Adolescência – depressão e suicídio
“Depressão e Suicídio na Adolescência” A adolescência é considerada um momento de profundas transformações, desde a relação do jovem com o seu corpo até seu reconhecimento como membro de um corpo social. Assim, a psicanálise aborda o sujeito adolescente considerando também seus processos de luto, que se articulam entre si, promovendo no jovem a dolorosa tarefa de desligar-se dos pais, de posicionar-se na partilha dos sexos e, consequentemente, de realizar suas escolhas. (Alberti, 2004; Freud, 1917/1 980; Rassial, 1997).
A entrada na adolescência é muito dolorosa, principalmente uma sociedade tão complexa, confusa e competitiva. Segundo Teles (1993), o jovem altamente hostil, vê falta de expectativas, pe: mais elevado de adol formas de depressão medo. orlo dade como confiança, vive a dai o indlce cada vez s mais variadas nto, ansiedade e A adolescência é um per(odo vulnerável para a instalação do sintoma depressivo. É uma fase marcada por lutos naturais. O adolescente precisa enfrentar a dolorosa despedida da infância. ? um momento de luta entre forças contrastantes de ação e agonia, de convulsões e subversões, de caos e esclarecimento, de alegria e desespero. Tristeza e frustração caminham juntas, numa realidade nem sempre agradável. Esse período de reorganização interior coincide com o aumento das expectativas externas de um mundo adulto e pode levá-lo à fracassos. Nesse turbil turbilhão de caminhos repletos de inseguranças, desorientação causada por mudanças externas e internas e a decepção de não serem o que eram antes, podem fazer esse jovem adolescente a se sentir insuficiente. ? um periodo de busca e o jovem pode não se encontrar nele mesmo e essa luta que ele vivencia pode levá- lo à depressão em meio a tantas contradições e à ambivalência os investimentos objetais e narcisísticos. Sempre haverão escolhas a serem feitas e, consequentemente, sentimento de perda. De modo geral, as tensões da vida cotidiana, agravadas pelo panorama existencial próprio da adolescência, são importantes fatores que contribuem para o aparecimento da depressão nos jovens.
O medo do fracasso, a discriminação da faixa etária e a pressão para realizar inúmeras tarefas podem contribuir para o aparecimento da depressão. Assim, o meio ambiente também pode abrir portas para a instalação das patologias do humor ou doenças afetivas (como a epressão), haja vista a ocorrência das escassas perspectivas profissionais, a violência contra os jovens, a escalada rumo às drogas e a competição do vestibular, são inúmeros os fatores que podem empurrar o jovem adolescente para momentos de desvalia e impotência.
A compreensão da psicodinâmica da depressão no adolescente implica na análise do funcionamento familiar passado e do seu funcionamento no presente, ou seja, a família desempenha um papel de extrema importância na possível instalação de um quadro depressivo. As dificuldades do adolescente podem, assm, remeter aos conflltos de desenvolvmento dos palS vindos ? tona com as vi 10 podem, assim, remeter aos conflitos de desenvolvimento dos pais vindos à tona com as vicissitudes do desenvolvimento do filho.
As reativações dos conflitos edipianos do adolescente e aqueles de seus pais estão interados. Os pais revivem por seu lado, na adolescência de seus filhos, alguns traços importantes de suas próprias adolescências. Suas reações à crise adolescente de seus filhos são determinadas pela forma como eles solucionaram os seus proprios processos adolescentes, o que coloca em xeque a capacidade familiar de redefinições de novas adaptações que a dolescência de seus filhos vem colocar (810s, 1985).
Consideram-se quatro aspectos fundamentais na caracterização do conceito de depressão na adolescência: (1) é um estado presente em qualquer estrutura, nem toda manifestação de tristeza ou alteração no comportamento é uma manifestação patológica; (2) é constitutiva do psiquismo e da estruturação do sujeito; (3) funciona como uma defesa do psiquismo, visando proteger o humano; e (4) deve ser concebida como um luto, no sentido psicanalítico do termo, que após certo lapso de tempo, necessita ser superado e a libido reinvestida em outros objetos.
A depressão, como uma resposta aos desafios da adolescência, pode ocorrer em função de mecanismos múltiplos, tanto como um luto necessário e que deve ser superado, como uma perda irreparável que recai sobre o próprio ego. Toda perda, todavia, sugere uma elaboração, esta, que se opera durante a adolescência, requer tempo para que possa ser elaborada. Segundo Rasslal (1997), o trabalho de triplo luto da adolescência, impõe ao jovem ser elaborada.
Segundo Rassial (1997), o trabalho de triplo luto da adolescência, impõe ao jovem realizar uma série de operações fundadoras que, após o Édipo, implicam num encontro com os erdadeiros limites de uma onipotência infantil supostamente preservada durante a fase de latência. Somente assim, a constituição do psiquismo prossegue, caracterizando a depressão ou luto como uma reestruturação defensiva do aparelho psiquico. Abram (2000), ao explicitar o verbete “depressão”, escreve que: ” .. forma com que a depressão, aqui compreendida como um estado de ânimo, é encarada por cada individuo, depende daquilo que ocorreu entre a mãe e o bebê, particularmente no período do desmame, que é quando o bebê passa a poder estabelecer as diferenças entre Eu e Não-Eu”(p. 111) Para Klein (1982), são as repetidas experiências de perda e de recuperação pelas quais passa o bebê, que torna o seu ego enriquecido, dando-lhe confiança para o estabelecimento de um objeto seguro, que o proteja e possibilite suportar a angústia depressiva, sem levar a pessoa à doença.
Segundo Freud (191 5/1974), no seu texto “Luto e Melancolia”, ele já associava o estado e o humor depressivo às questões relacionadas à morte, às separações e ao luto, enfim, à perda do objeto. A depressão, segundo Deloya (2002), emerge com essa progressiva consciência de ser separado da mãe, na falácia da antasia de completude mãe-filho, que permite a saída da criança deste lugar santificado, possibilitando assim, a emergência do sujeito psiquico. No complexo de Édipo, o objeto em falta é a própria mãe e é exatamente em torno d sujeito psíquico.
No complexo de Édipo, o objeto em falta é a própria mãe e é exatamente em torno desta falta que a relação com o mundo se dá. Após a realização desta pesquisa sobre o tema: “Depressão e suicídio na adolescência”, é possível concluir que o desenvolvimento de relações familiares boas, afetivas, de acolhimento e de sustentação adequadas na infância, podem ropiciar o estabelecimento de um ego seguro, com sentimento de auto-estima adequado e de exigências proporcionais ao que lhe é possível. ? necessário ressaltar que o ambiente em si não é um determinante único para a saúde mental, porém, completa-se com a vivência de experiências internas e que auxiliam a pessoa ao desenvolvimento da personalidade positivamente para enfrentar as vicissitudes que a vida proporciona. Por exemplo: se a nossa auto-estima estiver rebaixada, olharemos o mundo e as pessoas de forma negativa, e pensaremos que também estaremos sendo olhados desta forma.
Pode-se considerar, portanto, que a depressão está relacionada a muitos fatores psicológicos, biológicos e sociais. O fato de não termos uma avaliação positiva de nós mesmos, de não nos gostarmos, leva e é resultado de estados psíquicos internos, profundamente arraigados que se espalham pelo mundo em volta.
A tomada de providências para melhorar o desenvolvimento do ego, procurando um patamar em que este esteja em sintonia, mais próximo dos ideais de ego, pode influir de maneira positiva na concepção de mundo que possui uma pessoa, em sua auto-avaliação, em uma auto-estima adequada e ecessária para o enfrentamento das vicissitudes da realidad auto-avaliação, em uma auto-estima adequada e necessária para o enfrentamento das vicissitudes da realidade.
Os sintomas depressivos mais associados ao suicídio do adolescente dizem respeito ao severo prejuízo da auto-estima, aos sentimentos de desespero e à incapacidade de enfrentar e resolver problemas. Esses sintomas podem nao estar presentes no início da depressão, mas à medida que essa vai se tornando mais grave, a baixa da auto-estima vai piorando, surgem sentimentos de inutilidade e, progressivamente, o jovem vai icando mais desesperado.
Progressivamente, o quadro depressivo fica mais visível, com falta de entusiasmo, baixa energia, pouca ou nenhuma motivação, afastamento ou isolamento de atividades sociais, dificuldade em tomar decisões, baixo rendimento escolar, insônia ou dormir demais, sentimentos de culpa, eventual uso elou abuso de álcool ou drogas, ansiedade, medo, etc. Apesar de toda complexidade existente em relação à questão da depressão na adolescência, observa-se que ela pode representar também um pedido de ajuda, um grito desesperado de amor e compreensão.
A depressão e a condição mais requentemente relacionada ao suicídio, sendo esta a complicação mais grave. Porém, ao mesmo tempo, por mais estranho que possa parecer, os comportamentos suicidas podem representar uma defesa contra os sentimentos insuportáveis propiciados pela depressão ou, ao contrário, a depressão pode aparecer como uma defesa contra o suicídio (Feijó & Chaves, 2002; Kalina, 1999; Knobel, 1983; Mackinnon & Michels,1992. Assim, intui-se que as condutas suicidas podem parece PAGF 10 Mackinnon & Michels,1992.
Assim, intui-se que as condutas suicidas podem parecer um meio de evitar o confronto com o sofrimento depressivo. Elas apresentam um aspecto de controle e triunfo do eu sobre a dependência do objeto. Expondo-se à morte, o adolescente afirma-se como o dono de si mesmo (Kalina, 1999; Knobel, 1983; Mackinnon & Michels, 1982). Um adolescente que tenta suicidar-se, de alguma maneira, ou seja, inconscientemente acredita que matou uma parte de si mesmo. Tentar matar-se pode significar que, imaginariamente, uma parte de si mesmo fol morta e que a pessoa mantém, de alguma forma, relação com ela.
Desta maneira, fixando esta parte morta de si no funcionamento psíquico, a tentativa de suicídio em dar continuidade aos estados depressivos. Pode-se, sem muita clareza devido à complexidade do fenômeno, considerar que se um adolescente tenta suicídio, seu processo de desenvolvimento está comprometido e necessita de ajuda, não só com medidas e condutas medicamentosas, mas também por um processo psicoterapêutico que possa envolvê-lo, assim como aqueles que o rodeiam (Feijó & Chaves, 2002; Levisky, 1998).
O suicídio pode enquadrar-se entre três fatores: herança biológica, vivências infantis e ambiente (trauma atual). Cada um dos diferentes fatores poderá contribuir para um desfecho, avorável ou não, nas questões relacionadas à depressão e ao suicidio. Alguns especialistas afirmam que apesar de alguns dados de morbidade terem diminuido para a população em geral, aumentaram para o grupo de adolescentes. Atualmente, o suicídio é a terceira causa de morte entre para o grupo de adolescentes.
Atualmente, o suicídio é a terceira causa de morte entre adolescentes de 15 à 19 anos, só perde para as causas externas mal definidas e homicídios, sendo que a sua frequência triplicou nos últimos trinta anos. “Os jovens de hoje são mais suicidas, têm mais depressão, ais gravidez nao planejada, usam de mais violência e têm mais mortes violentas que seus predecessores de qualquer outro grupo, na história da humanidade”. (Gunter, 1999) Conforme relato de Dolto (1999, p. 22) alguns jovens que chegam a este ato autodestrutivo estão convencidos de que é um peso para sua famaia, sentem-se culpados por terem nascido e não se sentem desejados ou aceitos. Há um sentimento que reflete ausência de toda possibilidade de esperança, alegria, amor por si e quando se cria o fantasma do suicídio, o jovem experimenta uma espécie de poder sobre si mesmo, envaidece- e com a idéia da morte com a emoção que vai causar aos que o consideraram de menos. Para ele, trata-se de uma conduta de risco vinculada à uma aventura, fantasia ou agressão.
Assim, uma ação fundamental é oferecer ao jovem a possibilidade de acreditar no amanhã, no seu papel de protagonista da própria vida, na sua potencialidade transformadora. Nota-se que a adolescência é uma fase em que ocorrem inquietações típicas, como entende a teoria psicanalítica, uma fase evolutiva durante a qual a pessoa estabelece a sua identidade adulta. Assim, é nesse período que vai ocorrer o fastamento definitivo dos objetos de amor infantis e, para isso, os desejos edípicos e seus conflitos concomitantes voltam a surgi de amor infantis e, para isso, os desejos edípicos e seus conflitos concomitantes voltam a surgir.
Esse rompimento interior com o passado abala a vida emocional do adolescente até seu âmago, abrindo horizontes novos, fazendo surgir esperanças, mas também, angustias e medo (Aberastury, 1982; 810s, 1985; Karina, 1999). Esse afastamento dos pais como objeto de amor, ou seja, a retirada do investimento objetal leva a uma supervalorização do u, à um aumento da autopercepçáo às custas da prova de realidade, que leva o adolescente a ver seus pais de uma outra perspectiva, agora não mais tão valorizada quanto na primeira infância.
O adolescente sofre uma perda real na renúncia a seus palS edípcos e experimenta um vazio interior, sofrimento, tristeza, que são partes de seu luto. O trabalho de luto pelos pais da infância, pelo corpo infantil e pela identidade infantil, é uma das tarefas psicológicas mais importantes nesse período, pois a solução do processo de luto é essencial para a liberação dos bjetos perdidos, já que o declínio do Complexo de Édipo é um processo lento e que chega até o final da fase adolescente (Knobel, 1983).
Quando o adolescente parece não corresponder ao seu ideal de ego, considerando-se um fracasso, o resultado é o de um abalo em sua auto-estima, esse abalo e a conseqüente redução da autoconfiança são sintomas primordiais encontrados nos estados depressivos. O amor próprio, da maior parte das pessoas com tendência à depressão, fundamenta-se na contínua absorção de amor, respeito e aprovação das figuras importantes de suas vidas. Essas figuras podem ter pertencido a mor, respeito e aprovação das figuras importantes de suas vidas.
Essas figuras podem ter pertencido ao passado da pessoa, há muito introjetada, ou corresponder a figuras reais externas, de importância presente. Em quaisquer dos casos, a ruptura de uma relação com essas ditas pessoas representa ameaça à fonte de amor e gratificação, que supre sentimentos narcisistas (Kalina, 1999; & Michels, 1982). Referências Bibliográficas: ABERASTURY, A. (1983) Adolescencia. Ern aberastury, A. & cols (orgs. ) Adolescencia (pp. 15-22. Porto Alegre Artes Médicas ABERASTURY, A (1984) A p Orte na criança. Em