Donald winnicott e o objeto transicional.
Winnicott defende a ideia de que a personalidade de uma pessoa é feita através de experiências da infância. O psicanalista Donald Winnicott trabalhava com crianças separadas de suas famílias em consequência da Segunda Guerra Mundial quando encontrou um interessante campo de estudo que lhe permitiu perceber etapas fundamentais do desenvolvimento da pessoa. Donald Winnicott constatou, por exemplo, a importâncla do brincar e dos primeiros anos de vida na construção da identidade pessoal.
As conclusões a que ele chegou são preciosas para o trabalho dos educadores. or6 Boa parte dos concei d “desenvolvimento e le, são de importân estenderem para alé re ao efeitos, segundo o por se oblemas da fase adulta estariam vinculados a disfunções ocorridas entre a criança e o “ambiente”, representado geralmente pela mãe. Aconchego e proteção Uma das frases famosas de Winnicott é “não existe essa coisa chamada bebé”, querendo dizer que não há criança sem uma mãe (que não precisa ser necessariamente a que deu à luz).
Vem dar a idéia da “mãe suficientemente boa”, aquela cuja percepção – consciente ou inconsciente – das necessidades do bebê a leva a responder adequadamente aos diferentes estáglos do desenvolvimento dele. Isso faz com que se crie um ambiente – nomeado por Winnicott de holding (cuja melhor tradução para o português, segundo Bogomoletz, seria “colo”) – propíci propício a um processo de formação de um ser humano independente. “O holding é o somatório de aconchego, percepção, proteção e alegria fornecidos pela mãe”, diz ele.
Começa como algo vital, como o oxigênio e a alimentação, e se dilui conforme o bebê cresce. “Os educadores devem fornecer holding no ambiente escolar segundo gogomoletz. Isso significa tratar cada aluno como ele precisa. O termo “inclusão”, se levado a sério, indica uma atitude e holding. O acolhimento adequado pode, portanto, ajudar uma criança regida por um self falso – geralmente boazinha e obediente – a se tornar mais espontânea. “No entanto, é preciso que a escola aceite as temporadas de ‘mau comportamento’. Trata-se de adotar sempre uma postura tolerante e criar condições para que a criança desfrute de liberdade. Nada mais importante, nesse sentido, do que o papel da brincadeira – fundamental para Winnicott, não apenas na infância, por misturar e conciliar o manejo do mundo objetivo e a imaginação. “Brincar pressupõe segurança e criatividade”, diz gogomoletz. “Crianças om problemas emocionais graves não brincam, pois não conseguem ser criativas. O cobertorzinho O movimento da psique entre o mundo das coisas e as fabricações da mente é uma atividade “transicional”, adjetivo fundamental na obra de Winnicott. O conceito mais conhecido é o de “objeto transicional”, representado classicamente pelo cobertorznho a que muitos pequenos se agarram numa determinada fase. “Esse objeto é ao mesmo tempo uma coisa objetiva – existe num mundo compartilhado – e subjetiva – para s mesmo tempo uma coisa objetiva – existe num mundo compartilhado – e subjetiva – para seu dono, ele faz parte de uma antasia, possui vida própria”, explica Bogomoletz.
Dessa forma, o objeto transicional prolonga o período em que o bebê se acredita onipotente, enquanto ele substitui essa crença com a aceitação de uma realidade sobre a qual não tem controle nem pode modificar por meio da imaginação. O bebê se vê com poderes mágicos e, com o tempo, percebe a ilusão. Mas, com as brincadeiras e o aprendizado do mundo, a criança, o adolescente e o adulto retêm o poder de criar e adaptam-se às possibilidades reais. “A fantasia é realmente a marca do humano”, diz Bogomoletz. Já a objetividade é uma habilidade que se aprende, omo uma segunda língua. ” “A escola tem a obrigação de ajudar a criança a completar essa transição do modo mais agradável possível, respeitando o direito de devanear, imaginar, brincar”, prossegue o psicanalista. O respeito que os pequenos terão pela objetividade será incorporado por eles, jamais imposto de fora para dentro. Quando livres para criar, eles, segundo Winnicott, vêem no estudo um modo de exercitar o poder de invenção.
Se, no entanto, o ambiente escolar não for aberto à brincadeira, “os recreios serão tanto mais selvagens quanto as aulas forem mais opressoras ou supostamente sérias”. Formação nos campos de guerra Donald Woods Winnicott nasceu em 1896 numa família rica de comerciantes em Plymouth, na Inglaterra. Ao entrar na faculdade de Medicina, foi convocado para servir como enfermeiro na Primeira Guerra Mundial PAGF3rl(F6 na faculdade de Medicina, foi convocado para servir como enfermeiro na Primeira Guerra Mundial, na qual fez as primeiras observações sobre o comportamento humano em situações traumáticas.
Especializou-se em pediatria, trabalhando 40 anos no Hospital Infantil Paddington. Paralelamente, preparou-se para ser psicanalista. Trabalhou como consultor psiquiátrico do overno, tratando de crianças afastadas dos pais na Segunda Guerra Mundial. Em 1949, separou-se da primeira mulher, a artista plástica Alice Taylor. Dois anos depois, casou-se com Clare Britton, psicanalista e organizadora dos trabalhos do marido. Foi presidente da Sociedade Britânica de Psicanálise e morreu em Londres, em 1971.
Análise da própria infância e marcas da psicanálise O interesse de Winnicott pelo estudo da construção da identidade veio da percepção da influência sufocante da mãe depressiva em sua personalidade. Ainda criança, Winnicott enveredou pelos caminhos da observação científica ao ler os estudos do aturalista Charles Dan,’lin (1809-1892). Já pediatra, conheceu a obra de Sigmund Freud (1856-1939), fez terapia e freqüentou o grupo de Bloomsbury – integrado, entre outros, pela escrltora Virginia Woolf (1882-1941) -, em que a psicanálise era tema recorrente.
Seu trabalho chega ao Brasil com a criação de várias instituições winnicottianas. Objeto transicional O objeto transicional representa a primeira posse “não-ego” da criança, têm um caráter de intermediação entre o seu mundo interno e externo. Em Winnicott o conceito de objeto ou fenômeno transicional recebe três PAGF undo interno e externo. recebe três usos dlferentes: um processo evolutivo, como etapa do desenvolvimento; vinculada às angústias de separação e às defesas contra elas; representando um espaço dentro da mente do indivíduo.
Ele propõe ainda que em determinadas condições, o fenômeno ou objeto transicional pode ter uma evolução patológica, ou mesmo se associar a certas condições anormais. O objeto transicional é algo que não está definitivamente nem dentro nem fora da criança; servirá para que o sujeito possa experimentar com essas situações, e para ir demarcando seus róprios limites mentais em relação ao externo e ao interno. Bleichmar e Bleichmar (1992) dizem que o objeto transicional está situado em uma zona intermediária, na qual a criança se exercita na experimentação com objetos, mesmo que estejam fora, sente como parte de si mesma.
Para explicar a constituição do objeto transicional, Winnicott remonta ao primeiro vínculo da criança com o mundo externo, a relação com o seio materno. No princípio, a criança tem uma ilusão de onipotência, vivenciando o seio como sendo parte do seu próprio corpo. Mas, uma vez alcançada esta onipotência lusória, a mãe deve idealmente, ir desiludindo a criança, pouco a pouco, fazendo com que o bebê adquira a noção de que o seio é uma “possessão”, no sentido de um objeto, mas que não é ele (“pertence-me, mas não sou eu”). O objeto transicional ocupa para um lugar que Winnicott chama de ilusão.
Ao contrario do seio, que não está disponível constan para um lugar que Winnicott chama de ilusão. Ao contrario do seio, que não está disponível constantemente, o objeto transicional é conservado pela criança. Ela é quem decide a distância entre ela e tal objeto. Como os fenômenos transacionais “representam” a mãe é ssencial que ela seja vivenciado como um objeto bom. Bleichmar e Bleichamar (1992) relatam que, quando dentro da criança, o objeto materno está danificado, é pouco provável que ela recorra, de maneira constante, a um fenômeno transicional.
Winnicott aponta algumas características que são comuns aos objetos transicionais: a criança afirma uma série de direitos sobre o objeto; o objeto é afetuosamente ninado e excitadamente amado e mutilado; deve sobreviver ao ódio, ao amor, e ? agressão. É muito importante que o objeto sobreviva à agressão, possibilitando a criança neutraliza-la, dando-lhe, posteriormente, m fim construtivo, ao notar que esta não destrói os objetos.
A ligação e o afastamento do objeto transicional deixa em cada sujeito uma marca: fica na mente do indivíduo um espaço que, assim como o objeto transicional, é intermediário entre o interno e o externo. É nesse espaço que se produz muitas das atividades criativas do homem, como as artes, a musica, etc. que “representam” o mundo interno para o exterior e, em certo sentido, “representa” a realidade para si mesmo. Referenciais Bibliográficos: http://artigos. psicologado. com/abordagens/psicanalise/winnicott -principais-conceitos