humanos, transformando o atual tratamento em massa para uma gestão individualizada e diferenciada aos colaboradores, com o propósito de atender às novas exigências na retenção dos talentos humanos e da continuidade das empresas de resultados.

Palavras-chave Talento, Recursos humanos, Modelo de gestão e Marketing individualizado. The battle of success to attract human talents closed linked to a redesign in the human resources management techniques, transforming the current mass treatment to a ndividualized and differentiated administration related to the collaborators, with the intent of attendlng to new demands on human talents retaining and continuity of results oriented compames.

Key words Talents, Human resources, Model of management and Individualized marketing. 42 Revista produçao v. 12 n. 2 2002 A Guerra do Sucesso pelos Talentos Humanos INTRODUÇÃO Em toda a história do mundo empresarial, nunca houve tanta preocupação e cuidados com a retenção dos talentos de uma organização; passou-se ao patamar de ações estratégicas para o sucesso do negócio. Na visão de Drucker (1989), há evidências e um crescente desajustamento entre emprego e oferta de mão-de-obra disponível.

As oportunidades de emprego ajustam- se cada vez menos às pessoas disponíveis, em razão das novas exigências qualificativas dos empregados. Os fatores tecnológicos ditam as novas necessidades de conhecimento, principalmente nos campos da informatização, robotização, automação, línguas, culturas e educação, exigindo elevados parâmetros curriculares, para que as empresas sejam, no m[nimo, competitivas, caso contrário, poderão comprometer sua continuidade elou sua sobrevivência.

Não somente os empregos e as exigências ualificativas individuais estão mudando; as estruturas organizacionais também sofrem transformações dante das novas necessidades competitivas do mercado, as quais passaram a formatar estruturas menores, reduzindo seus nlVeis hierárquicos com agregação de multiespecialidades, tendo como apoio a velocidade e disponibilidade da informação. Como exemplos desta nova posição do em essoas, observa-se como PAGF da informação.

Como exemplos desta nova posição do emprego e das pessoas, observa-se como a introdução do correio eletrônico tornou obsoletas a maioria das qualificações a secretária tradicional, como os avanços da tecnologia da robotização e de equipamentos automatizados exigiu diferenciadas qualificações na operação do trabalho, eliminando o processo manual de movimentação de materiais e outros usos desta tecnologia. Neste contexto, Drucker (1989) descreve que o papel da mulher, do jovem e a senioridade do homem profissional também merecem apontamentos no quadro de emprego e pessoas.

As mulheres, com crescentes posicionamentos e espaço no mercado de trabalho, conquistando por competência estão cargos estratégicos nas organizações, uitas vezes envolvidas no conflito entre manter-se no emprego ou ter seu primeiro ou segundo filho. Os jovens profissionais estão exigindo espaço, promoções e oportunidades para postos-chaves dentro das organizações. Em contra partida, os profissionais com mais de cinquenta anos de idade, em início de processo para a aposentadoria, permanecem em seus postos, promovendo um desajustamento entre a realidade e as expectativas muito naturais dos jovens.

Este quadro exigirá mudanças de competências aos profissionais de recursos humanos, e novas metodologias organizacionais, com o propósito e atrair e manter profissionais com espírito empreendedor, com facilidade para promover a inovação necessária nas relações politicas, remuneração, benefícios, desenvolvimento e incentivos, dimi- nuindo o distanciamento crescente entre empregos e oferta de mão-de-obra.

O planejamento das organizações deverá contemplar novas considerações em relação às pessoas, objetivando avaliar as expectativas, aspirações, qualificações e considerações em relação às pessoas, objetivando avaliar as expectativas, aspirações, qualificações e valores das mesmas, a fim de atrair e manter seus talentos competitivos.

Na visão e Argyris (1975), faz-se necessána uma efetiva integração entre o indivíduo e a organização, a qual deverá ser conduzida pela alta administração. É importante reconhecer os diferentes interesses. Enquanto os indivíduos buscam suas satisfações pessoais através do salário, lazer, conforto, horário mais favorável de trabalho, oportunidades de carreira, segurança no cargo, etc. as organizações, do mesmo modo, têm necessidade de capital, ediffcios, equipamentos, potencial humano, lucratividade, oportunidades de mercado, etc. Dentre as necessidades organlzacionais, sobressai-se a indlspensável e inestimável ecessidade do elemento humano, mas devemos compreender que a sobrevivência da vida de ambos está intimamente e inseparavelmente interligada, e que a integração entre pessoas e organizações é complexa, dinâmica e de reciprocidade.

O HOMEM NO CONTEXTO DA ESSÊNCIA, DA HUMANIDADE E DA ORGANIZAÇAO Observa-se uma certa necessidade de ampliar os estudos e conhecimentos no campo da filosofia e antropologia para os profissionais especialistas em gestão de recursos humanos, com o propósito de refletir sobre a essência, a origem e o desenvolvimento do homem na humanidade e nas organizações.

Para que tenhamos uma compreensão da evolução dos comportamentos e atitudes humanas na esfera pessoal e profissional, faz-se necessária uma análise aprofundada no campo do estudo filosófico e, por consequência, suas reflexões na esfera organizacional. A origem do homem e da humanidade está inserida no contexto da interatividade e da adaptabilidade; “o homem não se poderia humanidade está inserida no contexto da interatividade e da adaptabilidade; “o homem não se poderia ver completamente fora da humanidade; nem a humanidade fora da vida, nem a vida fora do universo” (CHARDIN, 1993, p. 7). De acordo com os estudos de Moraes (1998), há estimativas que datam a idade da Terra em aproximadamente 5 bilhões de anos, com o surgimento dos primeiros hominídeos entre 3 milhões e 2,5 milhões de anos atrás nos continentes africano, asiático e europeu, contemplando, na esfera física e biológica, suas maiores mudanças, evoluindo para o Homo sapiens, tornando-se capaz de compreender e controlar a natureza e, por meio do trabalho, inicialmente individualizado, transformando-a em favor de sua sobrevivência.

Revista produção v. 12 n. 2 2002 43 Os três fatores que foram determinantes para o desenvolvimento atural do homem e sua adaptação aos diversos meios naturais foram: 1. a postura ereta, que implicou a independência das mãos; 2. a amplificação da capacidade cerebral; 3. a linguagem, que permitiu a troca e difusão de todo tipo de conhecimento.

Essa evolução se tornou rotina, porém não com a mesma rapidez dos dias de hoje, mas, como comparativo, há aproximadamente 100 mil anos, o homem Neanderthal já estava presente vivendo em cavernas, criando e desenvolvendo instrumentos mais elaborados, como o arco e flecha, anzóis, pontas de lança, e nesse período começou a controlar o fogo. rescente uso da capacidade humana viabilizará a continuidade evolutiva da humanidade. Essas conquistas permitir PAGF s OF um controle gradativo na coleta; aprendeu a produzir e reproduzir plantas (raízes e trigo) e animais, extraindo deles carne, leite, couro e força de tração; já nesse período se dava a divisão do trabalho entre o homem e a mulher, oportunizando à mulher o exercício da criatividade através da tecelagem e produção de cerâmica, como panelas. para Rabuske (1986), o processo criativo foi fundamental para a sobrevivência do homem; para elucidar, criou os 5 C a criatividade: o Conhecimento, a Consciência, a Confiança, a Competência e a Coragem.

Acredita-se que esses fatores foram utilizados, mas não teorizados desde os tempos da Pré-História, pois foi necessário adquirir conhecimentos, como o fogo, a alimentação, as armas e a fala, como criação de diversos recursos e a consciência da necessidade de viverem em sociedade adaptativa, utilizando-se de toda competência criativa disponível, fortalecendo a autoconfiança e a coragem das disputas para a sua sobrevivência.

Na reflexão de Predebom (1999), pode-se fazer uma relação com a história, afirmando que, no momento m que o homem aprendeu a plantar de forma coletiva e a domesticar os animais para o uso básico de sua alimentação, houve uma conseguinte acomodação no processo adaptativo da época, comprometendo a velocidade da evolução tecnológica. Comparando-se com os tempos atuais, possivelmente não haverá grandes diferenças nesse comportamento em razão dos enormes avanços e difusão da alta tecnologia, fazendo com que o homem moderno se posicione em um estágio de acomodação, deixando de Revista Produção v. 2 n. 2 2002 criar, uma vez que suas necessidades e motivação para a udança estão saciadas, não havendo grandes motivos para improvisar, inovar elou criar. Galbraith (1986, p. 346), em seu livro A Era da Ince motivos para improvisar, inovar elou criar. Galbraith (1986, p. 346), em seu livro A Era da Incerteza reflete que: “A dificuldade, quase que invariavelmente, está na confrontação”. Será importante desenvolver soluções para o homem no futuro, compreendendo-o como ser humano profissional inserido na viabilização das organizações, com novas exigências e capacidades.

O mesmo autor considera que a evolução da capacidade do homem é complexa e exige que os fatos sejam e seu conhecimento: “Ninguém, há duzentos anos atrás, poderia ter previsto a capacidade do homem, quer pública, social ou empresarial, de organizar-se em missões de tamanha envergadura e complexidade como a de programar uma viagem à Lua, de extrair petróleo do fundo do Mar do Norte ou de produzir uma série de filmes para a televisão” (GALBRAITH, 1986, p. 31 Robbins (1999) conceituou motivação como a vontade de empregar altos níveis de esforço em direção a metas organizacionais, condicionada pela capacidade do esforço de satisfazer alguma necessidade do indivíduo. Poder-se-ia afirmar ue a motivação também está intimamente ligada à situação, sendo o resultado da interação entre o indivíduo, a situação e seu esforço de satisfazer suas necessidades. O crescente uso da capacidade humana viabilizará a continuidade evolutiva da humanidade. À medida em que um dos problemas é resolvido, outros surgem, geralmente a partir das próprias soluções encontradas” (GALBRAITH, 1986, p. 332). Infelizmente, ainda hoje, com toda evolução da ciência e da tecnologia, não há uma resposta única para concluir o que somos, o que queremos e qual a nossa essência. Para Scheler (1986, p. 08), “O homem é um ser cuja própria essência é ainda uma decisão aberta – o que ele quer ser e o que ele quer se torn PAGF 7 cuja propria essência é ainda uma decisão aberta — o que ele quer ser e o que ele quer se tornar.

Segundo Rabuske (1986, p. 25), de forma comparativa, acredita-se que o animal não percebe tudo como o homem: “O animal não faz descobertas, não desenvolve uma cultura, não tem história”. O homem está ligado ao meio ambiente; por natureza é um ser cultural, transformável e está aberto ao mundo, exatamente como nos dias de hoje no processo da globalização. O desafio permanente para o homem está citado por Vaz (1992, p. 46): “Uma das experiências mais constantes e mais profundas do homem é a de que a realização da própria vida, sendo para ele um desafio permanente, é, ao mesmo tempo, uma tarefa nunca acabada”, sendo uma das mais penosas frustrações para o homem a sensação de uma vida não realizada, com dispersão do tempo. Em nenhum tempo da história, o homem se tornou tão problemático como na atualidade.

Para podermos alterar esse quadro temos que entender muito bem o homem e o seu SER humano, vitalizando ações positivas para influenciarmos a sua ualidade de vida. Todos os homens tiveram e têm uma cultura; o homem produz o produto da cultura, porém tudo interage na cultura e na constituição do mundo dos homens. A cultura, em essência, permitiu ao ser humano encontrar-se no mundo e interpretar-se a si mesmo como ser humano, orientando-o em sua vida individual e coletiva, conferindo-lhe um sentimento de aceitação.

Chanlat (1992, p. 41), em seu livro O Individuo na Organização, descreveu uma interessante definição de cultura empresarial elaborada por Elliot Jaques: “Modo habitual de pensar e de agir’, modo que “deve ser aprendido e aceito” e que é “mais u menos compartilhado por todos os empreg PAGF 8 OF agir”, modo que “deve ser aprendido e aceito” e que é “mais ou menos compartilhado por todos os empregados da empresa”.

O mesmo autor considera que o reconhecimento da cultura empresarial seria um conjunto de hábitos e uma socialização geral entre todos os participantes de uma organização. As organizações são constituídas em partes e por funções essenciais de uma cultura, do enraizamento e da determinação de finalidades, viabilizando projetos, planos concretos, objetivando e permitindo a realização do sentido.

O autor conceitua cultura omo: “A cultura é um conjunto complexo e multidimensional de praticamente tudo o que constitui a vida em comum nos grupos sociais” (CHANLAT, 1992, p. 49). Com esse conceito fica evidente que, para o sucesso de uma empresa (comunidade de homens), fazem-se necessárias a identificação e a interiorização da sua cultura, promovendo objetivos, metas, planos estratégicos e operacionais, criando impulsos de vontade para a efetiva ação de seus colaboradores.

Se compararmos as necessidades básicas atuais do homem às dos tempos dos primatas, observaremos que não há muita diferença, como no desejo de estar inserido m uma comunidade, ser um homem pertencente à sociedade, constituir uma família, proporcionando abrigo e subsistência almentar, viabillzando a melhor qualidade de vida posslVel, procurando fazer a sua história na passagem da vida de forma ética e evolutiva. Segundo Capra (1982), a deterioração do meio ambiente está acompanhada do que o autor chamou de “doenças da civilização”.

Os problemas relacionados à saúde estão na esfera nutricional, nas doenças infecciosas, cardíacas e cancerígenas. No aspecto psicológico, a depressão grave, a esquizofrenia e outros distúrbios comportamentais e, no aspecto a de a depressão grave, a esquizofrenia e outros distúrbios comportamentais e, no aspecto da desintegração social, os crimes violentos, acidentes e suicídios, o aumento do alcoolismo e do consumo de drogas.

O mesmo autor, cita que: “Para entender nossa multifacetada crise cultural, precisamos adotar uma perspectiva extremamente ampla e ver a nossa situação no contexto da evolução cultural humana” (CAPRA, 1982, p. 24), com isso, vivemos hoje uma crise cultural; imperada pela ganância do dinheiro, pela busca do prazer, do conforto, dos bens que dão prestígio e status ao homem. ?tica, em grego ethos, significa lugar de moradia, costumes, caráter e mentalidade; todas as culturas no mundo têm o seu código de moral, havendo muitos traços comuns.

Em razão desta crise, o ser humano começa a sentir a necessidade de buscar bens materiais e espirituais, mas com um único propósito, sua felicidade, tentando criar sentido de prazer para sua vida pessoal e profissional sem perder o caráter ético. O homem age porque um determinado objeto ou ato lhe promete prazer, e este prazer tem diversas dimensões: de intensidade, duração, segurança, imediaticidade, lutuosidade (flutuação para outros prazeres), pureza (de dor e incômodo) e extensão (para outros Indivíduos); com tais dimensões se torna mais visível o sistema situacional e adaptativo do homem moderno.

Estamos vivendo a era do conhecimento, mas com ela um paradoxo interessante consiste no fato de que o ser humano nunca teve tanto acesso à informação, ao mesmo tempo em que nunca teve tão pouca certeza de si próprio. Vivemos um mundo de transformações desde a PréHistória até a nossa idade moderna, mas não é somente uma transformação de coisas, de circunstâncias, de instituições, de conceitos e de formas fu

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