Ética e corrupção
Ética e corrupção A ética opõe-se à corrupção. Nada de extraordinário. Intriga- nos que a corrupção vença a ética a ponto de transformar-se em cultura. Como entender tal fato? O senso ético estrutura internamente o ser humano e lhe comanda o agir. Se não, vejamos. Você caminha pela rua. Vê um adulto espancar uma criança. Brota-lhe de dentro sentimento de repulsa. Algo puramente emocional? Não. A fraqueza da criança ultrajada desperta em nós o sentimento de justiça, de defesa do mais fraco. Portanto, o sentido ético. E quando a ação nos fere pessoalmente?
A reação se faz ais forte. Você tem direito a justa remuneração. O patrão Swipe to page Swipe nut arbitrariamente lha dentro. Você se defe instâncias jurídicas d ef:,! similares nasceram d injustiças cometidas. I 1 nso ético grita r sos judiciais. As , da Mulher e outras ireitos violados, de indicações que se multiplicam na sociedade moderna se esconde o desejo ético da justiça. Então como entender que tal ser humano se enverede pelos caminhos da corrupção de maneira tão escandalosa, despudorada, se lhe habita sentimento ético tão profundo?
Tal contradição constitui simplesmente a “condição humana”. Por natureza sofremos de profunda ambiguidade. Ao mesmo tempo, desejamos e realizamos coisas opostas. Todos experimentamos tal ambivalência. E então surge a pergunta: como int interpretá-la, entendê-la? A religião está no inicio das culturas e já oferece as primeiras interpretações dessa divisão interna do ser humano. E, de modo especial, a religião judaica debateu-se com tal questão. Ela se entendeu iluminada por Deus e legou para as gerações seguintes a sua Palavra.
O ser humano, enquanto sai das mãos criadoras de Deus, goza de integridade. A inocência do paraíso. Não se refere a algum momento histórico concreto, mas à condição humana na sua natureza. Temos o lado divino de criados e amados por Deus. Nele se funda o senso ético e por seu meio ecoa entre nós a própria palavra de Deus. Quando gritamos contra a injustiça, a corrupção, o crime, a maldade, a arbltrariedade, ressoa na nossa voz o próprio falar criativo de Deus. Como ele se funde em nós com nosso existir, não cessará totalmente.
AÍ se baseia a esperança de que a corrupção não vencerá definitivamente o sentido ético. Se isso acontecesse, cessaríamos de ser criaturas de Deus. Há o outro lado. E a história bíblica o descreve sob dois ângulos: pessoal e social. Este mesmo ser humano, homem e mulher, caíram na sedução do olhar. E a narrativa continua tecendo o quadro de decadência da humanidade. A corrupção faz parte dessa triste história. Com ela devemos contar, mas também confiar que, em última instância, o ser humano é ético.
O senso ético es vença a ética a ponto de transformar-se em cultura. Como entender tal fato? arbitrariamente lha nega. Mais uma vez, o senso ético grita dentro. Você se defende até apelar para recursos judiciais. As nstâncias jurídicas de Defesa do Consumidor, da Mulher e outras similares nasceram da consciência ética de direitos violados, de injustiças cometidas. No fundamento das reivindicações que se tal ambivalência. E então surge a pergunta: como interpretá-la, entendê-la? especial, a religião judaica debateu-se com PAGF3DF11 a sua palavra. corrupção, o crime, a maldade, a arbitrariedade, ressoa na nossa voz c próprio falar criativo de Deus. Como ele se funde em nós com nosso existir, não cessará totalmente. Al’ se basela confiar que, em última Instâncla, o ser humano é ético Atualmente temos motivos relevantes para nos preocuparmos com a falta de ética e honestidade no Brasil, uma vez que presenciamos em nosso país uma degradação moral acelerada nas relações políticas, jurídicas, comerciais, sociais, familiares etc.
No entanto, quando is políticas, jurídicas, comerciais, sociais, familiares etc. No entanto, quando isso ocorre no âmbito dos três poderes da República (Executivo, Legislativo e Judiciário), gerando a corrupção, a reprovação é maior, pois o agir eticamente e com honestidade é de suma importância para o exercício da função pública, esta ompreendida não somente em relação aos servidores públicos, mas também aos agentes políticos (senadores, deputados, vereadores, membros do Judiciário e do Ministério Público).
Nesse sentido, a Constituição Federal de 1 988 estabeleceu como um dos princípios da Administração Pública o da C]moralidaden. A Lei n. 0 9. 784/99, por sua vez, consagrou o princípio da moralidade administrativa, preconizando que ela significa C]atuação segundo padrões éticos de probidade, decoro e boa-féC] (art. 2. 0, a unico, Infelizmente, a desonestidade e a falta de ética é um problema endêmico na cultura atual.
Por isso, é importante a reflexão sobre tais virtudes, a fim ser combatida a imoralidade e a desonestidade em todas as relações humanas e a corrupção em todos os poderes da República. Vivemos em mundo dinâmico, proporcionado pelas descobertas científicas e inovações tecnológicas, principalmente após a II Guerra Mundlal, as quais pretendem, em tese, garantir mals satisfação e felicidade ao ser humano. Contudo, a evolução cientifica e tecnológica não pode resolver o problema ético e moral, pois esse nao é o seu objetivo.
A crise de honestidade não é novidade no Brasil. Em 1914 Rui Barbosa já afirma objetivo. Barbosa já afirmava que: ODe tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a Injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honestoO (Senado Federal, R]. Obras Completas, Rui garbosa. v. 41, t. 3, 1914, p. 86).
A honestidade deveria fazer parte do caráter de todo indivíduo e de qualquer instituição humana, conforme frisado por Rui Barbosa (Plataforma de 1910, 37): CIO ensino, como a justiça, omo a administração, prospera e vive muito mais realmente da verdade e moralidade, com que se pratlca, do que das grandes inovações e belas reformas que se lhe consagremo Entretanto, a desonestidade, a imoralidade e a corrupção estão assombrando nosso país, trazendo grandes preocupações e insegurança diante da transparência do projeto de sobrevivência política que se renova a cada mandato e perpetua a cultura do favorecimento e da vantagem, da confraria dos homens notáveis, da corrupção, qual seja, a perpetuação da malandragem.
Essas atitudes nefastas geram a suprema perversão dos valores ociais, econôrmcos, jurídicos e políticos de uma sociedade, proclamados como legítimos pela sociedade e pelo Estado. Elas são uma forma cruel de abuso do poder, pois o agente público usa o poder que lhe foi conferido para servir a seus próprios interesses ou de outrem, de forma ilegítima e subversiva. Elas fo conferido para servir a seus próprios interesses ou de outrem, de forma ilegitima e subversiva. Elas formam uma força destruidora da ordem social e dos mais elementares princípios éticos e legais. Além disso, tais atitudes podem tornar-se a C]moraln estabelecida, ponto de gerar nos cidadãos o conformismo com o mal social e, pior ainda, o espelhamento nesse tipo de conduta.
Parafraseando Rui Barbosa, de tanto ver a corrupção, o individuo já nao vê sentido em ser honesto. A história recente de nosso país tem nesse ponto um dos maiores desafios a enfrentar. Os cidadãos, as instituições, as entidades de classe e os poderes responsáveis devem reagir ativamente contra a corrupção, e os responsáveis serem punidos observando os seus direltos constitucionais. Caso contrário, o país avançará rapidamente para a desagregação. Indignar-se, esistir e combater a corrupção é um dos principais desafios éticos dos poderes constituídos e da sociedade. Na página da Ajufe Associação dos Juízes Federais do Brasil Ovww. ajufe. org. r – acessado em 27 de junho de 2007) lemos a notícia de que DAjufe propõe campanha nacional corrupçãoCl, destinada a sensibilizar a população a respeito do tema, tendo se reunido com parlamentares da Frente de Combate à Corrupção. por outro lado, no mês de junho de 2007, os jornais estamparam resultado de pesquisa, feita pelo instituto Census, dando conta de que o que mais envergonha o brasileiro hoje é a corrupção (mais e 40%), seguindo-se a violência. Sem dúvida, é preciso que haja hoje é a corrupção (mais de 40%), seguindo-se a violência. Sem dúvida, é preciso que haja no Brasil uma reação ética dos cidadãos conscientes de sua cidadania; uma reação contra a corrupção, para que seja efetivamente construída uma sociedade livre, justa e solidária, um dos objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil, conforme prevê o art. 3. , inc. l, da Constituição Federal “Herança maldita”, “Lei de Gérson”, “jeitinho brasileiro”, “o país que não é sério”. Não faltam expressões populares para designar aqueles fenômenos espúrios que todos conhecemos muito bem. O fato é que, depois de 500 anos de acomodação, já está mais do que na hora de a sociedade brasileira acordar. Temos diante de nós a realidade sombria da permissividade e da tolerância no tratamento da coisa pública e no conceito de civilidade e igualdade social dos cidadãos brasileiros. Desde o tempo do Brasil Colônia, adotaram-se práticas pouco recomendáveis para escapar dos altos impostos da Corte.
Ora aproveitava-se da ineficácia da fiscalização no imenso território nacional; ora a falta de comprometimento dos que “cuidavam” da ordem e da arrecadação. Assim, a propina, o conchavo, o lobby (no mau sentido da palavra), a negociata e o “acerto” vieram sendo consolidados como práticas corriqueiras de comerciantes e empresários que aqui se propunham a fazer fortuna. Antes mesmo de Cabral chegar ao Brasil, já havia por aqui gente que fazia suas próprias leis. Esses homens negociavam diretamente com os índios e, em benefício que fazia suas próprias leis. Esses homens negociavam diretamente com os Índios e, em beneficio próprio, desprezavam qualquer preceito ético.
Juntaram-se a esses os sobrenomes famosos dos donatários das capitanias hereditárias, que compunham as elites da época. Criou-se deste modo o cenário ideal para as preciosidades culturais do tipo ‘Quem te indicou”? , “Dá para dar um jeitinho? “, “Quanto eu levo nisso? ” etc. A crise no PT, cuja história sempre se norteou pelo combate ao fisiologismo, pela defesa e respeito à coisa pública e à ética na politica, desnudou alguns mitos que tínhamos com relação a corrupção. Por exemplo: 1) a esquerda não se corrompia pois era imune às tentações da sociedade capitalista; 2) somente as lites roubavam; 3) um governo popular será sempre confiável.
Com os recentes escândalos e a inabilidade do líderes petistas, tentando colocar a sujeira embaixo do tapete, percebemos que o poder eleva o pensamento dos homens a níveis tao assustadores que começam a se confundir com o próprio Criador, colocando- se à parte e acima da lei. Alguns homens acreditam piamente que os fins serão justificados em beneficio da “causa”. Ficou demonstrado que a desonestidade era coisa de um determinado grupo que sempre se beneficiou dela. A grande questão, hoje, não é solucionar o imbróglio político em que o pais se viu nvolvido, mas reinventar a forma de disseminar os conceitos de moral e cívica nas escolas. Que tipo de médicos, advogados, engenheiros ou, por acaso, publicitários estamos formando? PAGFgDF11 escolas. Que tipo de médicos, advogados, engenheiros ou, por acaso, publicitários estamos formando?
Os que vão construir o Brasil do futuro ou os que vão ser experts, ricos e bem-sucedidos em suas profissões, mas com pomposas contas em paraísos fiscais? Necessitamos de um esforço ímpar para redimensionar a responsabilidade do segmento educacional nessa questão tão ensível para a sociedade brasileira. Herdamos, sim, uma cultura de mercadores, traficantes de escravos e clandestinos que aportavam pelos trópicos, mas herdamos também Os Lusíadas de Camões, os poemas de Fernando Pessoa, a visão de mundo, a coragem e a capacidade de superação dos desafios dos que fundaram este país. Nós, braslleiros, não fizemos a lição de casa. Acomodamo-nos às idéias mesquinhas daqueles que imaginam que, quando se lesa o Estado, não se está tirando de ninguém. Nós somos o Estado.
Não há Estado sem nação e toda nação tem de cuidar do que lhe ertence. Sejam as estatais, os programas sociais ou o orelhão da esquina. Precisamos mais e mais analisar quais são os valores que realmente valem a pena. Há que ser retirada da mente dos jovens a ilusão de que o dinheiro, a ostentação, os bens materiais e o status são os verdadeiros valores da sociedade. Para conquistá-los o homem não mede consequências. Os verdadeiros valores morais e éticos parecem ter sido esquecidos. Nenhum cidadão consciente que imagina viver numa sociedade desenvolvida, igualitária e justa será feliz focado apenas nas coisas materiais. hora de val PAGF 11